Mistério do bebê encontado em caixão de bispo mumificado é solucionado
Por meio de um exame de DNA, foi possível concluir que se trata do neto do religioso que viveu no século 17
André Lopes
Publicado em 9 de abril de 2021 às 09h10.
Última atualização em 14 de abril de 2021 às 13h53.
Em 2015, ao estudar o corpo mumificado do bispo escandinavo Peder Winstrup, que morreu em 1679, pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia , descobriram a impressionante presença de um feto logo abaixo dos pés do bispo, no fundo do caixão. Até então, não haviam explicações para o enigma.
No entanto, o mistério foi resolvido e registrado em uma pesquisa, publicada no sábado 3 de abril, no Journal of Archaeological Science: Reports. O estudo analisou os restos mortais de ambos, que foram submetidos à análises de parentesco por meio de exames de DNA e raio-X.
Aferiu-se então que aquele era o corpo do neto do bispo. Ao julgar pelo comprimento do fêmur, o feto tinha de 5 a 6 meses e era natimorto. Por mais incrível que isso pareça, a prática de colocar crianças pequenas em caixões de adultos não era incomum, segundo conta Torbjörn Ahlström, coautor do estudo, em comunicado.
“O feto pode ter sido colocado no caixão após o funeral, quando estava em uma tumba abobadada na Catedral de Lund e, portanto, acessível”, explica Ahlström, que é professor de osteologia histórica da Universidade de Lund.
Além disso, os pesquisadores dizem que o feto era de um menino que tinha cerca de 25% dos mesmos genes do bispo. Isso aponta que a criança e o idoso compartilhavam parentesco de segundo grau, acredita-se que avô e neto, que é o mais provável pelas idades dos cadáveres.
Um investigação mais profunda, mas histórica dessa vez, mostrou que Winstrup teve um filho que sobreviveu à idade adulta, chamado Peder Pedersen Winstrup.
O jovem teve uma vida precária depois de perder seus bens para a coroa sueca, que recolheu terras anteriormente concedidas aos nobres e cléricos. Por consequência, sucumbiu à pobreza. Sem dinheiro, a esposa dele engravidou, mas o filho foi natimorto. Logo, por ser o último dos homens da família, e com o óbito do bispo, a gesto simbólico deu fim à familiaWinstrup.