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Vida pré-pandemia volta aos poucos na Dinamarca

Com cerca de 500 casos por dia e uma taxa de reprodução do vírus de 0,7, as autoridades dinamarquesas consideram a epidemia sob controle

Multidão em frente a uma boate em Copenhague, na Dinamarca, em 3 de setembro (Reprodução/AFP)

Multidão em frente a uma boate em Copenhague, na Dinamarca, em 3 de setembro (Reprodução/AFP)

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GabrielJusto

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 12h38.

Última atualização em 10 de setembro de 2021 às 12h46.

Nas ruas não há vestígios de máscaras ou passes sanitários, os escritórios voltaram a funcionar e os shows reúnem dezenas de milhares de espectadores. A Dinamarca se despede nesta sexta-feira (10) das restrições anticovid e retorna serenamente à vida de antes.  Nesta velha-nova vida é possível organizar eventos para 50.000 pessoas, sem a necessidade de apresentação certificado de vacinação ou teste negativo de covid, algo bastante inusitado na Europa, com inúmeras restrições ainda em vigor.

"Estamos definitivamente na vanguarda, porque não temos mais restrições", comentou à AFP Ulrik Ørum-Petersen, promotor do show Live Nation, que acontecerá no sábado (11). No dia 4 de setembro, sua empresa já havia organizado um festival apropriadamente denominado "retorno à vida", que reuniu 15.000 pessoas em Copenhague.

"Estar no meio disso, cantar como antes, quase me fez esquecer a covid-19 e tudo o que vivi nos últimos meses", disse na ocasião Emilie Bendix, uma jovem de 26 anos que compareceu ao show.

Graças às altas taxas de vacinação, 73% entre seus 5,8 milhões de habitantes, a Dinamarca suspendeu quase completamente desde 1º de setembro a exigência do passe anticovid estabelecido em março. Nesta sexta-feira, também será retirada sua obrigatoriedade nas boates, único setor em que ainda vigorava.

"Nosso objetivo é a liberdade de circulação (...), o que vai acontecer é que o vírus também vai circular e encontrar quem não está vacinado", alertou a epidemiologista Lone Simonsen.

Confiança na estratégia

 

Mas a Dinamarca pode contar com a confiança estabelecida no país entre as autoridades sanitárias e a população, recentemente destacada pela direção europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Como muitos países, a Dinamarca, durante a pandemia, implantou medidas de saúde pública ou sociais para reduzir a transmissão", disse Catherine Smallwood, encarregada das situações de emergência da OMS na Europa. "Mas, ao mesmo tempo, teve amplo apoio de indivíduos e comunidades que aceitaram os conselhos do governo", destacou.

Agora, com cerca de 500 casos por dia e uma taxa de reprodução do vírus de 0,7, as autoridades dinamarquesas consideram a epidemia sob controle. O ministro da Saúde, Magnus Heunicke, garantiu no final de agosto que o governo "não hesitará em agir rapidamente se a pandemia voltar a ameaçar as funções essenciais da sociedade". Nesse ínterim, as autoridades devem monitorar de perto o número de hospitalizações e sequenciar cuidadosamente as amostras de vírus para monitorar sua evolução. Além disso, desde quinta-feira, oferecem aos grupos mais vulneráveis uma terceira dose da vacina.

Para Christian Nedergaard, dono de um restaurante na capital, o retorno à vida normal não esconde que "a situação continua complexa". "A memória do coronavírus vai desaparecer muito rapidamente em algumas mentes, mas vai permanecer em outras. Para a restauração, é claro que esse período mudou as regras, o setor terá que refletir para ser mais resiliente", disse.

Embora a vida na Dinamarca volte ao normal, para entrar neste país escandinavo ainda será obrigatório apresentar passaporte de saúde ou teste negativo.

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