O novo Honda CR-V Touring: o carro japonês que parece alemão
Não, Honda, não corri risco de bater a mais nova versão do SUV topo de linha da marca. Mas pude testar os novos recursos de tecnologia embarcada
Ivan Padilla
Publicado em 25 de agosto de 2021 às 09h28.
Última atualização em 25 de agosto de 2021 às 09h33.
Sejamos justos com a Honda. Para um público fã de carteirinha, a marca japonesa é sinônimo de robustez, confiabilidade, durabilidade. Compre um Honda e tenha poucas preocupações com a manutenção do seu carro. Mas também sejamos justos com o mercado. Em termos de desejabilidade, de percepção de marca e de tecnologia, as marcas alemãs sempre estiveram em um patamar acima.
O CR-V Touring 2021, SUV topo de linha da montadora, chega para deixar a Honda mais próxima desse nicho. O que faltava para a marca japonesa ficar emparelhada aos carros de entrada de BMW, Audi e Mercedes era principalmente a tecnologia embarcada. Os novos modelos da Honda chegam agora com o chamado pacote SENSING, que faz toda a diferença. Primeiro foi o Accord. E agora o CR-V.
Em uma viagem recente ao litoral norte de São Paulo pude verificar a eficiência de algumas funcionalidades do sistema de tecnologia de segurança e assistência ao condutor. Por sorte não foi o CMBS (Collision Mitigation Braking System) com FCW (Forward Collision Warning), sistema de frenagem para mitigação de colisão. Não, Honda, não foi desta vez que corri o risco de bater o lindo CR-V 2021 na cor branca que usei no meu test drive.
Sempre na faixa
O primeiro recurso do pacote SENSING que percebi foi o LKAS (Lane Keeping Assist System), o sistema de assistência de faixa. O LKAS usa uma câmera para ler a sinalização das faixas graças a uma câmera monocular instalada na parte superior do para-brisa para identificar marcações pintadas, tartarugas e olhos de gato, em velocidades entre 72 e 145 quilômetros por hora.
Quando o LKAS vê que o motorista, no caso eu, está desviando do centro da faixa, ocorre uma correção de direção automática para ajudar a manter o posicionamento do carro. Ou seja, o veículo volta para a pista. Não me entenda mal. Não sou irresponsável, me considero fervoroso usuário do pisca alerta. Mas sofro desse mal chamado distração. No trânsito da Marginal Pinheiros ou descendo a Rodovia dos Imigrantes, o LKAS é para mim um valioso recurso.
O Honda SENSING traz outros recursos como o ACC (Adaptive Cruise Control) com LSF (Low Speed Follow), ou controle de cruzeiro adaptativo com ajuste de velocidade que ajuda a manter uma distância segura do carro à frente, e o RDM (Road Departure Mitigation System) com LDW (Lane Departure Warning), sistema para mitigação de evasão de pista.
Acabamento em madeira
Há quem considere o Honda um carro muito eficiente mas pouco charmoso, uma espécie de Volvo. Discordo fortemente dessa avaliação nos dois casos, mas entendo quem pense assim. As linhas dos carros das duas marcas, para muitos, estão mais para conservadoras do que arrojadas. Mas poucos devem discordar que, pelo menos internamente, o novo CR-V deu um passo além.
Um dos maiores charmes da nova versão do SUV é o acabamento amadeirado, presente no console central traz acabamento amadeirado, nas linhas do painel e nas laterais das laterais de portas. O material de aparência rústica convive bem com a tecnologia. Ainda no console fica o também novo carregador de celular por indução, sem cabo nenhum, além de portas USB reposicionadas para organizar melhor os dispositivos eletrônicos.
Do lado de fora as mudanças de maior destaque estão na dianteira, com uma nova grade frontal e um novo para-choque. Mais marcante, mas robusto. Na lateral, novas rodas de liga leve de 18 polegadas escurecidas e novo friso cromado. E atrás, um para-choque traseiro renovado e mais robusto, um friso dark chrome que percorre a tampa do porta-malas e acabamento fumê nas lanternas traseiras e novas saídas de escapamento retangulares.
Até pouco tempo atrás este era o flagship da Honda, posto desbancado neste mês com a chegada do Accord híbrido. O preço sugerido do CRV é 264.900 reais, similiar a um Audi A4 Prestige Plus ou um BMW Serie 3 Sedã. Ninguem paga um preço desses sem dar atenção ao motor, e faha minha não ter contado antes que o CRV-V Touring traz um eficiente 1,5 litro DOHC com injeção direta e quatro cilindros em linha com duplo controle de tempo de abertura das válvulas (Valve Timing Control - VTC).
Em números mais concretos, o motor do CR-V entrega uma potência máxima de 190 cv a 5.600 rpm e torque máximo de 24,5 kgf.m, entre 2.000 e 5.000 rpm. Suficiente para um desempenho mais do que satisfatório nas ultrapassagens da Rio-Santos. E quem sabe numa Autobahn.