Gás usado no Viagra é nova esperança contra coronavírus
Tratamento em estudo nos Estados Unidos em pacientes com Covid-19 envolve o óxido nítrico, gás que dilata os vasos sanguíneos
Mariana Desidério
Publicado em 2 de maio de 2020 às 16h03.
Última atualização em 2 de maio de 2020 às 16h42.
Estudos em andamento no Hopital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos buscam saber se um tratamento familiar no meio médico pode ajudar a salvar os pacientes infectados com o novo coronavírus e prevenir intubações.
O tratamento envolve o óxido nítrico, um gás de efeito rápido que dilata os vasos sanguíneos nos pulmões quando inalado. O tratamento é usado frequentemente em bebês prematuros. Nos anos 1990, esse gás teve papel fundamental no desenvolvimento do remédio Viagra, contra disfunção erétil. Principal ingrediente da pílula azul, o sildenafil, torna mais potente o efeito do óxido nítrico no corpo e aumenta o fluxo sanguíneo.
O gás é composto de uma parte de nitrogênio e uma parte de oxigênio, os dois gases mais comuns na atmosfera. Dados preliminares indicam que o óxido nítrico inalado pode matar o vírus da Covid-19, de acordo com comunicado do Hospital Geral de Massachusetts divulgado pela CNBC.
Isso porque estudos durante o surto de Sars em 2004 a 2005 demonstraram que o óxido nítrico foi eficaz na morte desse vírus.Agora é preciso estudar a eficácia do composto contra o novo coronavírus.
O tratamento com óxido nítrico se soma a outros pesquisados por médicos e cientistas no combate à Covid-19 pelo mundo. Recentemente, os Estados Unidos liberaram o uso do medicamento Remdesivir em casos de emergência em pacientes com covid-19, disse o presidente Donald Trump em coletiva na Casa Branca, nesta sexta, 1.
A droga tem mostrado bons resultados na recuperação de pacientes hospitalizados, acelerando o processo de melhora. O FDA, órgão que regula os medicamentos nos país, autorizou o uso de Remdesivir em emergências, o que possibilita sua entrada no mercado americano sem a exigência de dados completos sobre segurança e eficácia.
Outro medicamento alvo de pequisas é a cloroquina e sua variante menos tóxica, a hidroxicloroquina. A nitazoxanida, do medicamento Annita, também é estudado no Brasil.
Mais de 130 terapias estão em estudo contra o coronavírus, de acordo com a Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA). Os esforços de colaboração, sem precedentes na indústria farmacêutica, aceleraram de forma considerável a pesquisa de tratamentos seguros contra a covid-19.
O Brasil chegou ao quarto dia consecutivo em um novo patamar da pandemia de Covid-19. Com 6.209 casos e 428 óbitos em 24 horas, o número de pessoas infectadas com o novo coronavírus subiu para 91.589 e o total de mortes já chega a 6.329. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde.
Desde a última terça-feira, o país vem registrando mais de 5.000 casos e mais de 400 mortes diárias ligadas à Covid-19, tornando-se um dos epicentros da doença no mundo — segundo dados da Universidade Johns Hopkins (EUA), apenas os Estados Unidos têm tido mais novos casos do que o Brasil.