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Que uvas são essas? Novos vinhos espanhóis chegam ao Brasil

Godello e monastrell são alternativas à chardonnay e à malbec. Confira também rótulos tradicionais de Rioja e Ribero del Duero

Murviedro Sericis Cepas Viejas Monastrell 2018: seco e acidez média (Grand Cru/Divulgação)
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 1 de maio de 2024 às 12h34.

Última atualização em 2 de maio de 2024 às 14h20.

Os vinhos espanhóis não estão entre os mais comercializados por importadoras, a exemplo da Grand Cru, mas novos rótulos começam a chegar aos poucos por aqui. A importadora apresentou nesta semana novidades de uvas menos conhecidas, mas também de regiões mais tradicionais como Ribera del Duero e Rioja.

“Os vinhos espanhóis têm ótima relação custo-benefício, e mesmo na alta gama encontramos boas opções”, diz Ari Gorenstein, co-CEO do grupo Vissimo, dono nas marcas Evino e Grand Cru. “Temos apostado na região e renovado nosso portfólio.”

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“Em geral são vinhos menos austeros, mais frescos e vibrante, não necessariamente com tanino agressivo, e que acompanham melhor os pratos”, diz Vinicius Santiago, head sommelier do grupo Vissimo, que conduziu uma degustação com um grupo de jornalistas especializados de quatro novos rótulos, todos na faixa de 200 reais. Acompanhe as novidades.

O vinho para brunch

Los Capellanes Luar do Sil 2022: alternativa à chardonnay (Grand Cru/Divulgação)

O Los Capellanes Luar do Sil 2022 é produzido na Galícia, no noroeste da Espanha, uma região bastante úmida. É um vinho branco feito inteiramente de uva godello, pouco conhecida no Brasil, mas que lembra bastante a chardonnay.

“É uma casta na qual não prestamos tanta atenção, com toques de damasco e nectarina”, afirma Santiago. Aroma também de frutos de caroço muito maduros e frutas tropicais como maracujá, com notas de flores brancas e balsâmico.

É um vinho seco, de intensidade média, com boa acidez, fácil de beber. Vem com tampa de vidro, tendência de vedação que aponta para vinhos mais jovens.

Vai bem com no verão, com peixes, frutos do mar, saladas, vegetais assados e grelhados. Também uma excelente opção para uma refeição leve de dia, como um brunch. Uma grata surpresa na degustação.

Um tradicional Rioja

Talvez seja o estereótipo de um bom vinho espanhol. O Viña Real Crianza 2020 é um típico vinho de La Rioja, no norte da Espanha. Dessas uvas provenientes da Rioja Alavesa, constituída por pequenas localidades, ao pé da Serra Cantábrica, região de solos calcáriosé feito este vinho com muita acidez e fruta fresca.

Esse crianza, envelhecido em barricas usadas de carvalho francês e americano por 13 meses, é constituído de 90% tempranillo e 10% de garnacha, mazuelo e graciano. “É um blend bem tradicional, de outros produtores parceiros dessa com aroma de baunilha, um aroma que nem sempre um crianza solta”, diz Santiago.

O vinho remete a carvalho e tabaco e vai bem com carré de cordeiro ou codornas com judias blancas, um prato típico da região, que não pede tanto tanino. É um rótulo fino, elegante no paladar, muito equilibrado e gastronômico.

“Tenho visto demanda por vinhos que harmonizem bem com os praros”, conta Santiago. “O cliente não quer errar na hora de servir a comida, e esse vinho caba sendo uma boa opção para esses pratos com carne.” O rótulo pontuação 92 no James Suckling.

Quem precisa de comida?

O nome remete à região, onde antes passava uma rota da seda. O Murviedro Sericis Cepas Viejas Monastrell 2018 é feito 100% de monastrell, uma uva que precisa de muito calor para amadurecer e encontra um bom terroir no sul da Espanha.

É envelhecido por 14 meses em barrica de carvalho francês e traz notas de especiarias. Meio adocicado, lembra até um manjar com coco na boca. No paladar, é seco, com acidez média, tanino também médio para mais. “É um vinho sedoso, aveludado e combina mais com o que o brasileiro gosta de beber sozinho”, diz Santiago.

O Murviedro lembra vinhos de primitivo e malbec e vai bem com churrasco, mas também cai bem sem acompanhamento. Fica macio na boca, tem tanino mais firme, segura bem proteína, mas não é necessariamente pesado. Está mais para suculento do que austero.

Cartão de visita de Ribera del Duero

Marques del Altrio Valderivero Robles 2022: boa introdução à região de Ribera del Duero (Grand Cru/Divulgação)

Está entre os tintos mais almejados da Espanha. A altitude da região cria uvas diferentes, em três níveis do rio Duero, com terras mais férteis na parte de baixo e solos mais pobres no cume. O Marques del Altrio Valderivero Robles 2022 é feito desse blend, com 100% de tempranillo.

É envelhecido por cinco meses em barrica de carvalho. Com aroma de mirtilo, ameixa preta, com toque de madeira, toque de coco, baunilha. Tem corpo médio, é um vinho que não assusta.

“É um bom vinho de início para conhecer a região, para quem não está tao acostumado ao tempranillo, com fruta preta, álcool equilibrado, fresco no paladar, elegante e muito gastronômico, cor cereja muito intensa”, diz Santiago.

É um vinho para consumo com carnes, vai bem com aquelas de cozimento mais com favas, por exemplo, ensopados e queijos de média cura. O rótulo, com ar vintage, traz um charme a mais.

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