Índios cantam realidade dos Guaranis Kaiowás em rimas do rap
Bastou que as lideranças da aldeia ouvissem as rimas sobre os desafios e lutas do povo do Mato Grosso do Sul para que aprovassem e abençoassem a iniciativa
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2015 às 14h21.
Em 2008, quando quatro jovens da etnia Guarani Kaiowá criaram o Bro MC, grupo de rap , a inciativa não foi vista com bons olhos pelos demais.
Bastou que as lideranças da aldeia ouvissem calmamente as rimas sobre os desafios e lutas do povo do Mato Grosso do Sul para que aprovassem e abençoassem a iniciativa.
Quando levamos para os caciques, eles ouviram e disseram para seguirmos em frente. Eles entenderam que as letras falavam do que nós devemos espalhar para o mundo, disse Bruno Guarani Kaiowá, um dos integrantes do grupo de Dourados (MS).
Desde o início, a decisão foi escrever rimas em português e em guarani. A gente fez essa escolha justamente para mostrar que não deixamos nossa cultura de lado.
Os indígenas começaram a se arriscar nas primeiras rimas depois de ouvir rap num programa de rádio. Gravavam tudo numa fita e repassavam para os demais jovens da aldeia até que alguém teve a ideia de criar um grupo.
As canções falam sobre reivindicações e conflitos da comunidade nativa da maior reserva urbana do Brasil, que é vítima constante de violência na disputa pela demarcação de terras no Mato Grosso do Sul.
O rap é nossa ferramenta para denunciar o que acontece e também serve para nos defender e mostrar a realidade do povo do Mato Grosso do Sul e de outros estados
PEC 215
Nesta quarta-feira (28), o grupo de rap participou de uma mesa sobre produção cultural nos Jogos Mundiais Indígenas (JMPI), em Palmas (TO).
Na oportunidade, os integrantes do grupo comentaram a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas.
A gente ficou muito triste. Eles (os deputados que votaram pela aprovação) acham que estamos atrapalhando. Não queremos tomar a terra do outro. A gente só quer a posse da terra onde nossos antepassados morreram, afirmou Bruno.
Apesar de divulgarem suas canções online, em um canal do YouTube, o grupo ficou surpreso com a recepção calorosa que recebeu nos JMPI.
Durante a apresentação dos Bro MC’s, muitos parentes, como são chamados os indígenas de outra etnia, cantaram as rimas em coro.
A gente não tem dimensão de até onde nossa música tem chegado. Foi muito gratificante estar aqui, ouvir as pessoas e poder mostrar nosso som. Mostrar que a gente também é capaz. Não vamos ficar só dentro de uma oca, segurando uma flechinha.
Em 2008, quando quatro jovens da etnia Guarani Kaiowá criaram o Bro MC, grupo de rap , a inciativa não foi vista com bons olhos pelos demais.
Bastou que as lideranças da aldeia ouvissem calmamente as rimas sobre os desafios e lutas do povo do Mato Grosso do Sul para que aprovassem e abençoassem a iniciativa.
Quando levamos para os caciques, eles ouviram e disseram para seguirmos em frente. Eles entenderam que as letras falavam do que nós devemos espalhar para o mundo, disse Bruno Guarani Kaiowá, um dos integrantes do grupo de Dourados (MS).
Desde o início, a decisão foi escrever rimas em português e em guarani. A gente fez essa escolha justamente para mostrar que não deixamos nossa cultura de lado.
Os indígenas começaram a se arriscar nas primeiras rimas depois de ouvir rap num programa de rádio. Gravavam tudo numa fita e repassavam para os demais jovens da aldeia até que alguém teve a ideia de criar um grupo.
As canções falam sobre reivindicações e conflitos da comunidade nativa da maior reserva urbana do Brasil, que é vítima constante de violência na disputa pela demarcação de terras no Mato Grosso do Sul.
O rap é nossa ferramenta para denunciar o que acontece e também serve para nos defender e mostrar a realidade do povo do Mato Grosso do Sul e de outros estados
PEC 215
Nesta quarta-feira (28), o grupo de rap participou de uma mesa sobre produção cultural nos Jogos Mundiais Indígenas (JMPI), em Palmas (TO).
Na oportunidade, os integrantes do grupo comentaram a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas.
A gente ficou muito triste. Eles (os deputados que votaram pela aprovação) acham que estamos atrapalhando. Não queremos tomar a terra do outro. A gente só quer a posse da terra onde nossos antepassados morreram, afirmou Bruno.
Apesar de divulgarem suas canções online, em um canal do YouTube, o grupo ficou surpreso com a recepção calorosa que recebeu nos JMPI.
Durante a apresentação dos Bro MC’s, muitos parentes, como são chamados os indígenas de outra etnia, cantaram as rimas em coro.
A gente não tem dimensão de até onde nossa música tem chegado. Foi muito gratificante estar aqui, ouvir as pessoas e poder mostrar nosso som. Mostrar que a gente também é capaz. Não vamos ficar só dentro de uma oca, segurando uma flechinha.