Ciência

Europa pagará menos que EUA por vacina da Pfizer sob acordo inicial

Medicamento experimental, desenvolvido juntamente com a alemã BioNTech, está na linha de frente da corrida global para se produzir uma vacina

Vacina da Pfizer contra covid-19 (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)

Vacina da Pfizer contra covid-19 (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 18h22.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 18h32.

A União Europeia fechou um acordo para pagar inicialmente menos pela potencial vacina contra covid-19 da Pfizer do que os Estados Unidos, disse uma autoridade da UE à Reuters depois que o bloco anunciou nesta quarta-feira que firmou um acordo para até 300 milhões de doses.

    O medicamento experimental, desenvolvido juntamente com a alemã BioNTech, está na linha de frente da corrida global para se produzir uma vacina, já que dados provisórios de um teste clínico de larga escala divulgados na segunda-feira mostraram que ela é mais de 90% eficiente para proteger as pessoas contra a covid-19.

    Segundo o acordo da UE, os 27 países do bloco podem comprar 200 milhões de doses, e têm a opção de comprar outras 100 milhões.

    O bloco pagará menos de 19,50 dólares por unidade, disse à Reuters um funcionário de alto escalão da UE envolvido nas conversas com fabricantes de vacinas, acrescentando que isso reflete em parte o apoio financeiro oferecido pela UE e pela Alemanha para o desenvolvimento do remédio.

    O funcionário pediu anonimato, já que os termos do acordo são confidenciais.

    Os Estados Unidos concordaram em pagar 19,50 dólares por unidade por 100 milhões de doses, um volume menor do que o da UE, mas têm a opção de adquirir 500 milhões adicionais, conforme termos a ser negociados separadamente, e o preço que pagarão não está claro.

    A Comissão Europeia não revelou a primeira parcela paga a Pfizer e BioNTech.

    Como estamos?

    Por Tamires Vitorio

    Das 47 vacinas em fase de testes, apenas dez estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

    Quem terá prioridade para tomar a vacina?

    Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

    Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

    Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam a noite em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

    A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

    Quão eficaz uma vacina precisa ser?

    Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

    Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

    Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

    As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

    Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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