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Lollapalooza chega ao Brasil sem peso nem ousadia

Festival que faz sua primeira edição em São Paulo mescla grandes atrações a um punhado de bandas inexpressivas

Festival Lollapalooza em Chicago: pela primeira vez evento será realizado fora dos EUA (Roger Kisby/AFP)

Festival Lollapalooza em Chicago: pela primeira vez evento será realizado fora dos EUA (Roger Kisby/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2012 às 13h06.

Pela primeira vez no Brasil, o Lollapalooza – criado em 1991, como um evento que rodava os Estados Unidos – prometia ser um dos principais acontecimentos musicais do ano. Mas, desde que o festival foi anunciado, a organização vem pecando – e muito –, o que acabou por desfigurar o evento que tem início neste sábado, transformando-o em um arremedo de si mesmo.

Antes do anúncio das atrações, surgiu a primeira controvérsia: o cantor Lobão afirmou, em vídeo publicado no YouTube, que as bandas nacionais eram preteridas pelos organizadores. Segundo o cantor, os cachês oferecidos aos artistas eram baixos e os músicos deveriam entrar muito cedo no palco, segundo o plano inicial. Lobão concluía pedindo o boicote ao evento.

O line-up nacional acabou composto, em sua maior parte, por bandas de pouca expressão – grupos tão novos que poucos ouviram falar, ou tão velhos que, sem produzirem nada de relevante nos últimos anos, ninguém mais quer ouvir falar. As exceções são poucas -- entre elas, o Rappa.

Duas apostas - Já a escalação dos artistas internacionais se apoia demais nas duas principais bandas: Foo Fighters e Arctic Monkeys. Na edição chilena, por exemplo, havia também a cantora islandesa Björk (que, aqui, toca no festival Sónar, em maio). Segundo a organização, o Jane's Addiction, banda do fundador do festival, Perry Farrell, entra no lugar. É pouco. Björk é headliner em festivais, enquanto a banda de Farrell nunca ocupou o posto – nem mesmo no Lollapalooza de Chicago.
 
Há, ainda, Joan Jett. Mas as grandes atrações não são suficientes para fechar os quatro palcos nos dois dias de festival.

Sem novidades - Outro problema é a falta de ousadia para um evento que pretende buscar tendências. Entre as bandas internacionais menores e as atrações eletrônicas, há MGMT, TV On The Radio, Calvin Harris, Crystal Method e Peaches, artistas que, embora recentes, formam uma escolha relativamente conservadora.

As novidades ficaram relegadas a uma pequena parcela das atrações, composta pelas bandas Foster the People, o maior sucesso do verão americano; Cage the Elephant, que já tocou com Dave Grohl, do Foo Fighters; Tinie Tempah, um dos grandes nomes da música britânica atual; e Skrillex, que iniciou uma revolução eletrônica nos EUA com a popularização do gênero dubstep (derivação do dub, que se assemelha a um drum n’bass mais lento).

Ingressos - Inexperiente no mercado de shows, a Geo Eventos – filiada da Globo que, até então, produzia somente eventos esportivos – também errou na venda de ingressos. A produtora confiou em um sistema on-line que funcionava para jogos de futebol, em que a procura se divide entre a compra virtual e a presencial. O resultado foi um site instável, que, muitas vezes, impossibilitou a compra do bilhete. O preço (entre 300 e 500 reais) também não ajudou. O primeiro dia, com o Foo Fighters, esgotou. Mas o domingo, que traz o Arctic Monkeys, não deve lotar.
 

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