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Polo Vera Cruz vai retomar suas atividades

Em breve, será lançado pela prefeitura de São Bernardo um edital de concessão do Complexo Cinematográfico

O objetivo é resgatar o protagonismo das décadas de 1940 e 1950 (Divulgação/Facebook)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2014 às 10h10.

São Paulo - O Polo Vera Cruz, um dos principais centros de produção da história do cinema brasileiro, está prestes a ter seu fôlego retomado. Em breve, será lançado pela prefeitura de São Bernardo um edital de concessão do Complexo Cinematográfico Vera Cruz.

Segundo o secretário de Cultura da cidade do Grande ABC, Osvaldo Oliveira Neto, o objetivo é resgatar o protagonismo das décadas de 1940 e 1950, quando a companhia foi criada.

O projeto deve consumir cerca de R$ 160 milhões e a empresa que vencer a licitação terá o direito a explorar por 20 anos uma estrutura que compreende quatro estúdios, salas de pós-produção, teatro, além de estacionamento, restaurante e cafeteria.

Em contrapartida, além da obra, a empresa deverá bancar uma escola de cinema além de fomentar empregos, ações que já estão em funcionamento.

Quando o italiano Franco Zampari fundou, em 1949, em um imenso terreno em São Bernardo do Campo, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, não imaginava que, 65 anos depois, os imensos estúdios que abrigaram as filmagens de clássicos do cinema brasileiro hoje não passariam de dois grandes galpões.

Fruto de um ambicioso projeto que chacoalhou a cultura brasileira da época e que compreendia também o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), a companhia foi a primeira tentativa de se produzir um cinema industrial no País, mas sua sobrevivência esbarrou em problemas administrativos.

"Ainda que as condições físicas sejam boas, chamar de estúdios é uma forma carinhosa. O que temos hoje são dois galpões, que recebem esporadicamente feiras e convenções", explica o secretário de cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto.

Zampari tampouco imaginaria que, após diversas tentativas de retomar as atividades do complexo Vera Cruz ao longo dos anos, a solução estivesse em um plano que passa pela instalação de uma escola, o Centro Livre de Audiovisual, pela Lei do Cabo e pela divisão de tarefas entre poder público e privado.

Além da escola, que já está em funcionamento e forma este ano sua primeira turma de 90 alunos, a prefeitura de São Bernardo deve lançar este mês um edital de concessão do Complexo Cinematográfico Vera Cruz.

Segundo Oliveira Neto, a criação do edital tem como principal objetivo resgatar o protagonismo cinematográfico das décadas de 1940 e 1950.

"Há tempos, existe a vontade pública de revitalizar os estúdios Vera Cruz. E um plano vem sendo criado ao longo dos últimos anos. Durante o processo de planejamento, a Lei do Cabo se revelou uma nova possibilidade, pois o interesse por espaços para filmagens aumentou muito."

Lei do Cabo

Sancionada em 2012, a lei obriga que 30% da programação veiculada pelos canais de TV a cabo sejam de programação nacional. Além de movimentar o setor audiovisual nacional, a nova lei possibilitou que um novo modelo de negócios fosse pensado para a nova Vera Cruz: a concessão pública. Sendo assim, não será necessário privatizar ou perder o espaço.

"Poderemos unir os interesses públicos e privados. Oferecemos educação gratuita, além de acesso à cultura e uma incentivadora de empregos. E dividimos o comando da cadeia produtiva com o setor privado, que poderá utilizar e alugar o espaço", explica Oliveira Neto.

"O setor criativo, o audiovisual, não pode depender totalmente da burocracia pública. Isso porque a prefeitura não produz cinema. Por mais linhas de ação que ela possa trazer, não é isso que alimenta uma cadeia audiovisual. É preciso haver um modelo híbrido e autossustentável", defende.

O secretário prevê que, com o mercado aquecido tanto pela Lei do Cabo quanto pela atual boa fase do cinema brasileiro, o interesse do setor privado pelo Complexo Vera Cruz seja grande.

"Atualmente, quando se fala em audiovisual, não se pensa só em cinema ou TV, mas também internet, tablets, celular. Este potencial deve ser aproveitado pela empresa que vencer a licitação e que terá o direito de explorar o espaço por duas décadas", explica o secretário. "Nossos alunos também. Eles já saem formados tanto para atuar em várias frentes do audiovisual, pois a escola, que tem o professor Sergio Martinelli (organizador do livro ‘Vera Cruz - Imagens e História do Cinema Brasileiro’) no comando, também funciona como produtora e realiza trabalhos para o mercado", informa.

Fruto de parceria da cidade com o Ministério da Cultura, o Centro Livre de Audiovisual forma alunos em cinema e animação 3D e metade dos estudantes vem da região. O restante é do Rio e outros Estados.

Entre outras tarefas a serem cumpridas pelo vencedor da licitação, está a manutenção do Centro Livre. "Como contrapartida, entre diversas obrigações, além da obra a ser realizada, o escolhido deverá bancar a escola e a incubadora de empregos, que serão transferidos para o complexo", diz Oliveira Neto.

Por obrigação, entenda-se a revitalização do Polo Vera Cruz, a realização de obras como a construção de um estúdio grande, dois médios e quatro de pequeno porte.

Além disso, há a finalização de um teatro de quase mil lugares, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, com salas anexas para abrigar equipes de pré e pós-produção audiovisual, além de estacionamento, restaurante, cafeteria. O investimento total gira em torno de R$ 160 milhões e dará à empresa o direito de explorar comercialmente o espaço, que será capaz de abrigar produções publicitárias, programas de TV, cinema e animação.

A licitação permite tanto um pool de empresas como uma única administradora. "Elas poderão também trazer sua carteira de clientes, mas um dos grandes chamarizes do polo é sua estrutura incomparável."

O plano, que a prefeitura de São Bernardo chama de Ambientação do Cinema, tem como principal objetivo estimular a ideia de produção cinematográfica em 360º. "Queremos que quem venha para cá pense: ‘Lá, tenho tudo. Desde mão de obra até locações, desde centro urbano, área de manancial, serra, praia próxima, estou a 15 minutos de São Paulo", explica o secretário.

Para que o plano seja finalizado, o edital de concessão do Complexo é peça fundamental e deverá ser posto em prática até o final do ano. "O polo ganhará ainda o Memorial Vera Cruz, com tesouros da companhia, cujo acervo pertence hoje à família do cineasta Walter Hugo Khouri. Serão expostos adereços, figurinos e até o lendário caminhão do Mazzaropi."

Para Oliveira Neto, as medidas pretendem tornar São Bernardo uma cidade do cinema. "Com o novo polo, vamos retomar nossa vocação. Estamos estimulando a cultura de cinema até nos bares da cidade, que organizam sessões de filmes em telões. Com a formação de profissionais, o ciclo se fecha. O Martinelli costuma brincar que já temos o hardware, o software e agora estamos formando o ‘peopleware’."

Foi pioneira na produção de cinema industrial

Fundada pelo italiano Franco Zampari em 1949, a Vera Cruz foi construída em um terreno cedido pela Família Matarazzo, em São Bernardo do Campo.

Em cinco anos, produziu 18 filmes, introduziu no País equipamentos de última geração e trouxe profissionais experientes, além de ser um dos primeiros centros de formação em cinema brasileiro.

Foi pioneira ao apostar nos ‘filmes de Cangaço’ e nos ‘filmes de Caipira’ e tornar famosos os talentos nomes que hoje fazem parte da história, como Anselmo Duarte, Tônia Carrero e Paulo Autran.

A partir de 1953, com problemas na administração e no sistema de distribuição, entrou em crise. Nem mesmo um empréstimo milionário e as coproduções foram capazes de salvá-la.

Apesar de várias tentativas, que começaram com os irmãos Walter Hugo e William Khouri (que assumiram a companhia e produziram coproduziram vários longas até 1976) e passaram até por outros planos de revitalização feitos pela prefeitura de São Bernardo, até hoje a companhia não voltou à ativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - O Polo Vera Cruz, um dos principais centros de produção da história do cinema brasileiro, está prestes a ter seu fôlego retomado. Em breve, será lançado pela prefeitura de São Bernardo um edital de concessão do Complexo Cinematográfico Vera Cruz.

Segundo o secretário de Cultura da cidade do Grande ABC, Osvaldo Oliveira Neto, o objetivo é resgatar o protagonismo das décadas de 1940 e 1950, quando a companhia foi criada.

O projeto deve consumir cerca de R$ 160 milhões e a empresa que vencer a licitação terá o direito a explorar por 20 anos uma estrutura que compreende quatro estúdios, salas de pós-produção, teatro, além de estacionamento, restaurante e cafeteria.

Em contrapartida, além da obra, a empresa deverá bancar uma escola de cinema além de fomentar empregos, ações que já estão em funcionamento.

Quando o italiano Franco Zampari fundou, em 1949, em um imenso terreno em São Bernardo do Campo, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, não imaginava que, 65 anos depois, os imensos estúdios que abrigaram as filmagens de clássicos do cinema brasileiro hoje não passariam de dois grandes galpões.

Fruto de um ambicioso projeto que chacoalhou a cultura brasileira da época e que compreendia também o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), a companhia foi a primeira tentativa de se produzir um cinema industrial no País, mas sua sobrevivência esbarrou em problemas administrativos.

"Ainda que as condições físicas sejam boas, chamar de estúdios é uma forma carinhosa. O que temos hoje são dois galpões, que recebem esporadicamente feiras e convenções", explica o secretário de cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto.

Zampari tampouco imaginaria que, após diversas tentativas de retomar as atividades do complexo Vera Cruz ao longo dos anos, a solução estivesse em um plano que passa pela instalação de uma escola, o Centro Livre de Audiovisual, pela Lei do Cabo e pela divisão de tarefas entre poder público e privado.

Além da escola, que já está em funcionamento e forma este ano sua primeira turma de 90 alunos, a prefeitura de São Bernardo deve lançar este mês um edital de concessão do Complexo Cinematográfico Vera Cruz.

Segundo Oliveira Neto, a criação do edital tem como principal objetivo resgatar o protagonismo cinematográfico das décadas de 1940 e 1950.

"Há tempos, existe a vontade pública de revitalizar os estúdios Vera Cruz. E um plano vem sendo criado ao longo dos últimos anos. Durante o processo de planejamento, a Lei do Cabo se revelou uma nova possibilidade, pois o interesse por espaços para filmagens aumentou muito."

Lei do Cabo

Sancionada em 2012, a lei obriga que 30% da programação veiculada pelos canais de TV a cabo sejam de programação nacional. Além de movimentar o setor audiovisual nacional, a nova lei possibilitou que um novo modelo de negócios fosse pensado para a nova Vera Cruz: a concessão pública. Sendo assim, não será necessário privatizar ou perder o espaço.

"Poderemos unir os interesses públicos e privados. Oferecemos educação gratuita, além de acesso à cultura e uma incentivadora de empregos. E dividimos o comando da cadeia produtiva com o setor privado, que poderá utilizar e alugar o espaço", explica Oliveira Neto.

"O setor criativo, o audiovisual, não pode depender totalmente da burocracia pública. Isso porque a prefeitura não produz cinema. Por mais linhas de ação que ela possa trazer, não é isso que alimenta uma cadeia audiovisual. É preciso haver um modelo híbrido e autossustentável", defende.

O secretário prevê que, com o mercado aquecido tanto pela Lei do Cabo quanto pela atual boa fase do cinema brasileiro, o interesse do setor privado pelo Complexo Vera Cruz seja grande.

"Atualmente, quando se fala em audiovisual, não se pensa só em cinema ou TV, mas também internet, tablets, celular. Este potencial deve ser aproveitado pela empresa que vencer a licitação e que terá o direito de explorar o espaço por duas décadas", explica o secretário. "Nossos alunos também. Eles já saem formados tanto para atuar em várias frentes do audiovisual, pois a escola, que tem o professor Sergio Martinelli (organizador do livro ‘Vera Cruz - Imagens e História do Cinema Brasileiro’) no comando, também funciona como produtora e realiza trabalhos para o mercado", informa.

Fruto de parceria da cidade com o Ministério da Cultura, o Centro Livre de Audiovisual forma alunos em cinema e animação 3D e metade dos estudantes vem da região. O restante é do Rio e outros Estados.

Entre outras tarefas a serem cumpridas pelo vencedor da licitação, está a manutenção do Centro Livre. "Como contrapartida, entre diversas obrigações, além da obra a ser realizada, o escolhido deverá bancar a escola e a incubadora de empregos, que serão transferidos para o complexo", diz Oliveira Neto.

Por obrigação, entenda-se a revitalização do Polo Vera Cruz, a realização de obras como a construção de um estúdio grande, dois médios e quatro de pequeno porte.

Além disso, há a finalização de um teatro de quase mil lugares, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, com salas anexas para abrigar equipes de pré e pós-produção audiovisual, além de estacionamento, restaurante, cafeteria. O investimento total gira em torno de R$ 160 milhões e dará à empresa o direito de explorar comercialmente o espaço, que será capaz de abrigar produções publicitárias, programas de TV, cinema e animação.

A licitação permite tanto um pool de empresas como uma única administradora. "Elas poderão também trazer sua carteira de clientes, mas um dos grandes chamarizes do polo é sua estrutura incomparável."

O plano, que a prefeitura de São Bernardo chama de Ambientação do Cinema, tem como principal objetivo estimular a ideia de produção cinematográfica em 360º. "Queremos que quem venha para cá pense: ‘Lá, tenho tudo. Desde mão de obra até locações, desde centro urbano, área de manancial, serra, praia próxima, estou a 15 minutos de São Paulo", explica o secretário.

Para que o plano seja finalizado, o edital de concessão do Complexo é peça fundamental e deverá ser posto em prática até o final do ano. "O polo ganhará ainda o Memorial Vera Cruz, com tesouros da companhia, cujo acervo pertence hoje à família do cineasta Walter Hugo Khouri. Serão expostos adereços, figurinos e até o lendário caminhão do Mazzaropi."

Para Oliveira Neto, as medidas pretendem tornar São Bernardo uma cidade do cinema. "Com o novo polo, vamos retomar nossa vocação. Estamos estimulando a cultura de cinema até nos bares da cidade, que organizam sessões de filmes em telões. Com a formação de profissionais, o ciclo se fecha. O Martinelli costuma brincar que já temos o hardware, o software e agora estamos formando o ‘peopleware’."

Foi pioneira na produção de cinema industrial

Fundada pelo italiano Franco Zampari em 1949, a Vera Cruz foi construída em um terreno cedido pela Família Matarazzo, em São Bernardo do Campo.

Em cinco anos, produziu 18 filmes, introduziu no País equipamentos de última geração e trouxe profissionais experientes, além de ser um dos primeiros centros de formação em cinema brasileiro.

Foi pioneira ao apostar nos ‘filmes de Cangaço’ e nos ‘filmes de Caipira’ e tornar famosos os talentos nomes que hoje fazem parte da história, como Anselmo Duarte, Tônia Carrero e Paulo Autran.

A partir de 1953, com problemas na administração e no sistema de distribuição, entrou em crise. Nem mesmo um empréstimo milionário e as coproduções foram capazes de salvá-la.

Apesar de várias tentativas, que começaram com os irmãos Walter Hugo e William Khouri (que assumiram a companhia e produziram coproduziram vários longas até 1976) e passaram até por outros planos de revitalização feitos pela prefeitura de São Bernardo, até hoje a companhia não voltou à ativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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