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O respeitado vinho italiano que talvez você não conheça

Elisabetta Foradori ajudou a redesenhar a identidade da região do Trentino com a uva histórica Teroldego

Nosiola: casta branca rara e ancestral do Trentino (Foradori/Divulgação)

Nosiola: casta branca rara e ancestral do Trentino (Foradori/Divulgação)

Pedro Fadanelli
Pedro Fadanelli

Especialista em vinhos

Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 09h00.

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Elisabetta Foradori é hoje um dos nomes mais respeitados do vinho italiano contemporâneo, não apenas pelos rótulos que assina, mas pela forma como ajudou a redesenhar a identidade do Trentino. Desde os anos 1980, sua atuação foi decisiva para a recuperação do prestígio de uvas locais que estavam perdendo espaço para castas internacionais, em um movimento que uniu pesquisa, sensibilidade agrícola e uma visão clara de território.

O coração desse trabalho sempre foi a Teroldego, uva tinta histórica da região de Campo Rotaliano, por muito tempo subestimada e tratada como varietal de volume. Foradori foi responsável por mostrar ao mundo o potencial de profundidade, elegância e capacidade de guarda da variedade quando cultivada com baixos rendimentos e vinificada com precisão, dando origem a alguns dos grandes tintos do norte da Itália.

Outro pilar importante dessa recuperação é a Nosiola, casta branca rara e ancestral do Trentino. De perfil delicado, marcada por frescor, notas de maçã, ervas e frutos secos, a Nosiola ganhou nova leitura dentro da filosofia da vinícola, especialmente a partir de fermentações naturais e longos estágios sobre as borras, que ampliam textura e complexidade sem perder a identidade do terroir.

Viticultura biodinâmica

A virada mais profunda no projeto aconteceu a partir dos anos 2000, quando Elisabetta iniciou a transição para a viticultura biodinâmica. Hoje, todo o vinhedo é conduzido nesse regime, com foco absoluto na saúde do solo, no equilíbrio das plantas e na mínima intervenção na adega. O resultado são vinhos cada vez mais transparentes, que expressam com nitidez as uvas, os solos aluviais e o clima alpino do Trentino.

Essa filosofia se traduz em rótulos de grande pureza de fruta, precisão aromática e estrutura sem excessos. São vinhos que não buscam impacto imediato pelo peso ou pela extração, mas sim pela tensão, pela energia e pela capacidade de evoluir em garrafa, mantendo sempre uma leitura fiel da paisagem de origem.

Recentemente tivemos a oportunidade de provar os vinhos da Foradori que estão voltando ao Brasil, agora em nova fase de importação. O que se encontrou nas taças foi uma impressionante nitidez de fruta, frescor vibrante e equilíbrio raro, confirmando que o projeto segue no mais alto nível. Mais do que grandes vinhos, são expressões autênticas de um território que encontrou em Elisabetta Foradori sua principal tradutora no mundo.

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