Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) monitora 175 praias semanalmente (Reprodução/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de dezembro de 2022 às 16h27.
Última atualização em 19 de dezembro de 2022 às 16h58.
A menos de uma semana do início oficial do verão 2022, o litoral do estado de São Paulo tem 7% de suas praias impróprias para banho. Do total de 175 praias monitoradas semanalmente pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), 12 estão com a bandeira vermelha, conforme o boletim mais recente, divulgado na quinta-feira, 15.
O maior número de praias ruins para banho está em Ubatuba, com três faixas de areia no mar impróprias, entre as 18 monitoradas.
No levantamento anterior, divulgado no dia 8, o litoral paulista tinha 13 praias impróprias, uma a mais que o novo número. A situação atual é ligeiramente melhor também do que no mesmo período de dezembro do ano passado, quando de 150 praias monitoradas na época, 15 estavam impróprias (10%).
Conforme a Cetesb, a classificação da balneabilidade das praias é feita semanalmente e leva em conta a quantidade de bactérias encontradas nas águas, especialmente aquelas provenientes do esgoto.
A praia é considerada imprópria para banho quando concentra mais de 100 colônias de bactérias a cada 100 ml de água. Nesse caso, a faixa de areia é sinalizada com a bandeira vermelha. Para um controle mais eficaz, praias extensas são divididas e monitoradas em mais de um ponto.
O litoral norte, que tem as praias mais badaladas, possui oito com bandeira vermelha, incluindo as de Ubatuba: Enseada, Itaguá (Av. Leovigildo) e do Itamambuca. Já a Ilha Anchieta, que pertence ao município, está com todas as sete praias em boas condições.
Em Caraguatatuba, das 14 praias, apenas a Prainha tem a bandeira vermelha. São Sebastião, com 30, tem a São Francisco e a Arrastão impróprias. Em Ilhabela, entre as 19, não são recomendadas para banho de mar as praias de Armação e Itaquanduba.
Na Baixada Santista, o monitoramento aponta as nove praias de Bertioga, sete de Santos e a única de Cubatão (Rio Perequê) como próprias para banhistas. No Guarujá, com 12 praias monitoradas, duas que estavam boas há uma semana estão impróprias agora: Perequê e Enseada (Rua Chile). Em São Vicente, entre as seis praias a do Gonzaguinha entrou na lista das impróprias.
Em Santos, houve uma grande recuperação na qualidade do mar, já que há uma semana, quatro praias — Boqueirão, Gonzaga, José Menino I (Rua Olavo Bilac) e José Menino II (Av. Frederico Ozanan) — estavam com bandeira vermelha. Agora, todas estão boas.
No litoral sul, apenas uma das praias monitoradas estava imprópria — a do Centro, em Itanhaém. As outras 11 de Itanhaém, além de 12 em Praia Grande, sete em Mongaguá, seis em Peruíbe, quatro em Ilha Comprida e uma em Iguape estavam boas. As praias da Cananéia, no extremo sul, não são monitoradas.
Conforme a Cetesb, o monitoramento das praias sinaliza para o banhista os locais em que o banho de mar pode representar risco à saúde devido às condições da água.
"A classificação como imprópria indica um comprometimento na qualidade sanitária das águas, implicando em aumento no risco de contaminação do banhista e tornando desaconselhável a sua utilização para banho", informou.
Uma praia também pode ser classificada como imprópria, mesmo com baixa densidade de bactérias, quando houver, por exemplo, manchas de óleo e surgimento de algas tóxicas, a chamada maré vermelha.
Ainda segundo a agência ambiental paulista, as condições das praias são influenciadas pelo aumento da população flutuante no verão, que este começa oficialmente no próximo dia 21, e pelas chuvas.
Com mais turistas, há sobrecarga nos serviços de tratamento de esgotos que, em algumas cidades, não atingem o índice de 100%. As chuvas torrenciais carreiam o esgoto não tratado para o mar. Conforme a Cetesb, no litoral, tratam todo esgoto coletado as cidades de Caraguatatuba, Bertioga, Cubatão, Itanhaém, Peruíbe, Iguape e Ilha Comprida.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que opera coleta e tratamento de esgoto nos municípios com as 12 praias impróprias para banho, segundo a Cetesb, informou que tem trabalhado para expandir o sistema de coleta e tratamento em todo o litoral paulista.
"Somente nos últimos três anos, de 2019 a 2021, foram investidos mais de R$ 1,1 bilhão no setor. Vale reforçar que, apesar de todos os esforços, a Sabesp tem impedimentos legais para operar em áreas de ocupação irregular ou informal, como acontece em várias regiões do litoral paulista", disse, em nota.
A companhia informou ainda que mantém o Onda Limpa, maior programa de saneamento ambiental da costa brasileira, com o objetivo de levar saúde e qualidade de vida para a população, além de melhorar a balneabilidade das praias e o meio ambiente.
Conforme a empresa, os índices da Baixada Santista ficam em 84 3% de coleta e 100% de tratamento de esgoto. Já o litoral norte tem 74% de coleta e 100% de tratamento do esgoto coletado.
Ainda segundo a Sabesp, outros fatores contribuem para as condições de qualidade das praias, entre eles o crescimento urbano desordenado em áreas informais, sistemas inadequados de drenagem urbana, a poluição difusa das fezes animais e resíduos sólidos que são levados pelas chuvas, entre outros.
As prefeituras de Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela informaram que têm programas de regularização e urbanização de áreas ocupadas de informalmente, além de um forte sistema de vigilância para evitar novas ocupações.
A prefeitura de Caraguatatuba disse que, por meio do Departamento de Fiscalização de Posturas, só este ano realizou mais de cem ações para coibir a desocupação desenfreada dentro do município. O infrator fica sujeito a multa de quase R$ 3 mil, além de responder a ações civis e penais.