8 técnicas matadoras para impulsionar a sua memória
Como não esquecer nomes, fatos, datas e conceitos? Conheça 8 técnicas que podem dar um impulso bem-vindo na sua memória
Claudia Gasparini
Publicado em 16 de março de 2016 às 15h00.
Última atualização em 7 de julho de 2017 às 10h18.
São Paulo - A sobrecarga de informações e tarefas da vida moderna pode sacrificar um recurso de extrema importância para a vida de qualquer profissional: a memória . Mas o excesso de estímulos não é a única razão pela qual estamos ficando cada vez mais esquecidos, afirma Renato Alves, primeiro brasileiro a receber homologação oficial de Melhor Memória do Brasil pelo Guinness Book. Em seu livro "Faça seu cérebro trabalhar por você" (Editora Gente), o campeão de memorização defende que o problema também está ligado a uma dependência cada vez maior da tecnologia , que substitui recordações naturais por artificiais. "Quem nunca teve um HD de computador queimado com todos aqueles documentos, fotos, arquivos importantes, ou um celular sem bateria quando precisava consultar urgentemente um contato?", escreve ele no livro. A melhor forma de reconquistar a capacidade de reter informações "organicamente" é apostar numa rotina saudável e em exercícios frequentes para o cérebro . Mas existem alguns macetes que podem facilitar esse processo. Os chamados métodos mneumônicos são dispositivos práticos para expandir a capacidade de memorização no cotidiano. Segundo Alves, o ideal é que o método seja fácil de usar: ele não deve exigir horas de treinamento ou associações mentais acrobáticas. Nesta galeria, reunimos 8 técnicas simples que facilitam a memorização de fatos, nomes, datas, listas e outros elementos do dia a dia. Navegue pelos slides para conhecê-las.
Também conhecido como “método de loci”, este dispositivo de memorização remonta à Grécia Antiga. Segundo o mito, o poeta grego Simônides de Ceos precisou identificar os corpos de pessoas que haviam morrido no desabamento de um palácio. Como ele se lembrava exatamente da localização de cada um, conseguiu assim "reconhecer” cada um dos cadáveres desfigurados. A técnica consiste em usar a memória espacial para gravar nomes, fatos ou listas. O objetivo é criar um lugar imaginário, como uma casa ou um palácio, visualizar os móveis de cada cômodo e associar uma memória a cada um deles. Imagine que você queira gravar os nomes de todos os presidentes brasileiros, por exemplo. Getúlio Vargas pode ser ligado à poltrona da sala e Juscelino Kubitschek, ao lustre. O ideal é que as associações entre os móveis e os elementos a serem memorizados sejam divertidas ou inusitadas - você pode associar Jânio Quadros ao quadro na parede, por exemplo. Depois que fizer todas as associações, a ideia é percorrer mentalmente o “palácio” várias vezes, lembrando-se da posição de cada móvel e, consequentemente, dos nomes ou fatos vinculados a eles. Oradores gregos e romanos, como Cícero, usavam essa técnica para memorizar seus longos discursos.
Acrônimos são palavras formadas por letras que representam, por sua vez, outras palavras. A ferramenta de gestão CHA ( C onhecimento, H abilidade e A titude) é um exemplo. Já os acrósticos são frases formadas por palavras cuja primeira letra é a dica para o que precisa ser lembrado. Se você quer memorizar, por exemplo, os nomes dos bairros paulistanos M ooca, P enha, B elém e C arrão, por exemplo, pode gravar a frase “ M eu P ai B ebe C afé”. Outro dispositivo útil é o encadeamento, sugere o site The Memory Institute. Para guardar elementos numa determinada ordem, crie uma frase narrativa com eles. O ideal é que cada item “puxe” o outro por associação. Para gravar, nesta ordem, as palavras “menina”, “panela”, “doze”, “abóbora” e “verde”, por exemplo, você pode criar uma sentença como “A menina vendeu uma panela por doze reais ao plantador de abóboras, que ainda estão verdes”. A estrutura de encadeamento traz lógica para as palavras avulsas, além de facilitar a fixação de uma ordem.
Uma das melhores formas de reter um dado é contextualizá-lo, isto é, integrá-lo aos conhecimentos que você já tem. Quanto mais conexões você fizer com os seus conhecimentos prévios, mais facilmente gravará uma novidade, dizem ao site Business Insider os autores do livro "Make It Stick: The Science Of Successful Learning”, Peter Brown, Henry Roediger e Mark McDaniel. Uma ótima forma de fazer isso é aplicar, na prática, tudo que você precisa memorizar - ou, no mínimo, vislumbrar hipóteses de aplicação desses dados na vida real. Se você precisa gravar como funciona o processo de transmissão de ondas de calor, por exemplo, tente pensar nessas informações a cada vez que tiver uma xícara de chá em suas mãos num dia de frio.
A neurocientista Carla Tieppo, professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, diz que um excelente método para estimular a memória é criar imagens bizarras, engraçadas e surreais sobre o elemento que precisa ser recordado. Se você acaba de conhecer uma pessoa, por exemplo, imagine-a numa situação esquisita, que faça você rir, e que tenha relação com o som do nome dela. É uma forma muito eficiente de gravar para sempre como ela se chama - quanto mais “cócegas” a imagem mental fizer em você, mais fácil será fixá-la, diz a professora.
Muitas pessoas têm memória fortemente visual, e, para elas, uma das melhores técnicas de memorização passa pela combinação de imagens. Acabou de conhecer uma pessoa? Para nunca mais esquecer como ela se chama, sugere o site de treinamento Memorise, escolha um atributo físico ou parte do corpo dela para associar ao seu nome. A vantagem está em transformar um dado abstrato, como um conceito, data ou nome, em algo concreto. Vale caprichar na criatividade: imagens mentais ricas, coloridas e vívidas são mais fáceis de guardar.
De acordo com o campeão de memorização Renato Alves, primeiro brasileiro a receber homologação oficial de Melhor Memória do Brasil pelo Guinness Book, a escrita é um excelente antídoto contra o esquecimento. “Escrever exige grande atividade mental e envolve diretamente as funções da memória”, escreve ele no livro “Faça seu cérebro trabalhar para você” (Editora Gente). “A mente lança seus estímulos vasculhando todos os departamentos da memória buscando palavras, expressões, experiências, comparando, associando, incluindo, excluindo, selecionando e pinçando o que pode ser utilizado no texto”. O benefício é ainda maior se você registrar as suas palavras no papel. Pesquisadores das universidades de Princeton e da Califórnia afirmam que quem escreve informações à mão tem mais facilidade de compreendê-las e memorizá-las do quem as digita. O motivo é que, ao usar o teclado, processamos a escrita de forma mais superficial do que quando precisamos desenhar as palavras com um lápis ou caneta.
A memória humana pode ser muito prejudicada pelo estresse. A saída é buscar um respiro em meio à correria e dedicar algum tempo para pensar sobre o que você aprendeu e viveu durante o dia. Pesquisadores da Harvard Business School descobriram que sessões de 15 minutos de reflexão ao final de um dia de trabalho aumentaram em quase 23% a produtividade de profissionais de um call center. Após o exercício, os participantes do experimento também escreveram um diário com os principais acontecimentos do dia. Esse breve momento de introspecção ajuda a organizar as informações novas e articulá-las com aquelas que já estavam no seu cérebro. “Quando as pessoas têm a chance de parar para refletir, elas têm um enorme ganho de eficiência, porque se sentem mais confiantes e, assim, colocam mais energia no que fazem e aprendem”, diz a professora Francesca Gino ao site Business Insider.
Este é um método intuitivo para a memorização. Quanto mais vezes você disser a si mesmo o que precisa recordar - ainda mais se for em voz alta - melhor será o resultado. De acordo com Peter Brown, Henry Roediger e Mark McDaniel, autores do livro "Make It Stick: The Science Of Successful Learning”, a memória exige esforço: quando o aprendizado é difícil para você, é porque você realmente está aprendendo, dizem eles ao site Business Insider. A repetição pode ser estimulada por um exercício de perguntas e respostas, de acordo com o campeão de memorização Renato Alves. Em seu livro “Faça seu cérebro trabalhar para você” (Editora Gente), ele sugere que questões como “O quê?”, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, e “Como?” sejam um roteiro usado regularmente para repassar mentalmente as suas lembranças.
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