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Depressão: eficácia da terapia depende de fator genético

Enquanto composição genética afeta função cerebral, sua influência é modulada tanto pela história pessoal como pela condição psicológica

Foram analisados 45 indivíduos saudáveis, incluindo pessoas que tinham a forma curta e a longa do gene (Wikimedia Commons)

Foram analisados 45 indivíduos saudáveis, incluindo pessoas que tinham a forma curta e a longa do gene (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2011 às 20h54.

São Paulo - Utilizar a psicoterapia como tratamento da depressão pode não ser eficaz para todos os pacientes. Isso porque, além de ser provocada por fatores psicológicos e ambientais, a doença está relacionada a fatores genéticos.

Embora essa relação já fosse conhecida pela medicina, uma equipe do Center for Emotion Remediation and Virtual Reality, na França, decidiu investigar uma questão que permanecia obscura: de que maneira cada um desses fatores afeta as funções cerebrais.

Para tanto, os pesquisadores analisaram a mígdala, uma área do cérebro que é hiperativa em pessoas que sofrem de ansiedade e depressão. O estudo, publicado no periódico especializado Human Brain Mapping, demonstrou que o efeito da psicoterapia em pacientes depressivos pode variar de acordo com suas características genéticas.

Os pesquisadores descobriram, então, que a atividade da amígdala pode ser modulada dependendo da composição genética do indivíduo, sua história pessoal e sua cognição. Diversos estudos publicados na última década apontam para a possibilidade de que o gene 5-HTTLPR, que codifica o transportador da serotonina (substância envolvida na regulação emocional), pode ter um papel importante na depressão.

O gene pode ter uma forma tanto longa como curta, e a versão curta poderia acentuar o impacto emocional de eventos estressantes. Embora essa hipótese permaneça controversa, é aceito que a forma curta do gene desencadeie uma ativação mais intensa da amígdala, uma estrutura cerebral envolvida em emoções e no reconhecimento de sinais de perigo.

Pesquisa – No estudo francês, os pesquisadores analisaram o impacto de fatores psicológicos e ambientais no efeito genético, através de exames de ressonância magnética no cérebro. 


Foram analisados 45 indivíduos saudáveis, incluindo pessoas que tinham a forma curta e a longa do gene. Durante os exames, os voluntários viram fotografias de imagens agradáveis ou desagradáveis, e foram questionados se o efeito da foto era agradável ou não, ou se elas o fizeram pensar sobre eles mesmos.

O resultado dos exames de ressonância mostrou que há uma diferença no gene: aqueles que tinham a forma curta tiveram maior ativação da amígdala quando associavam as fotos com eles mesmos, do que ao decidir se a imagem era agradável ou não. O oposto foi observado nos sujeitos que não tinham a forma curta do gene. Em outras palavras, a atividade da amígdala varia de acordo com a forma do gene e do tipo da atividade mental – se era uma descrição “objetiva” da imagem ou uma associação com a história pessoal.

Antes dos exames de ressonância, os voluntários foram entrevistados sobre eventos negativos que poderiam ter acontecido no ano anterior, tais como dificuldades profissionais, divórcio, luto, etc. Percebeu-se, então, que o stress vivenciado durante esse ano também afetou a influência do gene na ativação da amígdala – sendo tal interação “ambiente-genética” modificada pela atividade mental do indivíduo.

Conclusão – Os resultados da pesquisa mostram que enquanto a composição genética dos indivíduos afetou sua função cerebral, sua influência é modulada tanto pela história pessoal como pela condição psicológica. Extrapolado para o campo da depressão, esses resultados sugerem ainda que a psicoterapia – em particular a cognitiva, que consiste em ajudar pacientes depressivos a perceber o mundo de maneira diferente – poderia ter efeitos diferentes no cérebro, dependendo de determinados genes.

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