Johnny Depp x Amber Heard: os seis desfechos possíveis do julgamento nos EUA
Seus respectivos advogados, Camille Vasquez e Benjamin Rottenborn, apresentaram suas alegações finais nesta sexta-feira; agora cabe ao júri deliberar e chegar a um veredicto
Agência O Globo
Publicado em 27 de maio de 2022 às 18h38.
Os atores Johnny Depp, de 58 anos, e Amber Heard, 36, processam um ao outro por difamação, cada um alegando que foi abusado primeiro durante seu breve casamento, com duração de 15 meses. Considerando que o caso tramita na esfera civil, no Tribunal do Condado de Fairfax, na Virgínia, EUA, não está em jogo a possibilidade de um deles ser preso.
Seus respectivos advogados, Camille Vasquez e Benjamin Rottenborn, apresentaram suas alegações finais nesta sexta-feira. Agora cabe ao júri deliberar e chegar a um veredicto.
O grupo já está reunido para definir o caso, e se não chegar ao veredicto nesta sexta-feira, um novo encontro será feito na terça-feira, informou a juíza Penney Azcarate, considerando que segunda-feira é feriado nos EUA, em razão do dia do Memorial, celebrado anualmente na última segunda-feira de maio.
São possíveis seis cenários diante do veredicto do júri no caso Johnny Depp x Amber Heard. Confira:
- Depp ganha o processo e leva a indenização de US$ 50 milhões
- Depp ganha o processo e leva um valor menor do que o solicitado
- Heard ganha o processo e leva a indenização de US$ 100 milhões
- Heard ganha o processo e leva um valor menor do que o solicitado
- Nenhuma das partes recebe indenização
- As partes fecham um acordo extrajudicial
A magistrada Penney Azcarate instruiu o júri como ele deve chegar a uma conclusão. Para o veredicto ser favorável a Heard, os membros do júri devem verificar se as declarações feitas por Adam Waldman, ex-advogado de Depp, foram realmente feitas com malícia, conforme a atriz alega.
Mas para ser favorável a Depp, eles devem ler o artigo inteiro de Heard no "Washignton Post" e verificar se ela o escreveu com base em informações falsas ou com "desrespeito intencional à verdade". Azcarate também pediu que o júri considere os danos que ambas as partes dizem ter sofrido, um por causa do outro.
Segundo a emissora "Court TV", o júri presente no tribunal foi composto por seis homens, sendo quatro de ascendência asiática e dois brancos, e três mulheres, sendo uma de ascendência asiática, uma negra e uma branca. O grupo final, entretanto, para chegar a uma conclusão, é de apenas sete pessoas.
O lado de Amber Heard
Rottenborn lembrou o depoimento do conselheiro do casal que testemunhou que Depp e Heard abusaram um do outro durante seu relacionamento. Para o advogado, se o júri acredita nisso, então o ator deve perder o caso.
— Eles (advogados de Depp) estão tentando enganá-los dizendo que Amber tem que ser perfeita para vencer... não caiam nesse truque. Amber não é perfeita, nenhum de nós é. Ela nunca fingiu ser e agora é isso que vocês estão sendo solicitados a decidir. Uma vez... se ele abusou dela uma vez... ele falha em provar que nunca abusou dela.
Ainda de acordo com Rottenborn, o júri não tem necessidade de decidir se Depp cometeu abuso ou não para ser favorável à atriz, com relação ao artigo dela para o "Washington Post" sobre violência doméstica — que foi o estopim da ação de difamação de Depp contra ela. No texto, Heard tratava de suas próprias experiências após a medida protetiva que ela pediu contra Depp em 2016, quando foi dado início o processo de divórcio.
— Pensem no objetivo do artigo... o objetivo deste artigo era promover medidas legislativas destinadas a proteger as vítimas de abuso doméstico, destinadas a proteger as pessoas que fizeram exatamente o que a Sra. Heard fez: falar — afirmou.
O lado de Johnny Depp
Vasquez acusou Heard de ter sido a agressora no relacionamento com Depp e lembrou o dia em que a atriz pediu uma medida protetiva, exatamente há seis anos, e voltou a acusá-la de forjar os ferimentos nas fotos apresentadas como evidências. Ela ainda ressaltou que "o que está em jogo neste julgamento é a vida de um homem".
Vasquez também criticou habilidades de atuação de Heard ao resgatar uma declaração de um antigo instrutor da atriz, de que ela teria dificuldade para chorar numa interpretação.
— Vocês viram: a Sra. Heard soluçando sem lágrimas, enquanto tecia relatos elaborados, exagerados e fantásticos de abuso — afirmou Vasquez, acrescentando que este julgamento é o "papel de uma vida" para Heard. — Pedimos a você que devolva a vida ao Sr. Depp, dizendo ao mundo que o Sr. Depp não é o agressor que a Sra. Heard disse que ele é que a Sra. Heard seja responsabilizada por suas mentiras.
Vasquez acusou Heard de ter sido a agressora no relacionamento com Depp e lembrou o dia em que a atriz pediu uma medida protetiva, exatamente há seis anos, e voltou a acusá-la de forjar os ferimentos nas fotos apresentadas como evidências. Ela ainda ressaltou que "o que está em jogo neste julgamento é a vida de um homem".
As versões contraditórias
Depp acusa Heard de difamação e pede US$ 50 milhões por causa do artigo que ela publicou no "Washington Post" em 2018, descrevendo a si mesma como uma "figura pública que representa a violência doméstica", ainda que não tenha mencionado seu nome. Para a equipe jurídica de Depp, estava claro a quem Heard se referia. Além disso, aquelas acusações causaram prejuízos à vida profissional do ator, que não interpretará o capitão Jack Sparrow na sequência de "Piratas do Caribe" e foi substituído na saga "Animais Fantásticos", do universo mágico de "Harry Potter".
Por outro lado, Heard, de "Aquaman", processa Depp em US$ 100 milhões, dizendo que Depp a difamou quando seu então advogado chamou suas acusações de "farsa". Sua equipe argumenta que ela disse a verdade, tendo ainda sua opinião protegida pela liberdade de expressão garantida pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Heard afirma ainda que perdeu oportunidades de trabalho em Hollywood por causa das acusações de Depp.
Depp negou ter batido em Heard ou em qualquer mulher e disse que foi ela quem se tornou violenta em seu relacionamento. Os dois se conheceram em 2011 durante as filmagens de "Diário de um jornalista bêbado" e se casaram em fevereiro de 2015. O divórcio foi finalizado cerca de dois anos depois.
O ator perdeu um caso de difamação há menos de dois anos contra o jornal britânico "The Sun", que o rotulou de "espancador de esposas". Um juiz da Suprema Corte de Londres decidiu que ele havia agredido Heard repetidamente.
Desta vez, os advogados de Depp entraram com o caso no estado americano da Virgínia porque é onde o "Washington Post" é impresso, mas o jornal não é réu.