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Relógios IWC usam cerâmica do setor espacial em nova linha

Parceria entre empresa suíça e centro de pesquisa alemão inaugura uso de material inovador para caixas de relógio e sistemas de satélites.

IWC Schaffhausen usará tecnologia espacial para a caixa dos novos modelos de relógios. (IWC Schaffhausen/Divulgação)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de outubro de 2024 às 12h37.

Última atualização em 10 de outubro de 2024 às 13h53.

A fabricante suíça de relógios de luxo IWC Schaffhausen anunciou, em colaboração com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), o desenvolvimento de uma cerâmica reforçada com fibra para a criação de caixas de relógios e possíveis aplicações no espaço. A novidade representa um avanço no uso de compósitos de matriz cerâmica (CMC), que se destacam pela alta resistência e tolerância a choques térmicos.

Essa parceria, iniciada em 2013, explora a resistência do material que une a durabilidade da cerâmica tradicional com a robustez dos materiais compósitos. O CMC desenvolvido combina dureza e resistência a riscos com alta resistência a danos, caracterizando-se por suportar variações extremas de temperatura. Inicialmente, a tecnologia foi aplicada a componentes de foguetes e veículos espaciais, e agora encontrou uma nova utilidade no setor de relógios de luxo.

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Expansão de possibilidades no setor espacial

No evento realizado nas instalações do DLR em Stuttgart, Alemanha, representantes da IWC e do centro de pesquisa explicaram o processo detalhado de fabricação das caixas de relógios em CMC. O material é produzido a partir de um polímero reforçado com fibra de carbono que passa por etapas complexas de transformação.A primeira etapa envolve o corte e a infiltração das fibras com resina, seguidas pela pirólise em alta temperatura, que converte a matriz polimérica em matriz de carbono. Posteriormente, o material recebe uma infusão de silício, resultando numa matriz de carbeto de silício, o que confere ao relógio uma resistência de aproximadamente 2400 Vickers.

O desenvolvimento dessa tecnologia não apenas aprimora a fabricação de relógios, mas também abre novas possibilidades para o DLR no desenvolvimento de sistemas de propulsão para satélites. A experiência adquirida na criação de componentes em menor escala permite ao DLR adaptar sua tecnologia para novas aplicações, fortalecendo seu papel no avanço da tecnologia espacial.

Durante o evento,os participantes puderam conhecer mais sobre o relógio Big Pilot AMG G 63, lançado pela IWC em 2023, que representa o primeiro modelo a incorporar o compósito cerâmico. O design do relógio, inspirado nos veículos da Mercedes AMG, destaca a aparência fosca e única da cerâmica, evidenciando o trabalho artesanal envolvido na sua criação.

Potencial do CMC no mercado de relógios

O uso da cerâmica reforçada com fibra no setor de relógios de luxo oferece uma alternativa atrativa aos materiais convencionais, permitindo a criação de produtos com maior resistência a choques e danos. Com a expertise da IWC Schaffhausen em cerâmicas, a empresa tem buscado diversificar o uso de materiais avançados em seus produtos desde os anos 1980, como no caso da cerâmica de óxido de zircônio.

Além disso, o sucesso da colaboração com o DLR reforça a importância das parcerias entre indústrias de diferentes setores, promovendo a transferência de conhecimento e incentivando a inovação em áreas como aeronáutica e exploração espacial.Para o DLR, que já utiliza o CMC em outros componentes aeroespaciais, a parceria com a IWC permitiu que o centro explorasse o uso desse material em uma escala menor e com novas formas, atendendo demandas específicas para o setor de relógios.

A DLR, por sua vez, destacou que essa iniciativa contribui para a economia sustentável e para a expansão das aplicações aeroespaciais da Alemanha, através de seus 54 institutos e instalações de pesquisa. A expertise da DLR na exploração de tecnologias avançadas se alinha com os objetivos da IWC de inovar no setor de relógios, resultando numa sinergia entre o design de produtos de luxo e as exigências de resistência e durabilidade típicas das aplicações aeroespaciais.

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