AstraZeneca atualiza dados e baixa eficácia de vacina para 76%
Ensaio clínico sobre a vacina contra covid-19 da AstraZeneca está mais completo do que os resultados publicados anteriormente
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de março de 2021 às 08h01.
Última atualização em 25 de março de 2021 às 08h06.
A AstraZeneca divulgou novos dados do ensaio clínico da sua vacina contra a covid-19 , dizendo que o imunizante foi 76% eficaz na prevenção de quadros sintomáticos da doença, em uma análise mais completa dos resultados do estudo do que os publicados anteriormente.
A farmacêutica disse que os números mais recentes sobre a eficácia da vacina foram baseados em uma análise de 190 casos sintomáticos de covid-19 no ensaio, 49 a mais do que a empresa havia analisado antes. A despeito dos casos adicionais, o desempenho da vacina ficou em linha com o que havia sido relatado pela AstraZeneca inicialmente.
A farmacêutica atraiu críticas no início desta semanas, após fornecer dados preliminares do ensaio clínico que indicaram uma eficácia de 79% da vacina em 141 participantes do teste.
Um conselho independente de monitoramento de estudos disse que os dados estavam desatualizados, o que levou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid, na sigla em inglês) a emitir uma declaração incomum que aumentou as preocupações de especialistas.
A tempestade causada pelo episódio se somou às preocupações que já pairam sobre o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O uso do imunizante foi prejudicado por uma série de erros, incluindo a comunicação dos primeiros resultados do estudo no Reino Unido.
Na Europa, a AstraZeneca ficou muito aquém das metas de abastecimento, o que gerou uma forte reação de autoridades europeias e ameaças de proibição de exportação de vacinas, enquanto o bloco tenta assegurar doses em meio ao aumento de casos.
Mais de 12 países europeus paralisaram a aplicação do imunizante depois de relatos de coagulação sanguínea. A maior parte dos países voltou a distribuir as doses quando uma investigação não encontrou uma associação entre a vacina e a coagulação sanguínea.
Nesta semana, o diretor do Niaidi, Anthony Fauci, se referiu ao último problema com a vacina como um "erro não forçado."
Os últimos resultados da AstraZeneca, divulgados na noite desta quarta-feira, 24, foram consistentes com as conclusões preliminares publicadas na segunda-feira, 22, com base em dados de um ensaio clínico obtidos até 17 de fevereiro.
Além de constatar uma eficácia de 79% da vacina, os resultados preliminares indicaram que o imunizante é ainda mais eficaz em participantes do estudo com 64 anos ou mais e que a dose é segura.
O teste de fase 3 teve 32.449 participantes nos EUA, Peru e Chile. Cerca de 20% deles tinham 65 anos ou mais.
O conjunto mais completo de dados mostrou uma eficácia de 85% da vacina entre os idosos. Adultos mais velhos são considerados mais vulneráveis a quadros graves da covid-19, o que os faz um grupo de alta prioridade nos programas de vacinação globais.
Apesar de as últimas informações da AstraZeneca incluírem mais casos, a análise da farmacêutica ainda pode estar incompleta. A AstraZeneca disse que está revisando mais 14 casos para determinar se devem ser adicionados ao recorte final.
Em ambas as análises, a vacina apresentou 100% de proteção contra casos graves da doença e hospitalização, embora os números desses casos severos tenham sido pequenos.
Nos últimos dados, oito voluntários do estudo desenvolveram casos sérios da doença, todos no grupo de voluntários que receberam o placebo, segundo a farmacêutica.
Especialistas em saúde dizem que eficácia do imunizante é grande. Vacinas da Moderna e da Pfizer/BioNTech apresentaram eficácia de 94% ou mais, enquanto a da Johnson & Johnson's teve eficácia de 66%.
A AstraZeneca informou que apresentaria os resultados do estudo para revisão dos pares e publicação nas próximas semanas e que requisitaria uma autorização da Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para a vacina. Na segunda-feira, executivos da farmacêutica disseram que pretendem apresentar os dados para a FDA em meados de abril.