Os novos nomes dos quadrinhos no Brasil
Conheça os artistas brasileiros que produzem desenho e roteiro para HQ
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2012 às 17h46.
Última atualização em 20 de novembro de 2018 às 15h40.
São Paulo – Há 20 anos, o melhor caminho para entrar no ramo dos quadrinhos era investir em tirinhas para jornais e revistas. Agora, os tempos mudaram. Os quadrinistas da geração 2000 já começam a desenhar e a escrever pensando em álbuns que possam ser vendidos nas livrarias. Em parte, a internet é grande responsável por essa nova tendência. Através dela é possível criar fanzines e se tornar conhecido antes mesmo de ter algum trabalho publicado. Por outro lado, para Waldomiro Vergueiro, coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Universidade de São Paulo (USP), a recepção aos trabalhos do tipo também mudou nos últimos anos. “O amadurecimento da sociedade reflete na abertura do espaço aos quadrinhos inclusive no meio acadêmico”, diz. Se antes o autor tentava se enquadrar a um determinado estilo copiando os autores de sucesso das gerações anteriores, hoje, a onda corre justamente para o sentido oposto. Os artistas estão experimentando o estilo livre, mais atento ao roteiro que somente ao virtuosismo do traço. Conversamos com nove nomes da nova geração da HQ no Brasil. Confira:
Aos 38 anos, o paulistano começou a desenhar quadrinhos há quatro anos. Ele mesmo era responsável pela distribuição dos fanzines em lojas especializadas. De lá para cá, Beyruth só soube colecionar prêmios. No último Troféu HQ Mix, por exemplo, ele elevou as estatuetas de Melhor Desenhista, Melhor Roteirista e Melhor Álbum. Todos pela publicação Bando de Dois ( Editora Zarabatana Books). Apesar disso, ele ainda não consegue se sustentar com o dinheiro que recebe pelo trabalho com quadrinhos. Atualmente, garante a sobrevivência como diretor de arte em uma agência de publicidade. É possível encontrá-lo passeando (ou inspirando-se) em lugares como Restaurante Bueno, na Liberdade, bar Z Carniceria, buteco da Dona Inês, na Aclimação, Parque da Aclimação e na Avenida Paulista, em São Paulo.
Rafael Moralez começou a desenhar para fanzines em 1992. Mas foi em 1997 que sua produção ganhou conteúdo substancial.
Pós-graduado em filosofia, ele tira o sustento do trabalho que desenvolve na área e de direitos autorais dos livros que lançou. Henfil é seu quadrinista brasileiro preferido. Mas revela não procurar ser influenciado diretamente por quadrinistas. Segundo ele, o artista Hieronymus Bosch é sua principal influência no desenho.
Pós-graduado em filosofia, ele tira o sustento do trabalho que desenvolve na área e de direitos autorais dos livros que lançou. Henfil é seu quadrinista brasileiro preferido. Mas revela não procurar ser influenciado diretamente por quadrinistas. Segundo ele, o artista Hieronymus Bosch é sua principal influência no desenho.
O artista cresceu vendo os pais devorando HQs do Asterix, Mafalda, Garfield e Chiclete com Banana. Na adolescência, se interessou pelo trabalho de Katsuhiro Otomo. Ele até rabiscava a algumas histórias, mas nunca dava um ponto final para elas. Em 1998, criou a fanzine Sociedade Radioativa, em parceria com Caeto Melo. Em 2003, o fanzine passou a ser uma revista independente.
Ex-professor de artes em colégios, ele ainda não consegue se sustentar somente com o dinheiro que tira de seus trabalhos com quadrinhos, mas vê isso como um plano futuro.
Ex-professor de artes em colégios, ele ainda não consegue se sustentar somente com o dinheiro que tira de seus trabalhos com quadrinhos, mas vê isso como um plano futuro.
Os quadrinhos sempre fizeram parte da rotina de Nestablo. Até que sentiu necessidade de se expressar também através deles. Começou sua carreira em 1993. Pelo trabalho Zona Zen, ganhou os prêmios de Melhor Ilustrador, Desenhista, Roteirista e História na premiação da PADA (Produtora Artística de Desenhistas Associados). Já com o livro ZOO arrematou o o Troféu Bigorna de melhor publicação de aventura. A obra foi selecionado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) para ser distribuído nas escolas públicas.
Ziraldo é, para Nestablo, o principal representante dos quadrinhos no Brasil. Dan De Carlo, Bruce Timm, Jordi Bernet, Osamu Tezuka são suas influências estrangeiras.
Ziraldo é, para Nestablo, o principal representante dos quadrinhos no Brasil. Dan De Carlo, Bruce Timm, Jordi Bernet, Osamu Tezuka são suas influências estrangeiras.
Daniel Galera conheceu Rafael Coutinho em 2007. Juntos, realizaram o quadrinho Cachalote, publicado em 2010 pela Companhia das Letras. Este ano, ganhou o troféu HQMIX de Novo Talento Roteirista, em 2011. Além de Cachalote, ele publicou outros quatro livros, mas nenhum de HQ. Paga as contas com o dinheiro oriundo das obras e com o salário de traduções e outros serviços editoriais. Como ele mesmo diz, Laerte e Angeli são influências óbvias entre os quadrinistas nacionais. Mas insiste em citá-los. Entre os artistas internacionais de sua preferência estão Will Eisner, Sérgio Aragonés, Frank Miller, Matt Groening, David B., Charles Burns, Yoshihiro Tatsumi, Cristophe Blain e Bastien Vivés.
Indicado ao prêmio Jabuti 2011 na categoria ilustrador, Caeto Melo já consegue pagar as contas com o dinheiro que recebe de suas histórias em quadrinho, entre elas, a HQ “Memória de elefante”. Para complementar a renda, faz trabalhos como artista gráfico. Além dos consagrados Angeli e Larte, Caeto diz que suas influências brasileiras nos quadrinhos são seus amigos Ulisses Garcez, Tiago Judas, Rafael Coutinho e Daniel Gisé. Entre seus ídolos para além mar estão Charles Burns, Daniel Clowes, David B e Marjane Satrapi.
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