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Virada Cultural: entre a opulência e a precariedade

Da precariedade de recursos do brega nasceu a força do Palco Arouche, e da abundância de recurso nasce a sofisticação de um concerto como o do quarteto de McCoy Tyner

Um das atrações mais esperadas da virada, o pianista de John Coltrane, McCoy Tyner, vai se defrontar com o Godzilla das festas populares (Roland Godefroy/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2012 às 10h00.

São Paulo - Brian Birdstuff, baterista da banda de surf music americana Man... or Astro-Man?, está extasiado. "Rapaz, eu ouvi dizer que haverá 4 milhões de pessoas nas ruas, isso vai ser memorável!", disse, explicando como imagina o impacto de sua primeira vez na Virada Cultural de São Paulo.

Brian, você não tem ideia! Você (e os outros estreantes da Virada, como a bela cantora francesa Nadéah, o pianista de John Coltrane, McCoy Tyner, e dezenas de outros) vão se defrontar com o Godzilla das festas populares. Vocês verão mais de 4 mil policiais na rua, 10 grandes palcos, 10 grandes pistas de danças, ringues de luta livre, nerds lutando com sabres de luz, chefs estrelados cozinhando em via pública, 243 caminhões de lixo recolhendo as cascas.

A Virada Cultural é como a festa anual da MTV: todo mundo desdenha, mas todo mundo quer estar lá. Mesmo quem não vai fica falando dela nos dias que a precedem e nos que a sucedem. "Falta hip-hop", é uma das queixas mais frequentes. "Tem música demais e faltam artes cênicas e visuais", é outra crítica. "Tem muita farofa e pouco peru." Todas são procedentes, todas merecem respostas à altura.

A Virada Cultural tem se aperfeiçoado ao longo das últimas 7 edições, e é consenso que ainda tem muito o que melhorar. Mas também tem méritos indiscutíveis, e um deles é dar palco a quem este tem sido recusado.

"Até de maca eu viria", disse no ano passado a cantora Vanusa. "Foi bom para colocar o joelho no lugar", brincou Jerry Adriani. Da precariedade de recursos do brega nasceu a força do Palco Arouche, e da abundância de recurso nasce a sofisticação de um concerto como o do quarteto de McCoy Tyner.

De fora das Viradas 2010 e 2011, o Teatro Municipal retorna restaurado e abrigando outros tipos de clássicos: o recital de piano de Arnaldo Baptista e o reencontro histórico de Cauby Peixoto e Ângela Maria.

Treze unidades do Sesc estarão abertas e a todo vapor.

Das 18 h de amanhã às 18 h de domingo, os guardas civis estarão como baratas tontas atrás dos camelôs com garrafões de 2 litros de Coca-Cola contendo o malfadado "vinho químico" que turbina a jornada noite adentro - 96% de álcool, segundo o Instituto Adolpho Lutz, que analisou a bebida. O "viradeiro" que cai nessa é o pior tipo, é o que vê o evento como uma megaliquidação: peguem rápido tudo o que puderem porque a queima de estoque só dura 24 h (e, se não puderem pegar o melhor, peguem qualquer coisa). Então, a coisa a ser evitada é o consumo compulsivo - planeje carinhosamente o safári Virada adentro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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São Paulo - Brian Birdstuff, baterista da banda de surf music americana Man... or Astro-Man?, está extasiado. "Rapaz, eu ouvi dizer que haverá 4 milhões de pessoas nas ruas, isso vai ser memorável!", disse, explicando como imagina o impacto de sua primeira vez na Virada Cultural de São Paulo.

Brian, você não tem ideia! Você (e os outros estreantes da Virada, como a bela cantora francesa Nadéah, o pianista de John Coltrane, McCoy Tyner, e dezenas de outros) vão se defrontar com o Godzilla das festas populares. Vocês verão mais de 4 mil policiais na rua, 10 grandes palcos, 10 grandes pistas de danças, ringues de luta livre, nerds lutando com sabres de luz, chefs estrelados cozinhando em via pública, 243 caminhões de lixo recolhendo as cascas.

A Virada Cultural é como a festa anual da MTV: todo mundo desdenha, mas todo mundo quer estar lá. Mesmo quem não vai fica falando dela nos dias que a precedem e nos que a sucedem. "Falta hip-hop", é uma das queixas mais frequentes. "Tem música demais e faltam artes cênicas e visuais", é outra crítica. "Tem muita farofa e pouco peru." Todas são procedentes, todas merecem respostas à altura.

A Virada Cultural tem se aperfeiçoado ao longo das últimas 7 edições, e é consenso que ainda tem muito o que melhorar. Mas também tem méritos indiscutíveis, e um deles é dar palco a quem este tem sido recusado.

"Até de maca eu viria", disse no ano passado a cantora Vanusa. "Foi bom para colocar o joelho no lugar", brincou Jerry Adriani. Da precariedade de recursos do brega nasceu a força do Palco Arouche, e da abundância de recurso nasce a sofisticação de um concerto como o do quarteto de McCoy Tyner.

De fora das Viradas 2010 e 2011, o Teatro Municipal retorna restaurado e abrigando outros tipos de clássicos: o recital de piano de Arnaldo Baptista e o reencontro histórico de Cauby Peixoto e Ângela Maria.

Treze unidades do Sesc estarão abertas e a todo vapor.

Das 18 h de amanhã às 18 h de domingo, os guardas civis estarão como baratas tontas atrás dos camelôs com garrafões de 2 litros de Coca-Cola contendo o malfadado "vinho químico" que turbina a jornada noite adentro - 96% de álcool, segundo o Instituto Adolpho Lutz, que analisou a bebida. O "viradeiro" que cai nessa é o pior tipo, é o que vê o evento como uma megaliquidação: peguem rápido tudo o que puderem porque a queima de estoque só dura 24 h (e, se não puderem pegar o melhor, peguem qualquer coisa). Então, a coisa a ser evitada é o consumo compulsivo - planeje carinhosamente o safári Virada adentro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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