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Cadeiras de rodas tecnológicas facilitarão a vida de deficientes

Pesquisadores e empresas procuram soluções para tornar a cadeira de rodas mais eficiente e fácil de controlar

Cadeirante: projetos vão desde a criação de kits de motorização até sistemas de controle por meio de expressões faciais (Jos van Galen/Stock.Xchng/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 11h28.

A cadeira de rodas manual de assento dobrável foi inventada em 1933 pelo engenheiro mecânico norte-americano Harry Jennings. Hoje existe uma grande variedade de modelos, tanto movidos pela força dos braços como motorizados.

Apesar de ajudar muito na mobilidade de seus usuários , elas apresentam dificuldades em situações como subidas acentuadas, calçadas esburacadas e meios-fios sem rebaixamento, por exemplo.

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Para superar esses obstáculos, pesquisadores e empresas procuram soluções para tornar a cadeira de rodas mais eficiente e fácil de controlar.

No Brasil, há vários projetos de pesquisa em andamento, que vão desde a criação de kits de motorização até sistemas de controle por meio de expressões faciais.

Um dos mais adiantados, que já está no mercado, foi desenvolvido pelo engenheiro mecânico Júlio Oliveto Alves quando realizava seu mestrado na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG), da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Trata-se de um sistema de tração elétrica para cadeira de rodas manual. Denominado Kit Livre, é um acessório portátil, dobrável, composto por uma roda e um motor elétrico recarregável.

“Quando acoplado a uma cadeira de rodas comum, ele a transforma num triciclo motorizado, que pode atingir velocidade de até 20 quilômetros por hora (km/h), com autonomia média de 25 km”, explica Alves.

“Com o Kit Livre, a pessoa com deficiência pode subir e descer o meio-fio de calçadas e andar por terrenos arenosos, irregulares e gramados, além de subir ladeiras com inclinação de até 40%.”

A ideia de transformar uma cadeira de rodas em triciclo começou em 2009, quando Alves fazia o mestrado, sob a orientação de Victor Orlando Gamarra Rosado.

Em 2012, a patente da invenção foi depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e Alves começou a pensar em um produto comercial.

“Durante 2013 e 2014 meu irmão Lúcio e eu trabalhamos para desenvolver um modelo de negócios que pudesse nos garantir a distribuição do Kit Livre em todo o país”, diz. “Ainda em 2014, fundamos, em São José dos Campos [SP], a empresa Livre – Soluções em Mobilidade.”

No final desse mesmo ano, eles venceram o Prêmio Santander Empreendedorismo, no valor de R$ 100 mil. Com esse dinheiro foi possível fabricar o primeiro lote comercial e começar a fase operacional da empresa, o que ocorreu em abril de 2015.

“Desde então distribuímos nossos equipamentos em 19 estados brasileiros, com vendas em nossas lojas virtual e física e em grandes redes varejistas”, informa Alves. “Até agora vendemos cerca de 250 unidades, a R$ 4.990 cada uma.”

Além do Santander, a empresa conquistou outras premiações, como Acelera Startup, organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e o Prêmio FedEx para Pequenas Empresas, concedido pela FedEx Brasil.

“É um produto que garante mais independência e autonomia à pessoa com deficiência, o que amplia sua integração à sociedade, com um desenho inovador e conforto”, diz Victor Rosado.

Dois protótipos em avaliação, também para acoplagem a simples cadeiras de rodas manuais e flexíveis, foram desenvolvidos no âmbito do Projeto Mobilidade de um grupo de professores e alunos da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (FEM-Unicamp), liderados pelo professor Franco Giuseppe Dedini.

Um deles, chamado Módulo Líbero, é composto por um motor elétrico recarregável e duas rodas. Foi projetado para ser acoplado na parte de baixo da cadeira, o que faz com que ela fique com seis rodas.

“São as duas rodas extras, acopladas ao motor elétrico, que vão sustentar a maior parte do peso do conjunto, facilitando o trânsito das rodas originais sobre as irregularidades e obstáculos do terreno”, explica Dedini.

Outro kit é chamado de Mochila. Mais leve e menos potente, o dispositivo é fixado na parte de trás da cadeira e, por meio de rodinhas ligadas a um motor, impulsiona o veículo.

Esses kits apresentam algumas vantagens em relação às cadeiras motorizadas tradicionais, como menor peso e maior facilidade de manobrá-las e dobrá-las para transporte em automóveis.

“Outra vantagem dos dois modelos é a facilidade que o cadeirante tem em acoplar ou retirar a motorização quando quiser”, diz a engenheira mecânica Flávia Bonilha Alvarenga, que fez doutorado sob a orientação de Dedini, uma das responsáveis pelo projeto do Líbero.

Essa matéria foi originalmente publicada no site da Agência Fapesp.

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