São Paulo - A noite de desfiles neste domingo no Sambódromo do Rio foi de belezas, surpresas e de um carnaval extremamente técnico e bem realizado, com exceção da Porto da Pedra, que errou a mão na hora de escolher o enredo e trouxe a saga do iogurte para a avenida, sem conseguir empolgar. A iluminação dos carros com a tecnologia led foi o destaque deste ano.

Uma tecnologia que deu maior dinâmica para as alegorias. Quem esteve no Sambódromo também foi surpreendido pelos aromas de café, de rosas e até dele, o iogurte. Foi lindo ver o novo Sambódromo acolhendo mais gente e melhorando as condições dos desfiles e da visibilidade.

A Portela, que no ano passado foi vítima do incêndio na Cidade do Samba, veio com a autoestima lá em cima, pisando firme na passarela, querendo arrancar o grito de campeã, que está preso na garganta há 26 anos. Provavelmente o melhor samba da noite, e quiçá, do ano. Nenhum outro samba levantou a galera como o da azul e branca de Madureira.

A Mocidade veio linda de morrer, com um desfile super coerente, esteticamente falando, provavelmente a melhor unidade de conjunto e de desenvolvimento e apresentação do enredo. A elegância desfilou na Mocidade. A Beija-Flor, honrando a tradição, veio abusando nas categorias luxo e riqueza, um pouco excessiva para uns, mas na medida certa da máxima de Joãosinho Trinta: "quem gosta de pobreza é intelectual".

Não podemos deixar de ressaltar a riqueza do enredo da Vila Isabel, a beleza da realização da ideia de Martinho da Vila, embaixador do samba nos países lusófonos e amado pela comunidade da Vila. A mistura de estampas, de padronagens, de tecidos e texturas, fez um desfile bem diferente de todos os outros dessa noite. As alas ensaiadas, a mistura de cores. A Vila merece sair do quarto lugar que vem amargando nos últimos anos. Resta esperar pelos desfiles de amanhã para ver que surpresas esse Carnaval correto e super profissional nos reserva.