Rafael Nadal na final de Roland Garros (Adam Pretty/Getty Images)
Ivan Padilla
Publicado em 5 de junho de 2022 às 12h31.
Última atualização em 7 de junho de 2022 às 10h46.
Rafael Nadal conquistou seu 14º título de Roland Garros, em Paris, de maneira épica. Menos pela final, em que bateu com tranquilidade o norueguês Casper Ruud, oitavo colocado no ranking da ATP. O jogo de hoje foi o que se esperava: domínio de Nadal, que jogou com muita consistência e venceu com as parciais de 6/3, 6/3 e 6/0.
Os grandes feitos de Nadal, quinto colocado no ranking mundial, aconteceram nos jogos anteriores. Nas quartas de final, ele bateu o sérvio Novak Djokovic em um jogo antológico de mais de quatro horas, decidido somente no tiebreak do quarto set. Na semifinal, contou com a sorte. Estava vencendo o alemão Alexander Zverev por um set a zero, com 6 a 6 no segundo. Mas estava jogando pior. Até que Zverev se lesionou e abandonou o jogo.
Rafael Nadal vinha embalado para levar o título hoje. Nas 13 finais que disputou em Roland Garros, ganhou todas. Ele teve o melhor começo de ano de sua carreira, com vitórias no Aberto da Austrália, ATP de Acapulco e ATP de Melbourne, mas foi praticamente obrigado a desistir no Master 1000 de Roma, duas semanas antes de Roland Garros, pela lesão no pé.
Há quem aposte que esta foi sua despedida de Roland Garros, em grandíssimo estilo. Nadal sofre há anos da síndrome de Müller-Weiss, uma doença degenerativa, que no caso do jogador atinge o osso navicular do pé esquerdo. Por causa dessa lesão ele foi eliminado com muita dor das oitavas de final do torneio de Roma.
"Prefiro perder a final e ter um pé novo que me permita ser mais feliz no meu dia a dia", disse Nadal depois da semifinal em Roland Garros. "Vencer é bonito e enche o jogador de adrenalina e alegria momentânea, mas a vida é muito mais importante do que qualquer título. Tenho uma vida pela frente e gostaria de praticar esportes amadores com meus amigos e agora isso é desconhecido."
Segundo o jornal espanhol Marca, Nadal deve parar pelos próximos meses para tratar da lesão e não deve jogar em Wimbledon, em julho. O espanhol, que completou 36 anos na sexta-feira passada, já havia perdido os últimos meses da temporada passada por causa das dores no pé. Se ele parar este ano, pela idade e pela gravidade da lesão, vai ser difícil voltar.
Na final em Roland Garros, do outro lado da quadra estava um outro especialista em saibro. Ninguém venceu tantos títulos na terra vermelha desde o início de 2021 quanto Casper Ruud. Foram seis até sua final inédita em um Grand Slam. Se Nadal é o rei do saibro, Ruud merece o título de príncipe.
Ruud se colocou antes da final como um aprendiz de Nadal. O norueguês treina na academia Rafa Nadal, em Maiorca, na Espanha. Nunca se enfrentaram em um jogo oficial, mas já jogaram alguns sets em treinos. “Sempre foi apertado, mas deixei ele ganhar na maioria das vezes porque quis ser um bom convidado”, brincou Ruud, em entrevista antes da final.
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Esta foi a primeira final de um Grand Slam de Ruud, de 23 anos. Já Nadal é o recordista absoluto em conquistas dos quatro principais torneios do mundo. Ele venceu 22 títulos de Grand Slam, enquanto Roger Federer e Novak Djokovic têm 20 cada um.
Nadal conquistou ao longo desses anos a difícil torcida parisiense com suas muitas conquistas na terra e sua discreta simpatia. Antes de cada partida ele faz questão de cumprimentar os juízes de linhas e os adolescentes que trabalham como pegadores de bola. Também gosta de fazer embaixadinhas com a bolinha nos treinos. Ruud, como azarão, também contou com apoio de parte do público, que levou bandeiras da Noruega para homenagear o tenista. Mas não foi desta vez.