Azul da cor do mar? Nem tanto: os oceanos estão mudando de cor em todo o mundo
Estudo da Instituto de Tecnologia de Massachusetts analisou os oceanos durante duas décadas e descobriu mudanças significativas na reprodução de fitoplântons
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 16h54.
Quando se pensa na cor do mar, o azul é a cor predominante. Mas isso pode mudar muito em breve— e a culpa é do aquecimento global.
Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) coletaram imagens de satélite durante duas décadas e notaram, no processo de pesquisa, mudanças significativas nas cores dos oceanos. Em alguns locais do mundo, em especial nas regiões mais quente, o mar anda mais verde do que azul.
Foi algo gradativo: o fenômeno não é visível a olho nu em visitas à praia, mas foi captado em detalhes pelas tecnologias de monitoramento espacial ao longo dos anos, segundo Stephanie Dutkiewicz, a líder do estudo, publicado na revista Nature.
Por que os oceanos estão mudando de cor?
As alterações nas cores dos oceanos estão diretamente relacionadas à saúde do fitoplâncton, organismos microscópicos responsáveis por uma série de funções vitais para os ecossistemas marinhos e para o equilíbrio do clima global. Esses seres vivos contêm clorofila e são fundamentais para a captura de dióxido de carbono da atmosfera.
Nas regiões tropicais, próximas à linha do equador, as águas passam por um aumento progressivo de temperatura. Com isso, as camadas mais superficiais do oceano ficam mais quentes e dificultam o movimento desses microorganismos até a superfície, onde poderia realizar a fotossíntese— essencial para alimentação e sobrevivência do fitoplâncton.
Essa mudança tem efeitos em cadeia: ao capturar menos carbono, o oceano contribui para um ciclo de aquecimento global no qual há menos fitoplânctons— quenão conseguem fazer a fotossíntese e acabam morrendo. Isso afeta diretamente a cadeia alimentar marinha e causa, aos poucos, a extinção de peixes e mamíferos que dependem desses organismos para se alimentar.
Mudanças visíveis e em larga escala
Pesquisas baseadas em dados do espectroradiômetro MODIS, da NASA, indicam que mais da metade dos oceanos do planeta está passando por essas transformações. E embora a mudança nas cores possa parecer um fenômeno lento, elas são um indicador sensível e rápido das mudanças climáticas em curso.
Em resumo: se o planeta continuar esquentando ano após ano, pode ser que daqui a algumas décadas, os oceanos sejam bem mais verdes do que azuis. Junto da nova coloração, virá também a extinção de diversos outros animais marinhos, prejudicados pela mudança da cadeia alimentar devido à ação humana.