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Vinho de Portugal: o que está por trás dos grandes rótulos do país

Degustar um vinho é provar a história. Conheça o passado de algumas das mais importantes vinícolas do Douro

Vinho: Portugal é um dos principal produtores da bebida. (Photo by Rafa Elias/Getty Images)

Vinho: Portugal é um dos principal produtores da bebida. (Photo by Rafa Elias/Getty Images)

Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 07h46.

O vinho não é apenas uma bebida. O que degustamos tem sempre uma história por trás que reflete e revela todas as características tanto da terra quanto da família que produz os rótulos. Fiz uma viagem de 5 dias até a região do Douro, considerada um dos berços na produção dos grandes rótulos de Portugal, para entender e conhecer todo o processo antes desses ícones estarem dentro da garrafa.

O roteiro começou pela vinícola Casa Vilacetinho, existente desde 1790 e um dos primeiros produtores da região de Vinhos Verdes. Inclusive, em 1957, os britânicos escolheram os rótulos do portfólio para servir à rainha Isabel II na sua visita a Portugal. O diretor, enólogo e da geração familiar, João Miguel Maia, que lidera o negócio, é responsável por oferecer ao mercado 14 vinhos diferentes com alguns que se destacam por premiações importantes pela a Wine Enthusiast, um dos mais respeitados guias internacionais de tendências e avaliações de vinhos. E ouso a dizer, que o melhor Vinho Verde degustado por mim até hoje é Vilacetinho.

Depois, segui para a Arribas do Douro que, além de produzir um rosé eleito o melhor de 2023 pela imprensa portuguesa, tem no portfólio 11 tipos vinhos e cinco estilos do Porto já estão produzindo mais 4 rótulos que serão lançados até 2025, um Ruby, um Tawny 20 anos, 30 anos e 40 anos. O diretor da marca, que conduz o projeto familiar, Miguel Massa, mostrou que existe um trabalho muito pesado para produzir, rotular, colocar no mercado e exportar vinhos.

Em seguida, a parada foi na Quinta dos Castelares, um dos grandes nomes de vinhos biológicos em Portugal, que coleciona mais de 40 medalhas em concursos internacionais, com um portfólio de quase 30 vinhos, elaborado por Pedro Miguel Ferreira Martins e acompanhamento do grande idealizador e proprietário de todo projeto, Manoel Joaquim Caldeira.

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A família trabalha unida, desde os filhos pequenos do enólogo, de 11 e 5 cinco anos, até sua esposa Sandra Caldeira, que também toca a operação. Posso afirmar que em dois dias juntos, formamos uma grande família e me senti em casa por ser tratada com tanto carinho. Tive ainda uma aula sobre os vinhos e a importância do cultivo, da preservação do solo e das escolhas da uva para produção.

Região do Douro, em Portugal. (Ligia Salgueiro/Acervo pessoal)

Produção biológica

Os vinhos Castelares são vinhos feitos com uvas de produção biológica. Este tipo de processo é realizado sem recurso a produtos químicos, em solos revitalizados e enriquecidos apenas com matéria orgânica. Vale destacar que no Brasil ainda tem muito espaço para aumentar esse mercado, embora nos últimos anos o vinho biológico tenha evoluído de forma positiva na produção e no consumo devido a uma maior preocupação e consciência ambiental e com a saúde.

O ponto alto dessa visita foi a degustação de um vinho que está na minha lista dos melhores, intitulado como Bicho de Seda, safra 2018. Estamos falando de um belíssimo blend com as castas Sousão, Touriga Franca e Touriga Nacional e com 24 meses de passagem em barrica de carvalho francês.

O roteiro seguiu então para a vinícola boutique Quinta Holminhos em que o próprio produtor e enólogo, Victor Teixeira, me recebeu com um banquete português de tirar o folego, produzido por ele mesmo para apreciarmos seus cinco vinhos exclusivos. Ainda conheci a sua produção de cachaça portuguesa, elabora com as cascas das uvas que sobraram após produzirem vinho.

E, por fim, encerrei a viagem pelas águas do Rio Douro, onde visitei o projeto da vinícola Costa Boal, comandada por Antônio Costa Boal. Tive a chance de incluir no meu repertório de vida a degustação de vinhos do Porto com mais de 100 anos, classificados como Very Very Old. Também visitei as vinhas velhas centenárias da Boal e tomei os, eleitos por mim, meus dois vinhos tintos favoritos dessa viagem: a garrafa numerada Palácio de Tavoras, elaborado com a uva Alicante Bouschet, safra 2019. E o Grand Reserva Homenagem, safra 2015, elaborado com as clássicas castas portuguesas, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão e Sousão.

Toda essa viagem me mostrou que vinho é muito mais que uma bebida feita de uva. Ele conta a história do solo, da região e de uma tradição familiar centenária.

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