Meirelles: "Mesmo sabendo do risco de algo poder estar fora de lugar, não queria deixar de estar em Toronto" (Reinaldo Canato/Contigo)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2011 às 20h01.
São Paulo - Setembro é um mês agitado para profissionais e fãs do cinema internacional. Começa com o saldo do Festival de Locarno (na Suíça, um dos mais importantes do circuito experimental), segue com o Festival Veneza trazendo o melhor da safra do segundo semestre, equilibrando-se entre blockbusters e independentes, e continua com Toronto (que começa hoje e termina no próximo dia 18) reunindo distribuidores e produtores do mundo todo, ávidos por encontrar e comprar filmes que serão destaque no fim do ano e início do próximo. A cada edição, o festival canadense, que não é competitivo, mas é disputadíssimo quando o assunto é descobrir quem são as maiores promessas do próximo Oscar, conquista mais espaço no 'circuito classe A' de festivais.
É lá, por exemplo, que Brad Pitt escolheu mostrar seu novo filme, "Moneyball", dirigido por Bennett Miller, e que George Clooney vai sair diretor de Veneza (onde exibiu "Ides of March") para o Canadá, onde estreia mundialmente "The Descendants" (aguardada produção de Alexander Payne), e que Francis Ford Coppola exibe seu experimental "Twixt". E foi lá, também, que Fernando Meirelles escolheu para exibir pela primeira vez seu novo filme, "360". "Outra coisa simpática deste festival, fora a cidade e a audiência atenta e calorosa, é o fato de não ser competitivo. Em Cannes, no segundo dia de festival, só se fala em quem está na frente de quem, as revistas fazem gráficos de chances de vencer, é como se você estivesse num campeonato de basquete ou coisa similar. Apesar de estar tão próximo dos EUA, Toronto não é sobre winners e loosers, mas sobre filmes", disse o diretor brasileiro, antes de embarcar pela quarta vez para o festival.
Mesmo sendo 'sobre filmes', mostrar seus novos produtos em uma vitrine tão disputada pode ser bom, mas não necessariamente fácil. "A experiência vai ser dura. Como sempre. Muita imprensa, jantar, Q&A (debates) e, infelizmente, nenhum filme além do meu. Não vai dar tempo de assistir nada", continuou Meirelles.
O diretor brasileiro, aliás, assim como a grande maioria, 'acabou de acabar' (ou quase) seu novo longa. "Assisti a 360 acabado pela primeira vez ontem à tarde. Tem cinco defeitos de imagem e problemas de mixagem, mas agora não há mais tempo de mexer. Vamos mostrar assim. Explico na abertura que não é a cópia final e depois arrumamos para Londres (em outubro, em que "360" é atração da noite de abertura do maior festival do Reino Unido). O filme foi finalizado em tempo recorde. Mesmo sabendo do risco de algo poder estar fora de lugar, não queria deixar de estar em Toronto para vender o filme para os EUA e, quem sabe, lançá-lo ainda este ano. Esse é meu objetivo."
Entre os outros brasileiros que também terão uma maratona pela frente e tentar um lugar ao sol no disputado mercado de exibição estrangeiro estão "Girimunho" (de Helvécio Marins e Clarissa Campolina, que também vão 'pular' de Veneza, onde integraram a seção Horizontes, para Toronto), o aguardado "Heleno", de José Henrique Fonseca, sobre o jogador de futebol Heleno de Freitas, e que faz première mundial no Canadá, "Histórias Que Só Existem Quando Lembradas", de Julia Murat, que estreia na direção de longas de ficção; "O Abismo Prateado", de Karim Aïnouz (que integrou a Semana da Crítica em Cannes). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.