Outsider da moda brasileira? Airon Martin troca desfile na SPFW por evento para multimarcas
“Decidi apresentar a Misci a um showroom de moda para o Brasil inteiro. A expectativa é vender R$ 120 milhões em quatro dias de evento”, diz Martin
Repórter de Casual
Publicado em 21 de março de 2024 às 17h14.
Última atualização em 22 de março de 2024 às 09h36.
Há quatro anos Airon Martin estreava a primeira coleção da Misci na São Paulo Fashion Week . De lá para cá, o estilista mato-grossense expandiu com a marca autoral, e hoje conta com três pontos físicos em São Paulo, sendo uma loja no shopping de luxo Cidade Jardim. Porém, para o estilista, é preciso que haja faturamento para além da apresentação de suas peças na semana de moda. “A SPFW tem um lado de apresentar marcas menores e novas. Sou muito grato por ter passado por lá, mas preciso falar de negócios”, diz.
Para lucrar com suas apresentações, Martin decidiu exibir suas criações no Contemporâneo Showroom, evento menos conhecido pelo glamour e voltado para multimarcas e marcas de moda. “Decidi apresentar a Misci a um showroom de moda para o Brasil inteiro. A expectativa é vender R$ 120 milhões em quatro dias de evento”, diz Martin. “Preciso que minha marca seja vista desta forma”.
Na edição passada participaram 500 lojistas compradores e mais de 3 mil pessoas.Para este ano, são esperadas 62 marcas e 4.000 pessoas.
Enquanto o line up da 57ª edição da SPFW contará com 27 desfiles, no Contemporâneo Showroom apenas a Misci irá desfilar. A coleção deste ano se chamará Tenda Tripa.
Com décadas de eventos na Bienal do Ibirapuera, há algumas edições a SPFW migrou para outros locais da cidade, desde a Pinacoteca ao Shopping Iguatemi, onde acontece a edição deste ano.
Coincidência ou não, o Contemporâneo Showroom passou suas apresentações do Shopping JK Iguatemi para a Bienal do Ibirapuera. "O negócio sempre teve uma demanda maior que a capacidade física do espaço que ocupávamos antes, no Shopping JK Iguatemi. Por isso eu sempre sonhei com um evento mais completo, que pudesse ser uma experiência imersiva para os clientes, trazendo conteúdos relevantes para o nosso segmento. A falta de espaço sempre foi o gargalo, mas eu não podia ir para qualquer espaço. A Bienal respira cultura, é o palco das maiores transformações da arte, da moda, da arquitetura”, diz Flavia Rotondo, idealizadora do Contemporâneo Showroom.
Com a participação no evento, Martin pretende capilarizar a marca, que atualmente está em dez multimarcas, e em um showroom em Nova York.
Após a apresentação, que acontece no dia 23 de abril, o estilista prevê expansão para até 70 multimarcas. Além do desfile haverá um painel de discussão sobre moda e negócios com o escritor e consultor de tendências Jorge Grimberg.
“O meu trabalho é muito educativo com o consumidor. Viajo para vários estados e regiões para levar a minha moda brasileira”, diz. Com tíquete médio de R$ 1,6 mil, o perfil de consumidor de Martin “é quem pode pagar por peças bem-feitas e bem-acabadas”. Dentre a lista de clientes, há desde políticos como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a primeira-dama Janja , à influenciadores digitais como Camila Coutinho .
O nome Misci se refere à palavra miscigenação, com estampas e conceitos nacionais, como a bolsa Moqueca de Pirarucu, feita com o couro do peixe nativo da Amazônia. Além dos acessórios, a proposta da marca é apresentar uma alfaiataria com detalhes no caimento, boas matérias-primas e pagamento justo aos funcionários.
Pensando no futuro, Airon imagina sua marca se expandindo para os rincões brasileiros. “O que mais me incomoda é que estou em uma bolha que diz que sabe o que é a moda. Mas o que movimenta a economia não está na minha bolha. Estou aberto a apresentar a Misci para estas pessoas”, diz.