Ciência

Energia nuclear deve usar clima para justificar custo, diz MIT

Reatores nucleares produzem impacto menor no clima do que provocam as usinas termoelétricas, e esse pode ser o principal atrativo dessa fonte de energia

Usina nuclear: menos impacto no clima do que trazem as termoelétricas convencionais (Foto/Wikimedia Commons)

Usina nuclear: menos impacto no clima do que trazem as termoelétricas convencionais (Foto/Wikimedia Commons)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 9 de setembro de 2018 às 08h45.

Última atualização em 9 de setembro de 2018 às 08h45.

A energia nuclear não consegue competir em custos com o gás natural nem com as fontes renováveis e, portanto, precisa da ajuda dos formuladores de políticas que estejam dispostos a promover a geração de energia com baixo nível de emissão como forma de combater a mudança climática, de acordo com um novo estudo de peso.

Para impedir o aquecimento global descontrolado até meados do século, a atual safra de líderes mundiais precisa instituir políticas que reduzam em mais de 90 por cento os gases causadores do efeito estufa que são emitidos pelos produtores de energia, segundo cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). A maneira mais clara de chegar lá talvez seja colocar um preço nas emissões de carbono e apoiar as tecnologias não poluentes.

"A partir de hoje e nas próximas décadas, o principal valor da energia nuclear é sua possível contribuição para descarbonizar o setor de energia", afirma o relatório de 246 páginas publicado nesta segunda-feira. "O custo é a principal barreira para que esse potencial se materialize. Sem reduções de custo, a energia nuclear não terá um papel significativo."

O estudo lança dúvidas sobre a possibilidade de sucesso das tentativas do presidente dos EUA, Donald Trump, de resgatar os deficitários reatores desse país e de desfazer as políticas climáticas. Um caminho mais direto para apoiar a indústria nuclear seria seguir o exemplo de outros países que colocaram um preço nas emissões, seja por meio da tributação direta ou dos mercados de comércio de carbono. Isso daria aos operadores atômicos mais espaço para competir contra o gás, a energia eólica e a energia solar, que são mais baratos.

A fim de estabilizar a mudança climática e manter os aumentos de temperatura bem abaixo de 2 graus Celsius até 2050, as empresas de energia precisam reduzir as emissões de dióxido de carbono de 500 gramas por quilowatt-hora para uma média de cerca de 10 gramas, de acordo com o estudo. Não implementar a energia nuclear pode significar a perda de enormes economias de custos, especialmente em mercados emergentes como a China, que ainda dependem muito da queima de carvão para obter eletricidade.

"O papel do governo será fundamental", disse John Parsons, codiretor do estudo do MIT, em comunicado. "As autoridades governamentais precisam criar novas políticas de descarbonização que ponham em pé de igualdade todas as tecnologias energéticas com baixo nível de carbono, além de explorar opções que estimulem investimentos privados."

A avaliação do MIT sobre o setor nuclear apareceu pela primeira vez em 2003 e foi atualizada em 2009. As versões anteriores também defendiam a energia nuclear como uma solução para combater o aquecimento global.

Uma nova geração de reatores pequenos e modulares, que podem ser construídos com projetos padronizados e recursos de segurança, poderia dar alívio ao setor nos EUA e na Europa, segundo o estudo, que aconselha que os reguladores reservem lugares para que os investidores testem protótipos de tecnologias.

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