Política pode ter impacto na premiação do Oscar 2013
Exibidos em 2012, ano eleitoral nos Estados Unidos, os grandes favoritos da 83ª edição do prêmio têm um forte componente político
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 13h38.
Los Angeles - Exibidos em 2012, ano eleitoral nos Estados Unidos, os grandes favoritos da 83ª edição do Oscar têm um forte componente político, o que pode influenciar o caminho para a conquista do prêmios mais ambicionado por Hollywood.
Coincidência ou não, as críticas que defensores de um maior controle sobre o porte de armas fizeram contra o sangrento "Django Livre" e as discussões sobre as torturas feitas pela CIA, tema de "A hora mais escura", alimentaram calorosos debates políticos.
Mas o filme mais político a caminho da glória nos prêmios da Academia no próximo domingo é "Lincoln", de Steven Spielberg, elogiado pelo ex-presidente americano Bill Clinton durante aparição surpresa na premiação dos Globo de Ouro, em janeiro passado.
Clinton usou o embate político por Lincoln no filme para fazer alusão ao confronto entre democratas e republicanos do governo Barack Obama.
"Uma dura batalha para aprovar uma lei numa câmara de representantes muito dividida", disse Clinton. "Para ganhar, o presidente precisou chegar a muitos acordos desagradáveis... eu não sei nada disso", ironizou.
Em "Lincoln", o 16º presidente americano busca o apoio do Congresso para implementar a 13ª emenda constitucional, que pôs fim à escravidão.
"Lincoln" chega à 85ª edição da entrega dos Oscar com a maior quantidade de indicações (12). Mesmo assim - e com o ilustre apoio de Clinton - não tem vitória garantida na cerimônia, que se tornou a mais imprevisível dos últimos tempos.
Já o thriller político "Argo", que conquistou quase todos os prêmios pré-Oscar da temporada, conta a história de como a CIA, com a ajuda de Hollywood, resgatou seis diplomatas americanos escondidos na embaixada do Canadá em Teerã durante a revolução iraniana de 1979.
O desastre diplomático dos Estados Unidos poderia ter decidido definitivamente o destino do então presidente democrata Jimmy Carter.
Lembrar os eleitores americanos desta débacle talvez não tenha ajudado muito os democratas ano passado, já que o filme focaliza a audácia do corpo operacional da CIA e salva a pele do presidente Carter.
Um filme indicado ao Oscar que definitivamente serve para melhorar a imagem de Obama é definitivamente "A hora mais escura", história de Kathryn Bigelow sobre os 10 anos da busca ao chefe da Al-Qaida, Osama Bin Laden.
Na verdade, o risco de que fosse considerado propaganda política era tanto (o clímax se passava no maior trunfo militar de Obama: a emboscada ao esconderijo de Bon Laden no Paquistão), que o filme só estreou em 6 de novembro, depois que as eleições presidenciais terminaram.
Mas logo teve início um caloroso debate sobre a descrição feita pelo filme das "técnicas melhoradas de interrogatório" - ou tortura - e especificamente sobre o papel desempenhado por elas na descoberta de Bin Laden.
O chefe da CIA e muitos congressistas criticaram o filme por fazer crer que a tortura foi a chave para chegar até Bin Laden, acusação que a vencedora do Oscar Bigelow desmentiu repetidas vezes.
"Acredito que Osama Bon Laden foi encontrado graças a um engenhoso trabalho de investigação. A tortura foi, contudo, e como todos nós sabemos, usada durante os primeiros anos desta busca. Isso não significa que tenha sido fundamental", afirmou a diretora.
Seja como for, o debate pode ter diminuído as possibilidades do filme ganhar o Oscar de melhor filme, já que o júri poderia resistir a votar em um filme tão político.
Contudo, a controvérsia política mais evidente chegou pelas mãos de "Django Livre", de Quentin Tarantino.
Com o toque pessoal do diretor, o filme sobre um escravo libertado por um caçador de recompensas nos anos que antecederam a Guerra Civil mostra quase três horas de caos sangrento.
Dias antes da estreia, o massacre de 20 crianças em uma escola da cidade de Newtown, Connecticut, levou os americanos a debaterem novamente o tema da violência no cinema, o que levou Tarantino a adiar em uma semana o lançamento do filme.
O diretor Spike Lee qualificou o filme de "desrespeitoso". Vários bonecos que representavam os personagens da trama acabaram sendo retirados do mercado.
Tarantino, que está acostumado a defender a violência de seus filmes, disse à rádio NPR: "Sim, estou muito chateado". O filme não tem nada a ver com o massacre da escola, afirmou.
"Isto é um desrespeito à memória das crianças. O tema deve ser o controle de armas e a saúde mental", disse Tarantino.
Apesar dos argumentos, "Django" teve as possibilidades de levar a estatueta dourada reduzidas subitamente.
Los Angeles - Exibidos em 2012, ano eleitoral nos Estados Unidos, os grandes favoritos da 83ª edição do Oscar têm um forte componente político, o que pode influenciar o caminho para a conquista do prêmios mais ambicionado por Hollywood.
Coincidência ou não, as críticas que defensores de um maior controle sobre o porte de armas fizeram contra o sangrento "Django Livre" e as discussões sobre as torturas feitas pela CIA, tema de "A hora mais escura", alimentaram calorosos debates políticos.
Mas o filme mais político a caminho da glória nos prêmios da Academia no próximo domingo é "Lincoln", de Steven Spielberg, elogiado pelo ex-presidente americano Bill Clinton durante aparição surpresa na premiação dos Globo de Ouro, em janeiro passado.
Clinton usou o embate político por Lincoln no filme para fazer alusão ao confronto entre democratas e republicanos do governo Barack Obama.
"Uma dura batalha para aprovar uma lei numa câmara de representantes muito dividida", disse Clinton. "Para ganhar, o presidente precisou chegar a muitos acordos desagradáveis... eu não sei nada disso", ironizou.
Em "Lincoln", o 16º presidente americano busca o apoio do Congresso para implementar a 13ª emenda constitucional, que pôs fim à escravidão.
"Lincoln" chega à 85ª edição da entrega dos Oscar com a maior quantidade de indicações (12). Mesmo assim - e com o ilustre apoio de Clinton - não tem vitória garantida na cerimônia, que se tornou a mais imprevisível dos últimos tempos.
Já o thriller político "Argo", que conquistou quase todos os prêmios pré-Oscar da temporada, conta a história de como a CIA, com a ajuda de Hollywood, resgatou seis diplomatas americanos escondidos na embaixada do Canadá em Teerã durante a revolução iraniana de 1979.
O desastre diplomático dos Estados Unidos poderia ter decidido definitivamente o destino do então presidente democrata Jimmy Carter.
Lembrar os eleitores americanos desta débacle talvez não tenha ajudado muito os democratas ano passado, já que o filme focaliza a audácia do corpo operacional da CIA e salva a pele do presidente Carter.
Um filme indicado ao Oscar que definitivamente serve para melhorar a imagem de Obama é definitivamente "A hora mais escura", história de Kathryn Bigelow sobre os 10 anos da busca ao chefe da Al-Qaida, Osama Bin Laden.
Na verdade, o risco de que fosse considerado propaganda política era tanto (o clímax se passava no maior trunfo militar de Obama: a emboscada ao esconderijo de Bon Laden no Paquistão), que o filme só estreou em 6 de novembro, depois que as eleições presidenciais terminaram.
Mas logo teve início um caloroso debate sobre a descrição feita pelo filme das "técnicas melhoradas de interrogatório" - ou tortura - e especificamente sobre o papel desempenhado por elas na descoberta de Bin Laden.
O chefe da CIA e muitos congressistas criticaram o filme por fazer crer que a tortura foi a chave para chegar até Bin Laden, acusação que a vencedora do Oscar Bigelow desmentiu repetidas vezes.
"Acredito que Osama Bon Laden foi encontrado graças a um engenhoso trabalho de investigação. A tortura foi, contudo, e como todos nós sabemos, usada durante os primeiros anos desta busca. Isso não significa que tenha sido fundamental", afirmou a diretora.
Seja como for, o debate pode ter diminuído as possibilidades do filme ganhar o Oscar de melhor filme, já que o júri poderia resistir a votar em um filme tão político.
Contudo, a controvérsia política mais evidente chegou pelas mãos de "Django Livre", de Quentin Tarantino.
Com o toque pessoal do diretor, o filme sobre um escravo libertado por um caçador de recompensas nos anos que antecederam a Guerra Civil mostra quase três horas de caos sangrento.
Dias antes da estreia, o massacre de 20 crianças em uma escola da cidade de Newtown, Connecticut, levou os americanos a debaterem novamente o tema da violência no cinema, o que levou Tarantino a adiar em uma semana o lançamento do filme.
O diretor Spike Lee qualificou o filme de "desrespeitoso". Vários bonecos que representavam os personagens da trama acabaram sendo retirados do mercado.
Tarantino, que está acostumado a defender a violência de seus filmes, disse à rádio NPR: "Sim, estou muito chateado". O filme não tem nada a ver com o massacre da escola, afirmou.
"Isto é um desrespeito à memória das crianças. O tema deve ser o controle de armas e a saúde mental", disse Tarantino.
Apesar dos argumentos, "Django" teve as possibilidades de levar a estatueta dourada reduzidas subitamente.