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Filmes pernambucanos destacam-se em festival de Brasília

Um dos destaques nordestinos foi Boa Sorte, Meu Amor, do diretor pernambucano Daniel Aragão

Cena do filme Boa Sorte, Meu Amor, de Daniel Aragão: o próprio Aragão admite que os incentivos públicos têm sido fundamentais para movimentar as produções locais (Divulgação)

Cena do filme Boa Sorte, Meu Amor, de Daniel Aragão: o próprio Aragão admite que os incentivos públicos têm sido fundamentais para movimentar as produções locais (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2012 às 13h38.

Brasília – Com sete filmes na disputa das mostras competitivas do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os cineastas de Pernambuco foram o grande destaque dessa edição e superaram o número de participações dos estados que ocupam tradicionalmente o eixo da produção cinematográfica do país, Rio de Janeiro e São Paulo.

Mas não foi só a quantidade de produções pernambucanas que chamou a atenção do público. A qualidade dos filmes, que começaram a ser exibidos no dia 11 e terminaram ontem (23) na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, também despertou o interesse dos cinéfilos da cidade.

Um dos destaques nordestinos foi Boa Sorte, Meu Amor, do diretor pernambucano Daniel Aragão. O longa-metragem de ficção, filmado em preto e branco, apresentou à plateia que ocupava os mais de 1,3 mil lugares do teatro o encontro amoroso de Dirceu e Maria, nascidos no sertão pernambucano, e moradores do Recife, capital do estado, cujo resultado é o resgate da vida particular de cada um dos personagens.

Para Aragão, a receita do boom pernambucano nas mostras tem ingredientes muito claros. “Acho que a gente tem uma certa união, a gente é muito conectado, se encontra muito, consegue ser sincero um com outro, sem ranço, falamos a verdade sobre os filmes, sobre os pontos que talvez a pessoa possa melhorar”, disse, ressaltando que esta não é uma cultura presente entre os cineastas de São Paulo, por ser uma cidade muito grande, ou do Rio de Janeiro, “onde as pessoas são muito cordiais mesmo quando não precisam ser”.

Mas, sinceridade não é o suficiente para alavancar o segmento. O próprio Aragão admite que os incentivos públicos têm sido fundamentais para movimentar as produções locais. Anualmente, os cineastas pernambucanos contam com R$ 12 milhões reservados para o cinema. “Ainda é pouco dinheiro, mas como o cinema é independente e mais barato, com certeza temos seis a oito longas, por ano, aprovados para produção”, avaliou o diretor.


A injeção de investimentos também é reconhecida como ferramenta de estímulo pelo diretor Marcelo Gomes, apontado como referência entre os cineastas da nova geração de Pernambuco. Além da lei de fomento à arte, Gomes acredita que o crescimento no número das produções do estado é resultado da “garra e da vontade de fazer cinema das novas gerações”. “Acho que é também uma continuidade de tradição como berço cultural que Pernambuco sempre manteve nos séculos passados.”

No outro lado da balança nas mostras competitivas estavam Minas Gerais, com uma única produção de longa-metragem totalmente mineira, e o Distrito Federal. Dos 600 títulos inscritos para as competições, 103 eram produções da capital do país. Na seleção final, apenas um filme brasiliense entrou na disputa: A Ditadura da Especulação.

Um dos diretores do curta-metragem documentário produzido para mobilizar a população da cidade em torno da situação de um novo bairro em construção na capital Alan Schvarsberg declarou que ainda não sabe o que falta para o cinema brasiliense conquistar mais espaço nas disputas principais do festival. Schvarsberg reconhece que os investimentos em Pernambuco são superiores ao da capital federal, “aqui temos R$ 6 milhões por ano”, mas, ainda sim, afirma que as produções brasilienses têm qualidade para competir.

“Fazer filme é muito caro, muito difícil e, para além destes investimentos, faltam salas de cinema na cidade. O cinema aqui é reflexo da exclusão cultural. As salas de cinema que temos estão no Plano Piloto e, quase exclusivamente, em shoppings”, disse o cineasta. Segundo ele, as produções brasilienses têm crescido significativamente, mas não há locais de exibição para esses filmes. “Só temos o Festival de Cinema e algumas mostras, mas não temos um circuito permanente para escoar essa produção.”

As produções do Distrito Federal têm, ao menos, um espaço reservado no Festival que assegura a disputa de títulos locais. A Mostra Brasília teve, este ano, a 17ª edição com prêmios que totalizam R$ 200 mil.

Apesar de reconhecer que a competição tem impulsionado o segmento na capital, diretores como Johil Carvalho, que apresentou Hereditário em parceria com Sérgio Lacerda, no segundo dia da Mostra Brasília, ainda lamenta a baixa participação das produções do Distrito Federal nas competições principais. “Temos filmes de qualidade, bem produzidos e que teriam plena capacidade de entrar nas mostras competitivas do Festival”, disse.

A indignação também foi compartilhada com o público. Para a arte educadora, Sheila Cobelo, os 45 anos de Festival de Brasília já deveriam ter impactado com uma maior participação das produções locais no evento. “Mas acho que a arte, de modo geral, é vista como não necessidade. Enquanto não enxergarmos como algo que faça parte de nós mesmos, o cinema, a pintura, a dança vão estar sempre em segundo plano”, criticou.

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