Revolução do Churrasco: você se contentaria com bife criado por impressora 3D?
O ribeye tecnológico foi desenvolvido por israelenses e apresentado ao mundo como solução sustentável para carnívoros
Paty Moraes Nobre
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 10h00.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 18h04.
A primeira carne bovina feita em uma bioimpressora 3D já é realidade. O corte de ribeye (parte da costela ), apresentado ao mundo in natura e grelhado, é o que há de mais inovador em termos de carne cultivada em laboratório.
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O produto é resultado do trabalho em conjunto da empresa alimentícia israelense Aleph Farms e da equipe de engenharia biomédica do Instituto de Tecnologia de Israel. De acordo com a startup de tecnologia de alimentos, os cientistas incubaram as células colhidas da bochecha de uma vaca viva, que se agruparam em camadas e se diferenciaram, sendo possível, assim, criar um ribeye real.
Com músculos, nervos e gordura semelhantes aos de um bife tradicional de um animal abatido, a comida futurista apresenta, segundo seus criadores, "os mesmos atributos organolépticos (cor, odor e textura, por exemplo) de um delicioso bife de costela suculento e tenro que você compraria no açougue". Em uma análise visual, a peça parece ser muito fina para agradar os fãs de um bom churrasco, no entanto, a Aleph Farms garante que pode produzir qualquer corte de carne com esse método e que o objetivo é expandir a linha.
"Com a realização deste marco, quebramos as barreiras para introduzir novos níveis de variedade nos cortes de carne cultivada que podemos produzir", disse Shulamit Levenberg, pesquisador e cofundador da Aleph Farms. "Conforme olhamos para o futuro da bioimpressão 3D, as oportunidades são infinitas", continuou.
“Estamos executando um plano claro para alcançar a paridade de custos para o cultivo em escala”, disse Didier Toubia, cofundador e CEO da Aleph Farms. "Esperamos atingir essa meta em cinco anos", concluiu.
Pecuária x desmatamento
De acordo com dados do Fórum Econômico Mundial de 2020, o nosso gosto por carne está destruindo o meio ambiente: para produzir 1kg de carne animal bovina, são necessários 16,4 mil litros de água, aproximadamente, e emitidos 60kg de gás carbônico (CO2) na atmosfera.
O encontro revelou ainda que a criação de gado é a principal causa do desmatamento. Portanto, as “carnes cultivadas”, feitas em laboratório a partir de células animais, podem minimizar essas consequências para o meio ambiente sem ter que tirar a carne do menu.
Com o intuito de encontrar fontes de proteína para satisfazer os consumidores do futuro, o encontro lançou a plataforma Uplink, na qual qualquer pessoa pode contribuir com ideias para transformar nossas dietas e se conectar com empreendedores e defensores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Nuggets de laboratório: exclusividade de luxo
Em dezembro de 2020, a primeira carne de frango criada em laboratório foi revelada em forma de nugget pela Eat Just. A companhia norte-americana, inclusive, já conseguiu aprovação para vender, com exclusividade, para um restaurante de luxo de Singapura, os produtos feitos a partir de células animais. De acordo com a empresa, em breve, cortes de peito de frango também deverão ser regulamentados e comercializados.