Oksana Masters: ucraniana já foi medalhistas em 4 modalidades diferentes. (Jörg Carstensen/Getty Images)
Matheus Doliveira
Publicado em 1 de setembro de 2021 às 07h12.
Poucos atletas no mundo podem se gabar de terem vencido medalhas de ouro tanto nas Paralimpíadas de inverno quanto nas Paralimpíadas de verão. Até hoje, penas 28 desportistas conseguiram esse feito, entre eles está Oksana Masters, ucraniana que obteve ontem o terceiro ouro de sua carreira no handbike contra relógio H4-5.
Com a vitória, a ucraniana que compete pelo time estadunidense chegou a sua nona medalha paralímpica, a primeira de ouro em um jogo de verão. Em Pyeongchang, nos jogos de inverno sul coreanos de 2018, Masters havia conquistado seus dois primeiros ouros, competindo no esqui nórdico.
Conhecida por sua versatilidade, Masters já foi medalhista em 3 esportes diferentes: ela tem 2 ouros, 3 pratas e 2 bronzes no esqui nórdico, 1 bronze no remo e, agora, 1 ouro no ciclismo com as mãos, esse obtido em Tóquio.
Não obstante, nesta quarta-feira 1, competindo em outra modalidade, o ciclismo road race, Masters terá a oportunidade de conquistar a sua décima medalha paralímpica. "Eu só estava tentando me segurar e lutar pelo terceiro lugar. Nunca, em um milhão de anos, pensei que estaria lutando por uma medalha de ouro. Em Tóquio 2020. No ciclismo", disse aos jornalistas ontem após conquistar seu ouro
O motivo de Masters ser ucraniana mas competir na equipe estadunidense é porque ela foi adotada por sua mãe americana quando tinha 8 anos, e passou a viver em Buffalo, em Nova York.
Nascida em 1989, apenas 3 anos depois do acidente nuclear de Chernobyl, que ocorreu em 1986 e até hoje é lembrado como a maior tragédia nuclear acidental do mundo, Masters foi abandonada por sua mãe biológica ainda quando era um bebê, e até ser adotada, passou por 3 abrigos diferentes.
Por ser de uma região próxima a Chernobyl, acredita-se que a mãe biológica de Masters sofreu envenenamento por radiação quando estava grávida da atleta. Masters nasceu com pernas de tamanhos diferentes e sem a tíbia (osso da canela). Ela também tinha dedos palmados, sem polegares, seis dedos em cada pé, um rim e apenas partes de seu estômago.
Tendo amputado ambas as pernas acima da altura do joelho com 9 anos, Masters conheceu o mundo dos esportes aos 13, quando começou a praticar remo. A categoria garantiu a Masters sua primeira medalha paralímpica: um bronze em Londres, 2012.
Hoje com 32 anos, Masters é vista como uma das atletas paralímpicas mais versáteis do mundo. Enquanto o mundo fica na expectativa da décima medalha da ucraniana em Tóquio, ela já está pensando nos jogos de inverno de 2022, que acontecerão na China.