Ciência

Alzheimer: terapia de reposição hormonal pode ajudar a reduzir risco em mulheres

Estudos anteriores já haviam mostrado que o risco de demência é maior em mulheres do que em homens e que a queda do estrogênio durante a menopausa é um dos possíveis fatores que aceleram o desenvolvimento da doença

Alzheimer: Os participantes passaram por testes cognitivos e exames de ressonância magnética e de volumes cerebrais (Baburov/Wikimedia Commons)

Alzheimer: Os participantes passaram por testes cognitivos e exames de ressonância magnética e de volumes cerebrais (Baburov/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de janeiro de 2023 às 13h39.

Um estudo europeu recém-publicado na revista científica Alzheimer's Research y Therapy mostrou que fazer terapia de reposição hormonal pode reduzir o risco de Alzheimer em mulheres que possuem o gene APOE4, ligado ao desenvolvimento da doença. A pesquisa, que foi feita a partir da observação de formulários e exames de mulheres com mais de 50 anos que iniciaram a reposição hormonal sem terem o diagnóstico de demência, é uma fase inicial mas considerada promissora no sentido de buscar formas de prevenir a doença.

Estudos anteriores já haviam mostrado que o risco de demência é maior em mulheres do que em homens e que a queda do estrogênio durante a menopausa é um dos possíveis fatores que aceleram o desenvolvimento da doença. A partir disso, nesta nova pesquisa, os cientistas buscaram analisar se a reposição hormonal do estrogênio durante a menopausa em mulheres portadoras do APOE4 diminui as chances delas desenvolverem Alzheimer. Estima-se que uma a cada quatro mulheres tenham o gene.

No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano, segundo o Ministério da Saúde. A doença, causada pela degeneração e morte de células cerebrais, é irreversível e progressiva, por isso a prevenção é o melhor caminho, apontam especialistas.

A ciência ainda não encontrou fórmulas eficazes de inibir o aparecimento do Alzheimer. Até então, o que se sabe é que manter a mente ativa, ter vida social ativa, bons hábitos alimentares e praticar atividades físicas regularmente podem ajudar a retardar ou inibir a doença, mas não há dados conclusivos. A descoberta sobre a ligação da doença com o estrogênio, hormônio que tem funções neurológicas, deve guiar novas pesquisas ao longo dos próximos anos.

A equipe da pesquisa desenvolvida pela Universidade de East Anglia, da Inglaterra, analisou dados de um estudo de saúde cerebral já em andamento do Consórcio Europeu de Prevenção da Demência por Alzheimer. Ao todo, foram analisados os cérebros de 1.906 pessoas (sendo 1.178 mulheres) com mais de 50 anos em 10 países que não sofriam de demência quando ingressaram no projeto.

Os participantes passaram por testes cognitivos e exames de ressonância magnética e de volumes cerebrais. A partir disso, foi possível perceber que as mulheres que passaram por terapia de reposição do estrogênio perdido na menopausa - um tratamento comumente utilizado para controlar os sintomas deste período de mudanças hormonais no corpo da mulher - tiveram melhores índices de saúde neurológica, como melhor memória, melhor função cognitiva e maiores volumes cerebrais ao longo do tempo.

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