O encontro virtual foi promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) por meio de live (YouTube Time Brasil/Reprodução)
Agência Brasil
Publicado em 26 de junho de 2020 às 16h29.
Última atualização em 26 de junho de 2020 às 16h50.
Um debate entre quatro técnicos de importantes modalidades do esporte nacional revelou como está a preparação e o que podemos esperar do desempenho do Brasil na Olimpíada de Tóquio (Japão), adiada para o ano que vem.
O encontro virtual, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) por meio de live (transmissão ao vivo), realizada na noite de ontem, 24, reuniu os técnicos Zé Roberto Guimarães (vôlei feminino), Fernando Possenti (maratonas aquáticas), Ney Wilson (judô) e Sérgio Santos (Triathlon).
Único tricampeão olímpico brasileiro, Zé Roberto ressaltou uma preocupação a mais causada pelo adiamento dos Jogos de Tóquio em 2021. O desejo de duas importantes jogadoras se tornarem mães nesse período. O comandante não revelou os nomes das atletas.
“É um assunto sério. Muita gente fala que o adiamento é de apenas um ano. Mas o ciclo olímpico é de quatro anos, e elas já tinham se programado com antecedência. Não sei se teremos algumas baixas. Estamos conversando. Não é uma decisão fácil. As atletas, nessa faixa etária de 32, 33 anos, começam a pensar cada vez mais em constituir uma família. E é claro que a gente respeita demais esse lado das jogadoras”, disse Zé Roberto.
Ele falou também sobre o grupo que a equipe brasileira terá pela frente na fase inicial dos Jogos de Tóquio, que inclui Japão, Sérvia, Coreia do Sul, República Dominicana e Quênia.
"Sempre gostei de cair em grupos fortes. Sendo testado desde o princípio, você tem a certeza de que está preparado. E teremos pela frente também o Japão e a Coreia, equipes asiáticas que sempre trazem muitas dificuldades para o nosso time. Isso nos força a ter um ritmo de jogo diferente. Nós não somos a melhor equipe, mas estamos na briga. China, Sérvia e Estados Unidos estão na nossa frente. Brigamos em igualdade com a Itália e também com essas outras três”, previu Zé Roberto.
Fernando Possenti, o técnico da equipe nacional de maratonas aquáticas, que tem como o grande nome a pentacampeã mundial Ana Marcela Cunha, lamentou o longo período que os atletas têm passado longe da água em virtude da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
"Não tem como. Ela [a água] é fundamental no nosso esporte. Mas procuramos tirar algo bom desse período e buscar soluções", afirmou. Uma delas foi o equipamento Vasa, fornecido pelo COB, que ajuda o atleta a simular a natação mesmo sem o contato com a água. "Esse aparelho tem adaptações de elásticos e variações de tração, intensidade e potência. Podemos fazer séries diferentes", explicou.
A modalidade também é uma das únicas na qual a aplicação de força é feita na horizontal e não na vertical. "Buscamos resolver [isso] com essa tecnologia. O COB nos ajudou muito. São soluções criativas para que eles pudessem estar executando, pelo menos, o gesto motor."
O técnico lembrou também que nesse último ciclo a equipe optou por competir o máximo possível. "Tivemos uma rotina muito puxada de viagens e competições. Mas foi essa a estratégia. Queríamos testar e conhecer os adversários na prática. E agora estamos aproveitando esse período para evoluir na parte técnica."
O experiente Sérgio Santos, diretor técnico da Confederação Brasileira de Triátlon (CBTri) tem quatro olimpíadas na carreira, sendo duas por Portugal e duas pelo Brasil. Ele considerou que esse ano a mais, até os Jogos de Tóquio, será positivo. A modalidade olímpica consiste de três provas: 1,5 quilômetro de natação, 40 quilômetros de ciclismo e 10 quilômetros de corrida.
"O Brasil tem um time muito jovem. Esses meses trarão mais maturidade e experiência para eles. Um ano para treinar e crescer. Isso, com certeza, irá beneficiá-los. A modalidade é de resistência, geralmente o ápice do atleta chega depois dos 20 [anos]. Para muitos deles, até acima dos 30. O adiamento vai ser positivo”, acredita.
O gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson, destacou a importância da seleção estar prestes a viajar para Portugal para uma etapa de treinos, a primeira depois da pandemia do novo coronavírus.
"O atleta precisa do adversário. O impacto para os nossos atletas só não foi maior porque praticamente todo mundo parou. Apenas o Uzbequistão não teve paralisação nenhuma. Alemanha é o mais avançado da Europa. A França está muito parecida com o Brasil. E Portugal está retomando agora com testagem de todos os atletas”, detalhou Wilson.
O dirigente informou também que a CBJ, em conjunto com a Federação Portuguesa, está fazendo o planejamento da ida da delegação brasileira para o país ibérico. "A ideia é dividir com eles os protocolos e as necessidades. Vamos dividir os trabalhos em microtreinamentos. Nossos atletas estão há bastante tempo sem os movimentos específicos do judô. Por isso, temos de retomar com cautela”, completou.