Ciência

Governo remove Inpe da função de divulgar dados sobre queimadas no país

Desde 2019, o governo queria alterar o sistema e a liberação de informações. Na época, o monitoramento do desmate feito pelo órgão motivou uma crise após Bolsonaro questionar os dados medidos pelo instituto

Incêndio na floresta amazônica, em 2019. (Amanda Perobelli/Reuters)

Incêndio na floresta amazônica, em 2019. (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de julho de 2021 às 11h04.

Última atualização em 13 de julho de 2021 às 23h01.

Nos primeiros seis meses do ano, o desmatamento na Amazônia cresceu 17%, com a derrubada de 3.610 quilômetros quadrados de floresta. A divulgação de dados estarrecedores como este e outros sobre queimadas e incêndios em florestas brasileiras fazem parte do escopo de funções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, faziam parte. Na segunda-feira, 12, o Inpe foi desatribuido pelo Governo Federal da função.

O órgão federal fazia esse trabalho há décadas, divulgando diariamente dados técnicos sobre o avanço do fogo no País, uma ferramenta crucial para orientar o avanço dos incêndios, bem como o volume queimado em cada região.

A informação foi confirmada durante uma reunião realizada pelo Ministério da Agricultura no início da semana. No encontro, que teve a participação da ministra Tereza Cristina, o diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, afirmou que, a partir desta terça-feira, o Inmet é o órgão que fará esse trabalho, por meio de seu novo "Painel de Monitoramento ao Risco de Incêndio", ferramenta que vai monitorar e divulgar os locais com maior probabilidade de ocorrência de incêndios no Brasil.

"Será do sistema nacional de meteorologia. Todos os relatórios do governo federal serão passados por esse sistema, que está sendo organizado aqui. Provavelmente a gente vai ter uma regulação do sistema nacional de meteorologia."

Segundo o diretor do Inmet, a divulgação feita até hoje teria problemas de integração de dados. "É um problema que o Brasil enfrentava há décadas, na verdade há mais de 40 anos, a pulverização na divulgação de dados sobre incêndio e meteorologia", disse.

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura declarou que "a iniciativa se deu devido aos incêndios florestais e queimadas, que ocorrem normalmente de julho a setembro no Brasil central, ocasionando grande impacto ao meio ambiente, ao agronegócio e à economia brasileira. Diante disso, o Inmet estrategicamente passa a monitorar o risco de incêndio para fornecer informações e possibilitar a adoção de medidas preventivas mais eficazes e econômicas", afirmou a pasta.

A ferramenta, segundo o ministério, possui um mapa de monitoramento que aponta para o índice de risco ou perigo de ocorrência de incêndios em determinada região e permite identificar as áreas com alto risco à ocorrência de incêndio, disponibilizar a informação de risco de incêndio para todos os Estados Brasileiros; contribuir para a redução das perdas na agricultura; contribuir nas ações preventivas de combate à incêndios; e garantir que o produtor possa realizar sua gestão de riscos.

Desde 2019, o governo queria alterar o sistema e a divulgação de informações. Essa missão ficou a cargo do então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que, a mando do presidente Jair Bolsonaro, queria alterar o sistema aberto de dados.

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