Casual

Diva de Dior e dama do povo, Evita Perón completaria 100 anos hoje

Ao lado do marido Juan Domingo Perón, Evita brilhava clamando a favor dos mais pobres com seu inconfundível coque, joias brilhantes e trajes da alta costura

De origem humilde e filha não registrada de um fazendeiro, Eva Duarte triunfou como atriz antes de se tornar a esposa do presidente Juan Domingo Perón (Photo by Keystone/Getty Images)

De origem humilde e filha não registrada de um fazendeiro, Eva Duarte triunfou como atriz antes de se tornar a esposa do presidente Juan Domingo Perón (Photo by Keystone/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 7 de maio de 2019 às 16h26.

Buenos Aires — Se um câncer não tivesse tirado sua vida aos 33 anos, Eva Perón, a eterna primeira-dama da Argentina e para sempre Evita, completaria 100 anos nesta terça-feira. A ausência física, no entanto, não a levou ao esquecimento, mas sim ao patamar de ícone político e social no mundo.

De origem humilde e filha não registrada de um fazendeiro, Eva Duarte triunfou como atriz antes de se tornar a esposa do presidente Juan Domingo Perón, quando brilhou clamando a favor dos mais pobres com seu inconfundível coque, joias brilhantes e trajes da alta costura de Christian Dior, Marcel Rochas e Pierre Balmain.

"Ela falava sobre justiça social, igualdade entre homens e mulheres e também para que não existissem ricos tão ricos e pobres tão pobres", lembrou à Agência Efe Cristina Álvarez Rodríguez, sobrinha-neta de Evita.

Os apaixonados discursos para as multidões feitos da sacada da Casa Rosada, a viagem à Europa em 1947 e a campanha para conseguir o voto feminino na Argentina, aprovado no mesmo ano, a transformaram em um símbolo.

O enorme carisma e a forte ação social que desenvolveu com uma fundação própria - também criou o Partido Peronista Feminino - a transformaram em rainha do povo em um país que nos anos 40 era um dos mais ricos do mundo e onde foi alvo de amor e ódio, mas nunca indiferença.

"Ela era uma revolucionária, uma mulher que queria mudar a ordem estabelecida para beneficiar todos. Ficamos com o que fez e, como todo mundo, às vezes acerta e às vezes erra. Por sorte ela acertou mais", ressaltou Cristina, que é arquiteta e atualmente deputada.

Evita nasceu em 1919, em Los Toldos, cidade rural a 300 quilômetros de Buenos Aires. Juan Duarte, o pai, tinha outra família, a legítima, e morreu em 1926 sem ter reconhecido os filhos que teve com Juana Ibarguren, que com muitas dificuldades criou Eva e os irmãos Juancito, Elisa, Erminda e Blanca.

Evita era adolescente quando chegou à capital, fez sucesso como atriz e em 1944 conheceu Perón, então secretário do Trabalho e Segurança Social, em um ato solidário na província de San Juan.

Apaixonados, e após uma breve detenção do general e posterior libertação aclamada pelo povo - que agradecia as melhorias sociais promovidas na sua gestão -, se casaram e ele venceu as eleições presidenciais.

Em 1946 começava a ser escrita a história da lenda Evita, que inspirou infinidade de livros, musicais e filmes.

"O que podemos ver foi uma transformação física e política em sete anos. De uma mocinha que vem do interior até a última Eva, com roupas sob medida com simplificações de vestimenta e penteado", explicou Marcela Gené, curadora do Museu Evita, em Buenos Aires.

A popularidade como primeira-dama cresceu e os melhores estilistas queriam vesti-la.

"Dior tinha uma espécie de fascinação. Na casa dele, em Paris, tinha um manequim com as medidas exatas de Eva. Dessa forma, trabalhavam e enviavam a roupa à Argentina", afirmou Marcela.

Uma mulher bela, cercada de luxo, o que contrastava com seu discurso popular.

"Ela mesma dizia: 'gosto de me vestir bem e estar bonita para meus 'grasitas' (os mais humildes)", disse a curadora do museu, que funciona onde em 1948 a Fundação Eva Perón instalou uma casa para mulheres e que hoje abriga vestidos de gala e de trabalho, chapéus, sapatos e outros objetos.

Já diagnosticada com câncer do colo do útero, em 1951 o movimento operário propôs o nome de Evita para a vice-presidência, mas as pressões políticas a levaram a negar.

Finalmente, e após um duro périplo médico e uma cirurgia pouco antes de votar pela primeira vez - na cama do hospital -, Eva morreu sem descendentes em 26 de julho de 1952. Enquanto milhares choravam, outros comemoravam.

"Escreveram na parede do local que ela estava 'Viva o câncer'. Esse era o ódio que reinava na época", lamentou Cristina.

Com sua morte, era declarado o princípio do fim do segundo mandato de Perón, derrubado em 1955 e o que o levou ao exílio durante quase 20 anos por causa da ditadura.

O antiperonismo levou os militares a roubar o corpo embalsamado de Evita e levá-lo a um cemitério da Itália, até ser devolvido ao viúvo nos anos 70.

"Tivemos épocas na Argentina em que era muito difícil ser parente da Evita. A minha família ficou muitos anos exilada", lamentou a sobrinha-neta, que acredita que hoje Eva continua muito presente nas ruas e na vida política do país.

Desde 1976, o corpo da mítica primeira-dama está no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, onde diariamente milhares de turistas fazem visitas e fotos no túmulo. O retrato do sucesso eterno do emblema de uma época. EFE

Acompanhe tudo sobre:Argentina

Mais de Casual

The Macallan abre a primeira boutique pop-up em São Paulo

Avaliação internacional coloca 11 azeites brasileiros entre os 500 melhores do mundo

Como é dirigir um Defender clássico – mas como se fosse novo

Descubra Nashville, a Cidade da Música nos Estados Unidos