Ciência

Cientistas espanholas simulam ambiente de Marte em deserto dos EUA

Entre as lições de adaptação colocadas em prática, as pesquisadoras conseguiram viver com apenas 10% do consumo de água habitual na Catalunha

Amostras de rocha colhidas em Marte podem ser de origem vulcânica
 (NASA/Divulgação)

Amostras de rocha colhidas em Marte podem ser de origem vulcânica (NASA/Divulgação)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de junho de 2023 às 17h32.

Nove cientistas espanholas integrantes da missão "Hypatia", que simulou uma estadia em Marte no deserto de Utah, no Estados Unidos, voltaram de viagem depois de replicar as condições extremas do planeta vermelho em solo americano. Entre as lições de adaptação colocadas em prática, as pesquisadoras conseguiram viver com apenas 10% do consumo de água habitual na Catalunha.

As astronautas passaram 12 dias em circunstâncias inóspitas e similares às que encontrariam em Marte, desde baixa umidade até temperaturas extremas. Para isso, restringiram drasticamente o uso de água do tanque que levaram para que cada tripulante tivesse à disposição apenas uma média de 13,5 litros por dia.

A título de comparação, em Barcelona a média por habitante é de 105 litros. Diante da escassez, elas deveriam priorizar o consumo para hidratação e para cozinhar em detrimento da higiene pessoal. Durante toda a missão, as cientistas puderam tomar apenas três banhos.

A rotina das astronautas se dividia entre dormir, comer, explorar o exterior, realizar comunicações com a Terra, fazer exercício e concluir pesquisas multidisciplinares sobre a vida em Marte.

Uma das integrantes conseguiu fabricar pequenas baterias para luzes de led a base de ferro do solo e das pedras do entorno e da urina das próprias tripulantes. As luzes de led serviram para iluminar a estufa em que cultivaram alguns brotos de soja para alimentação, um dos poucos alimentos frescos a que tiveram acesso durante mais de dez dias em que sobreviveram à base de comidas desidratadas.

Comandante da missão, a astrofísica Mariona Badenas comemorou a quantidade de dados com que poderão trabalhar e continuar pesquisando para contribuir com a literatura científica a respeito da vida em Marte. Ela destacou que, ainda que mais devagar do que gostaria, a pesquisa espacial está inserindo a perspectiva de gênero em seu desenvolvimento e considerou importante a inclusão de uma mulher, Christina Koch, na missão Artemis II, da Nasa. A viagem pretende enviar astronautas para a órbita da Lua no ano que vem.

Uma das principais missões da Hypatia I, afirma Badenas, é se tornar uma referência para despertar a vocação de meninas para ciência e tecnologia, áreas que ainda são muito masculinizadas. Questionada sobre as diferenças de adaptação de homens e mulheres, a astronauta Carla Conejo destacou que ainda existem poucas evidências sobre o tema, mas que a missão Hypatia I permitirá a comparação entre algumas variáveis.

Além de Badenas e Conejo, as astronautas Ariadna Farrés, Laia Ribas, Núria Jar, Neus Sabaté, Cesca Cufí, Anna Bach e Helena Arias participaram da missão, que teve um orçamento de US$ 54 mil.

Hypatia II busca astronautas para 2025

As tripulantes de Hypatia I confirmaram durante coletiva de imprensa que está prevista uma segunda missão para 2025.

Segundo elas, farão parte da expedição jovens pesquisadores que estavam na lista de espera neste ano, além de outras cientistas que serão selecionadas em uma convocatória pública aberta nos próximos meses.

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