Produtores de vinho precisam se adaptar aos novos tempos. (Catarina Bessell/Exame)
Head de Global Luxury Brands
Publicado em 2 de janeiro de 2024 às 07h06.
Com o termômetro global em alta, os vinhedos mundo afora enfrentam um futuro desafiador. As mudanças climáticas estão reescrevendo as regras da viticultura, exigindo uma resposta ágil e inovadora dos produtores. Afinal, não é apenas a produção que está em jogo, mas a própria essência do que consideramos um bom vinho.
No Chile, um dos pilares da indústria vitivinícola global, as consequências são palpáveis. Os viticultores veem-se diante de secas mais intensas e prolongadas, um fenômeno que está exigindo não só uma reavaliação do uso da água mas também um estudo aprofundado sobre como preservar a qualidade das uvas.
A disputa por recursos hídricos torna-se cada vez mais acirrada, e a incidência de pragas e doenças, amplificada pelas condições climáticas extremas, desafia o manejo tradicional das vinhas.
O calor excessivo acelera a maturação das uvas, alterando o calendário da colheita e, potencialmente, o perfil aromático e gustativo dos vinhos. Para garantir que a qualidade não seja comprometida, os viticultores precisam adaptar suas práticas. Isso inclui a seleção de variedades mais resistentes e a implementação de técnicas agrícolas inovadoras, como o manejo preciso do solo e o uso mais eficiente da água.
Os vinhos premium do Chile encaram um desafio ainda maior. Para eles, a consistência é chave, e qualquer variação no clima pode perturbar o delicado equilíbrio que define um vinho de alto calibre.
Diante desse cenário, investir em tecnologia e inovação não é luxo, mas uma necessidade. Ferramentas como o gerenciamento avançado de água e o monitoramento climático precisam ser vistas como investimentos essenciais para o futuro da viticultura de qualidade.
Os consumidores de vinhos de alta gama têm expectativas elevadas, e atendê-las em um contexto de instabilidade climática é um verdadeiro teste para a indústria. É crucial que as vinícolas invistam em pesquisa e desenvolvimento para entender como as mudanças climáticas afetam as variedades específicas e para desenvolver estratégias que mitiguem esses impactos.
Alguns líderes do setor, como a chilena Concha Y Toro, já estão na vanguarda, comprometendo-se com práticas sustentáveis e objetivos ambiciosos, como emissões zero até 2040. Esses são exemplos de como a adaptação e a inovação contínuas são vitais para a sustentabilidade e a excelência dos vinhos no futuro.