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Final da Copa tem Francisco e Bento em partida papal

Partida entre a Argentina e a Alemanha está opondo pela primeira vez as lealdades esportivas dos dois papas vivos

Torcedores argentinos fantasiados como Papa Francisco, na estação da Luz (Nacho Doce/Reuters)

Torcedores argentinos fantasiados como Papa Francisco, na estação da Luz (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 17h14.

Roma/Milão - O Papa Francisco prometeu à presidente Dilma Rousseff que se manteria neutro se sua Argentina chegasse à final da Copa do Mundo. Agora, ele terá que manter sua promessa ante a Alemanha do Papa Emérito Bento XVI.

A final da Copa entre a Argentina e a Alemanha está opondo pela primeira vez as lealdades esportivas dos dois papas vivos.

Sabe-se que o argentino Francisco, 77, anteriormente conhecido como Jorge Bergoglio, é torcedor roxo de futebol, em especial do time San Lorenzo de Almagro, de Buenos Aires. Ele é o primeiro papa nascido na América Latina.

O Papa Bento XVI, 87, que se aposentou em fevereiro do ano passado, em uma decisão sem precedentes, está mais associado à imagem do teólogo que ajudou a impor a doutrina católica durante grande parte dos últimos 30 anos.

Bento, que antes se chamava Joseph Ratzinger, nasceu em Marktl, município da Baviera, na Alemanha.

“Os dois vão querer que ganhe a melhor seleção”, disse o porta-voz do Vaticano Federico Lombardi aos repórteres ontem, em comentários originalmente publicados pela agência de notícias Associated Press.

Não é provável que os dois papas se encontrem para assistir ao jogo no dia 13 de julho, mas Francisco “talvez assista”, disse ele.

Charges e fotos modificadas digitalmente dos dois papas assistindo ao jogo se tornaram virais nas redes sociais. Ontem o jornal francês Le Monde publicou uma charge com a legenda “La communion, c’est le foot” (“A comunhão, é o futebol”, em tradução livre).

A congregação das Irmãs Dominicanas disse pelo Twitter, no dia 8 de julho, que estava “sonhando” com uma final entre a Alemanha e a Argentina que os dois papas assistissem juntos.

Jogo limpo

“Esse jogo é extraordinário por um motivo: Ratzinger é o Beckenbauer da Igreja, é um homem que jogou a vida toda em sua própria metade do campo, ele é conservador”, disse Piero Schiavazzi, jornalista que cobre o Vaticano.

“Do outro lado há um homem, Bergoglio, que passou a vida inteira na metade do campo que pertence aos rivais, ele representa a Igreja que vai além dos seus limites”.

O Papa Bento XVI tem “uma concepção muito séria do que é ser um torcedor”, disse Schiavazzi. “Ele ia ao estádio de Munique para assistir aos jogos do Bayern quando era arcebispo lá”.

Antes de se tornar papa, Ratzinger dedicou parte de seu trabalho teórico ao futebol, estudando as analogias entre a fé e o apoio dos torcedores aos seus times.

Antes do início da Copa do Mundo, o Papa Francisco pediu que o campeonato mostrasse valores de jogo limpo, solidariedade e respeito pelos rivais.

Celebração esportiva

“Minha esperança é que, além de celebrar o esporte, essa Copa do Mundo se torne uma festa de solidariedade entre os povos”, disse ele em português, em uma mensagem gravada em vídeo e transmitida pela Rede Globo no dia 12 de junho.

Ele pediu que a competição esportiva “seja considerada como o que no fundo é: um jogo e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de diálogo e compreensão”.

A Argentina venceu a Copa do Mundo duas vezes e a Alemanha três. Da última vez que se encontraram, em 1990, a Alemanha derrotou a Argentina na final da Copa do Mundo da Itália.

Em entrevista do dia 18 de junho ao jornal espanhol La Vanguardia, o Papa Francisco aludiu à pressão que está enfrentando com a Argentina na final.

“Os brasileiros pediram que eu mantivesse a neutralidade e eu cumpro a minha palavra porque o Brasil e a Argentina sempre são antagonistas”.

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