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Leishmaniose: o cão não é o vilão

Aumenta a preocupação com a proliferação do mosquito vetor e o contágio de animais de estimação e seres humanos

A falta de informação aumenta os casos de maus tratos e abandono de animais (Mariana Figueroa / Stock Xchng)
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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 15h43.

Última atualização em 14 de março de 2018 às 14h28.

São Paulo — No país, quando um animal é diagnosticado com leishmaniose , os órgãos de controle de zoonose o sacrificam. Muitas vezes, apenas a suspeita da doença já é motivo para pôr fim à vida do bicho. A campanha “Prevenção é a única solução”, lançada em setembro deste ano pela associação humanitária de proteção e bem-estar animal Arca Brasil, foi criada para combater a leishmaniose, que ainda é muito comum no Brasil. O objetivo é esclarecer o público em geral sobre a doença, incentivando o debate.

A grande reivindicação da campanha é o fim do sacrifício dos animais de estimação, já que a doença pode ser clinicamente curada. Outro ponto importante é a conscientização dos donos de animais de estimação – grandes hospedeiros da leishmaniose nos centros urbanos – a praticar a posse responsável e cuidar para que seus bichos recebam os cuidados preventivos. Além disso, a Arca Brasil acredita que o combate à doença deve ser focado na eliminação do mosquito, que transmite a doença por meio da picada, e não dos animais portadores da enfermidade.

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Fernanda Kerr, veterinária responsável pela campanha da Arca diz que falta investimento do governo em ações educativas. “Para exemplificar, podemos comparar com a campanha contra a dengue, na qual é feito grande investimento em comunicação para informar a população sobre sintomas, prevenção e causa. No caso da leishmaniose, a gente não vê isso. O governo opta por realizar apenas medidas pontuais quando os casos aumentam só que a leishmaniose se alastra rapidamente – já está presente em quase todos os estados do Brasil -, e o desconhecimento pode ser determinante para o aumento dos números da doença”.

A falta de informação aumenta os casos de maus tratos e abandono de animais. Por isso, a Arca Brasil acredita que a capacitação dos profissionais da saúde é imprescindível para lidarmos com a leishmaniose e afirma que a melhor forma de enfrentar a doença é alterando as políticas de prevenção e combate. “Hoje, no Brasil, existem portarias que impedem que o veterinário faça o tratamento da forma adequada, por isso, temos feito grande esforço para esclarecer que a eutanásia não é a primeira opção: ela só é válida quando o animal já não tem condições de responder ao tratamento. Ela não é suficiente para cessar a doença, nem é uma medida correta com relação aos bichos de estimação. As pessoas devem procurar orientação jurídica e conseguir autorização para cuidar adequadamente de seus animais.”, afirma Fernanda.


Qualquer doença sempre traz preocupação, mas as que podem atacar tanto seres humanos quanto animais de estimação causam ainda mais alerta. A Leishmaniose Visceral Humana (LVH) é uma doença comum, porém ainda é cercada de mitos. É transmitida por um mosquito, que serve como vetor, conhecido como “mosquito palha” ou “birigui”, fácil de ser identificado pela cor, geralmente castanho claro.

Uma vez transmitida a um hospedeiro, a doença não é contagiosa ou infecciosa. Porém, devido à falta de informação sobre o assunto, a população encontra dificuldades para lidar com a leishmaniose. A falta de uma política pública adequada tem, como consequência, a morte de animais de estimação e o aumento na quantidade de pessoas contaminadas em diversas regiões do Brasil.

Existem dois tipos de leishmania (vírus): a L.infantum e a L.donovani. O segundo é desenvolvido pelos ratos e transmitida por meio de sua urina para os seres humanos; é considerado o mais grave. Já o primeiro, é o tipo mais comum no Brasil: doença contagiosa (zoonose) tanto para humanos quanto para animais.

“A leishmaniose é uma das principais zoonoses mundiais, e mesmo assim, ainda é negligenciada. A doença está presente em países com características em comum, lugares com zonas tropicais - como o Brasil - acabam tendo uma maior disseminação da doença devido ao ambiente, mas a leishmaniose também está muito ligada a questões sociais e econômicas. Até os anos 1980, ela era localizada na região nordeste, devido à ausência de infraestruturas básicas e questões nutricionais. Quando a pessoa já está fisicamente debilitada, não tem condições físicas de responder ao tratamento, que se torna mais difícil e arriscado. Hoje em dia, já temos registros de casos em grandes cidades brasileiras e no exterior, em países como França e Espanha, a leishmaniose não está mais restrita a um determinado lugar, ela é uma doença mundial”, diz Fernanda.

Para mais informações sobre a leishmaniose e a campanha “Prevenção é a única solução” acesse o site do movimento.

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