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Software gratuito auxilia na avaliação postural

Programa criado no Instituto de Psicologia ajuda profissionais em diagnósticos de problemas físicos e postura


	Programa é capaz de medir ângulos e distâncias relativos à postura
 (Stock.XCHNG)

Programa é capaz de medir ângulos e distâncias relativos à postura (Stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 10h54.

São Paulo - Cientistas do Instituto de Psicologia (IP) da USP desenvolveram um software de avaliação postural que auxilia enfermeiros e fisioterapeutas a traçarem diagnósticos e resolverem problemas físicos. Denominado ApLoB (Avaliação Postural do Laboratório de Biofísica), o programa tem código aberto e gratuito, e pode ser melhorado ou servir de base para outros programas do gênero.

O software foi idealizado pelo engenheiro Carlos López Noriega, em sua pesquisa realizada no programa de pós-graduação em Neurociências e Comportamento (NeC), do IP. Ele conta que a inspiração para o programa surgiu de um outro software, o Sapo (Software de Avaliação Postural), desenvolvido pelo professor Marco Duarte, orientador de Noriega no estudo.

“Trata-se de um dos programas mais avançados no setor”, avalia o engenheiro. Entretanto, o Sapo foi criado por um método não usual e com a linguagem de programação Java, que normalmente não é utilizada pela comunidade científica. Assim, ele dificulta qualquer processo que possa desenvolvê-lo mais ou ainda utilizá-lo como base de estudos ou de elaboração de softwares similares.

O objetivo de Noriega, em sua dissertação de mestrado intitulada Desenvolvimento de um programa computacional para avaliação postural de código aberto e gratuito, foi criar um programa com funções semelhantes às do Sapo, utilizando os processos consagrados na comunidade científica. O ApLoB foi feito com a linguagem de programação Python, comumente utilizado na academia, e por um método que permite que todos os passos sejam mapeados. O software pode ser baixado gratuitamente.

“Usei uma linguagem de programação mais próxima à comunidade científica. Podem melhorar o software, ou usar os passos para criar algum novo”, ressalta o pesquisador. Programas análogos na mesma área ou em setores diferentes podem se utilizar dos mesmos passos na criação, visto que o código, as ferramentas e os processos de desenvolvimento são abertos a todos. “Vejo programas parecidos sobre economia e negócios, por exemplo, em meu trabalho”, conta Noriega, que também é professor na Trevisan Escola de Negócios.


Existem alguns fatores que engrandecem o estudo. Em primeiro lugar, ele trabalha com a interdisciplinaridade: a pesquisa passa pelas áreas da computação, da neurociência e da fisioterapia. O engenheiro teve que, inclusive, assistir a aulas sobre neurofisiologia, postura e biomecânica. Em segundo, o pesquisador procura o enriquecimento da comunidade científica.

“Eu dou as fontes do programa”, afirma. Quem tiver interesse está livre para utilizá-las. Além disso, a pesquisa não visa o lucro. Noriega não acredita que deve-se ganhar dinheiro em questões como a saúde das pessoas.

“Tem coisas que não podem ser cobradas. Lucrar com isso não passa pela minha cabeça”. Para ter acesso ao software, pode-se falar diretamente com o pesquisador ou ainda ver as fontes na dissertação completa.

Medições

O ApLoB é capaz de medir precisamente tamanhos e ângulos. É colocada uma foto no software e ele, a partir de uma escala dada, faz a medição das diferentes partes da anatomia da pessoa. O tamanho de um osso em relação a outro pode indicar um problema postural, assim como o ângulo da curvatura do pescoço, por exemplo, em relação aos ombros, pode vir a mostrar um defeito na coluna. O diagnóstico é realizado pelo profissional da saúde, mas o software ajuda a dar resultados mais exatos para auxiliá-lo.

Entretanto, o programa não tem todas as funcionalidades do Sapo. Este consegue realizar mais medições e cruzar, automaticamente, os dados em diversas tabelas, que auxiliam ainda mais o trabalho do fisioterapeuta ou o enfermeiro. Por isso este software é tão amplamente utilizado e teve alta receptividade na comunidade científica.

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