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#MeToo: movimento contra assédio é estrela de Festival de Berlim

Este é o primeiro grande festival de cinema da Europa organizado desde as acusações de abusos sexuais contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein

Festival de Berlim: os organizadores prometeram promover a diversidade, após a tempestade mundial desatada pelo escândalo de Weinstein (Brian Snyder/Reuters)

Festival de Berlim: os organizadores prometeram promover a diversidade, após a tempestade mundial desatada pelo escândalo de Weinstein (Brian Snyder/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 14h33.

O Festival de Berlim, o primeiro grande festival de cinema da Europa organizado desde as acusações de abusos sexuais contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, começará nesta quinta-feira com 19 filmes em competição e uma primeira controvérsia ligada à campanha #MeToo.

O cineasta americano Wes Anderson abrirá o evento com o filme de animação "Isle of Dogs", interpretado por Bryan Cranston, Bill Murray, Jeff Goldblum e Greta Gerwig.

A seguir conheça os pontos fortes do festival, que irá até 25 de fevereiro.

#MeToo

Os organizadores prometeram promover a diversidade, após a tempestade mundial desatada pelo escândalo de Weinstein.

O diretor do festival, Dieter Kosslick, indicou ter descartado durante a seleção vários filmes - "menos de cinco" -, posto que seus diretores, atores, ou pessoas ligadas à produção, eram alvo de acusações críveis de abusos sexuais.

Quatro dos 19 filmes em disputa pelo Urso de Ouro são dirigidos por mulheres. "Não é muito, mas é alguma coisa", admitiu o diretor do festival.

Kosslick também explicou que prevê um "fórum" para debater as "mudanças concretas" e necessárias para que as mulheres sejam tratadas da mesma forma que os homens na indústria do cinema.

Mas, na véspera do festival, uma atriz sul-coreana criticou a Berlinale por ter convidado o cineasta Kim Ki-Duk. Acusou este último de ter batido nela e a obrigado a gravar cenas de sexo improvisadas enquanto trabalhava para seu filme "Moebius".

A Berlinale indicou estar "à espera de informações detalhadas".

Mulheres protagonistas

As mulheres igualmente ganharão protagonismo na tela.

Claire Foy, heroína na série "The Crown", na qual vive a rainha Elizabeth II, protagoniza "Unsane", gravado com um iPhone por Steven Soderbergh ("Erin Brockovich: uma mulher de talento", "Traffic"). Nesta história digna de Hitchcock, uma mulher luta para recuperar sua liberdade após ter sido internada contra sua vontade em um centro psiquiátrico.

A francesa Isabelle Huppert (Globo de Ouro em 2017 por seu papel em "Elle") vive uma mulher fatal que invade a vida de um escritor promissor em "Eva".

"Damsel", apresentado como um faroeste feminista dirigido pelos irmãos David e Nathan Zellner, mostra o ator Robert Pattinson como um vaqueiro desajeitado que confia em salvar sua amada (Mia Wasikowska).

"Unga Astrid" explora os primeiros anos difíceis da vida de Astrid Lindgren, autora da história infantil "Píppi Meialonga".

Estrelas por trás das câmeras

Dois famosos foram colocados atrás das câmeras.

O britânico Rupert Everett, pioneiro do cinema gay, escreveu e dirigiu "The happy prince", um filme biográfico sobre os últimos dias do escritor irlandês Oscar Wilde.

Outro ator britânico, Idris Elba, que muitos veem como o futuro primeiro James Bond negro, estará presente em Berlim com "Yardie", uma imersão no universo dos traficantes de droga jamaicanos em Londres.

Temas atuais

O brasileiro José Padilha apresentará "7 dias em Entebbe", com os atores Rosamund Pike e Daniel Bruehl. O filme relata a operação israelense de libertação de reféns depois que um avião da Air France foi sequestrado pela Organização para a Libertação da Palestina em 1976.

"O processo", da brasileira Maria Augusta Ramos, é um documentário de mais de duas horas que acompanha o processo que levou à destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, do ponto de vista da defesa.

O filme norueguês "U-July 22" recria da visão das 77 vítimas o massacre executado em 2011 pelo neonazista Anders Behring Breivik.

América Latina na competição

O cineasta mexicano Alonso Ruizpalacios ("Güeros") competirá pelo Urso de Ouro com "Museo", estrelado por Gael García Bernal e Leonardo Ortizgris. Baseado em uma história real, o filme recria o espetacular assalto ao Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México executado por dois estudantes durante o Natal de 1985.

Também em competição, "Las herederas", o primeiro longa-metragem do paraguaio Marcelo Martinessi, conta a história de um casal de mulheres que enfrenta dificuldades econômicas.

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