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Short de alfaiataria? Marca brasileira mira mercado internacional

A Barthelemy já está presente 10 pontos de venda fora do Brasil, de Saint Tropez a Dubai

Campanha da Barthelemy: shorts com micro estampa e cuidado com a modelagem (Barthelemy/Divulgação)

Ivan Padilla

Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 06h30.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2023 às 11h52.

O que uma marca de shorts de praia faz quando é inverno? No caso da Barthelemy, a saída foi fugir da sazonalidade do verão brasileiro e invadir outras praias. “Nossa meta sempre foi ser uma marca de referência global em resortwear com lojas nos principais balneários ao redor do mundo”, diz o fundador Ricardo Nobel.

Criada em São Paulo em 2018, a Barthelemy está presente em 10 pontos de venda fora do Brasil, em destinos como Saint Tropez, na França; Hamptons e Nova York, nos Estados Unidos; Comporta, Cascais e Lisboa, em Portugal; além de St. Barth, que inspirou o nome da marca, e Dubai.

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As vendas são feitas por parceiros, a exemplo de grandes redes hoteleiras globais como Waldorf Astoria. No ano passado a Barthelemy estabeleceu na Flórida o processo internacional de pedidos e envio de produtos. E este ano? A meta é aprimorar os canais digitais, expandir presença no Brasil – e abrir a primeira loja física internacional. As negociações estão bem avançadas mas o local ainda é surpresa.

Alfaiataria na praia

A Barthelemy se define como uma marca de estilo de vida com foco no chamado tailored resortwear. Em outras palavras, é uma alfaiataria para a praia. “Os elementos de alfaiataria estão na escolha dos tecidos, excelência em modelagem, extrema qualidade de confecção e longevidade das peças atemporais”, diz Nobel.

Materiais tecnológicos permitem conforto mesmo com o cuidado com a modelagem. O primeiro modelo da marca foi o Saline, shorts de praia com dois reguladores de metal na cintura. Trata-se de uma referência às calças sociais do passado, que não contavam com passante e eram ajustadas com suspensório ou esses ajustes nas laterais.

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Os tecidos são lisos ou com micro estampas, muito elegantes e com certo ar retrô. O cuidado com matéria-prima e acabamento tem seu preço. Os shorts custam entre 600 e 700 reais. É menos do que um Vilebrequin, para citar uma marca de prestígio internacional, mas mais do que a média de similares nacionais.

Do mercado financeiro para a moda

O nome da marca vem de St. Barth, “um paraíso do Caribe que remete a valores parecidos com os nossos, sofisticado e elegante, ao mesmo tempo leve e descontraído”, diz Nobel. O hoje empresário da moda é formado em economia pelo Insper em São Paulo e trabalhou no banco Morgan Stanley.

Durante um intercâmbio na New York University ele conheceu um modelo de confecção online de camisas sob medida e se encantou. Em 2014 abriu uma marca de alfaiataria chamada 1818. “Comecei do zero mesmo. Tive de aprender sobre confecção, fiz cursos de modelagem, tirava medidas dos clientes”, conta.

Até que amigos começaram a pedir shorts de praia. A questão é que nem todo mundo estava disposto e esperar meses para ter uma peça sob medida, como acontece com calças e paletós. Nobel viu aí um nicho de mercado e levou a experiência da alfaiataria para a modelagem de praia.

Shorts com garantia de três anos

No verão de 2018 ele lançou a Barthelemy. Foram inicialmente 300 shorts com oito estampas. Os amigos praticamente esgotaram esse primeiro lote. Em novembro ele abriu a primeira loja, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo. E nesse mesmo ano começou a exportar, para St. Barth.

A Barthelemy tem lojas em destinos de viagem de luxo, como o Quadrado de Trancoso, onde a marca mantém um instituto com um trabalho social com a comunidade local para ensino de inglês. Está presente com o Fasano, nos hotéis da Fazenda Boa Vista e em Angra dos Reis, e pode ser encontrado na Marina Porto Imperial de Paraty.

A marca pode ser encontrada ainda no Pátio Batel em Curitiba, no Village Mall e no shopping Leblon no Rio de Janeiro. A Barthelemy oferece algo inusitado para o segmento: uma garantia de três anos para os shorts de praia e ajustes sem custos por toda a vida nas peças.

Crescimento de 115% no ano

Nobel não abre números, mas não tem queixas do crescimento. Em 2020 ele realizou uma rodada de investimento para otimizar expansão de pontos físicos, trazer linhas e tecnologias para melhorias de produtos e operacionais. Mesmo com a pandemia a marca registrou naquele ano aumento de receita de 40%.

O ano seguinte foi de expansão de lojas e registrou um crescimento de 220% em relação a 2020. E no ano passado esse indicador foi de crescimento de 115% com 60% no chamado SSS (same store sales, crescimento nas mesmas lojas).

A marca conta hoje com quatro modelos de shorts e dezenas de estampas, camisas de linho e espadrilhas. A meta de Nobel não é modesta: ele quer que a Barthelemy se consolide no mercado internacional. “Queremos levar criações brasileiras para os consumidores mais exigentes, do Brasil e do mundo. Ver um cliente com aquele brilho no olho, vestindo uma peça adequada para a situação, é um sentimento inexplicável, diz.

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