Saquê, veganismo e cannabis: como o vinho vai mudar em 2019
Se você acha que não haverá novidades no mundo das bebidas cor-de-rosa, você está enganado
Marília Almeida
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 08h17.
O mundo do vinho pode mudar mais rápido do que você imagina. Sacudido por turbulências políticas, 2018 foi um ano assolado por guerras comerciais, pela contínua instabilidade do Brexit e por mais eventos climáticos caóticos provocados pelo aquecimento global. Tudo isso fez com que algumas regiões vinícolas tenham se dado bem e que outras tenham se saído mal, enquanto os investidores tiravam a sorte grande: os vinhos finos superaram as ações e os títulos, de acordo com a Liv-Ex.
Este ano também promete contrastes, surpresas e a continuação de algumas das tendências do ano passado. Se você acha que não haverá novidades no mundo das bebidas cor-de-rosa, por exemplo, você está enganado. A cerveja azeda rosé está prestes a virar moda, e a paixão pelo rosé conquistou até mesmo personalidades do esporte, como o armador do time de estrelas do basquete Dwyane Wade. Seu projeto de vinhos com o vinicultor de Napa Jayson Pahlmeyer lançou seu primeiro rosé a um preço elevado, US$ 75.
A seguir, algumas das previsões da minha taça de cristal para 2019:
O antigo vira novo
O redescobrimento de vinhas antigas e abandonadas e a adoção de variedades esquecidas continuarão saciando nossa sede voraz por sabores que vão além dos clássicos - e poderiam revelar formas úteis de adaptação às mudanças climáticas.
As infusões de cannabis vêm aí
Com a legalização da maconha na Califórnia, no Canadá e em outros lugares no ano passado, começarão a surgir misturas de vinho com a erva. O banco canadense de investimentos Canaccord Genuity sugeriu à Business Insider que as bebidas com infusão de maconha poderiam se tornar um mercado de US$ 600 milhões nos EUA nos próximos quatro anos. A Constellation Brands já investiu em empresas de cannabis.
A mudança climática vai levar vinhedos a fronteiras extremas
Regiões frias não necessariamente continuam sendo frias.
Algumas vinícolas, como a da famosa família Catena, na Argentina, acreditam que uma possível solução é o plantio de vinhedos em altitudes muito maiores. Outras estão se dirigindo mais para o norte, em busca de climas mais marginais. Você verá mais vinhos de ambos os lugares em 2019.
O vinho vegano vai ganhar importância
O foco na saúde e no bem-estar está transformando o veganismo em uma das tendências de consumo que mais cresce, e as vendas de alimentos de origem exclusivamente vegetal subiram 20 por cento nos EUA em 2018, para US$ 3,3 bilhões.
À medida que o segmento deixa de ser marginal e se torna um nicho, mais vinhos veganos surgirão, com informações importantes no rótulo. Em 2018, a varejista Majestic Wine, do Reino Unido, acrescentou símbolos veganos (e vegetarianos) às informações de todos os vinhos em seu site.
O saquê entra em cena
Quando o chef de cave da Dom Pérignon diz que seu próximo projeto é produzir saquê no Japão, você sabe que uma grande mudança vem pela frente. Richard Geoffroy, que passou 28 anos como enólogo da DP, aposentou-se no final de 2018 e está trabalhando em uma joint venture com a fabricante de saquê Masuizumi que será lançada em setembro.