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Restaurantes na França não conseguem funcionários para reabertura

Dos 350.000 empregos na indústria de restaurantes normalmente encontrados na França, é estimado que cerca de um terço desapareceu no ano passado, com base em pesquisas com clientes

Restaurantes se preparam para reabrir na França com dificuldades por falta de funcionários. (Joseph Schmid/AFP)

Restaurantes se preparam para reabrir na França com dificuldades por falta de funcionários. (Joseph Schmid/AFP)

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Julia Storch

Publicado em 7 de maio de 2021 às 15h04.

Última atualização em 7 de maio de 2021 às 15h15.

Restaurantes em toda França estão se preparando para reabrir suas portas depois de meses fechados, mas seus proprietários enfrentam um desafio inesperado: muitos funcionários não querem voltar às longas e árduas horas de trabalho características do setor de serviços.

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Felix Dumant, coproprietário da Aux Crus de Bourgogne, uma "brasserie" no centro de Paris, está procurando com urgência por um cozinheiro depois que o seu saiu para trabalhar na cozinha de uma casa de repouso.

"Entendemos por que ele saiu. Ele é um jovem pai com dois filhos pequenos", disse Dumant à AFP enquanto ele e sua irmã Margot entrevistavam candidatos esta semana para um cargo com um salário líquido de 2.500 euros por mês. "Agora, ele tem uma jornada bem mais fácil, por um salário um pouco menor, mas ainda é muito bom", afirmou.

Seu sofisticado estabelecimento procura também um substituto para o chefe de cozinha, que acaba de se demitir. Esta posição paga 3.500 euros por mês.

A França manteve restaurantes, bares e cafés fechados desde outubro, para impedir um novo surto de covid-19, medida que será suspensa em etapas a partir de 19 de maio.

Esse tempo de inatividade forçado deu aos funcionários do restaurante tempo suficiente para reconsiderarem uma profissão em que é normal trabalhar à noite e nos fins de semana em um ambiente estressante, deixando pouco tempo para suas próprias famílias e amigos.

Dezenas de profissionais do setor expressaram seu alívio por finalmente tirar o avental para sempre.

"Um dia me perguntei, além do meu trabalho, o que tenho feito da minha vida? A verdade é que não muito. Para ser sincero, foi só aos 56 anos que descobri o prazer de comer com a minha família", disse Thierry ao jornal Le Parisien, que deixou seu posto de chefe de cozinha em dezembro. "Trabalhamos, enquanto todos se divertem", confirmou Margot Dumant.

"Não é vida" 

Embora a demanda por bons ajudantes de cozinha seja sempre alta nos restaurantes, do fast-food a um estrelado Michelin, os especialistas dizem que a crise sanitária exacerbou a escassez de mão de obra.

"Todos nós usamos 2020 para refletir sobre o que realmente queremos de nossas vidas e empregos", diz Bernard Boutboul, um ex-gerente de restaurante que agora aconselha proprietários em todo mundo em sua consultoria Gira, sediada em Paris. "E é inegável que quem trabalha em restaurante fala: 'Chega, não dá para continuar assim, não é vida'", completou.

Dos 350.000 empregos na indústria de restaurantes normalmente encontrados na França, ele estima que cerca de um terço desapareceu no ano passado, com base em pesquisas com clientes.

Esse número corresponde aproximadamente aos 100.000 que foram perdidos, de acordo com o sindicato de hotelaria UMIH.

Os cozinheiros, em particular, também têm sido atraídos por estabelecimentos que apenas preparam as refeições em casa. Durante os fechamentos, este nicho registrou um aumento na demanda. "Eles estão nos afetando muito", disse Felix Dumant. "Eles podem gerar uma grande renda com poucos funcionários e podem pagar aos chefs o mesmo que nós, mas com horários muito mais fáceis".

"Problemático"

Com os franceses, grandes amantes da gastronomia, ansiosos para revisitar seus lugares favoritos, muitos proprietários farão o possível para acomodar todos que pedirem uma mesa. "Após a crise sanitária, os restaurantes terão uma crise de crescimento", disse Boutboul. "Haverá uma grande demanda que eles não poderão atender, porque não terão pessoal suficiente", afirmou.

Os jovens, em particular, parecem cada vez mais relutantes em seguir carreira em um setor altamente estressante, onde apenas uma minoria encontra empregos que pagam bem acima do salário mínimo.

Marc-Antoine Surand afirma que a saída de um de seus funcionários dificultará a reabertura de seu bistrô Quedubon, no nordeste da capital. "Ele disse que queria voltar para a escola e tentar outra coisa", disse Surand à AFP. "Não será um problema no início, mas muito em breve, quando abrirmos totalmente, será problemático", disse ele. "Há muitos empregos disponíveis e poucos candidatos", acrescentou. "Então, estamos procurando", completou.

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