De chocolate com ovas a salame de atum: a maré está para peixe
Motivados pelas novas práticas em torno da pesca sustentável no Brasil, profissionais da gastronomia têm apostado em pescados
Paty Moraes Nobre
Publicado em 31 de março de 2021 às 09h53.
Última atualização em 31 de março de 2021 às 14h55.
Durante a Quaresma, o peixe vira o grande substituto da carne vermelha na mesa do brasileiro. E, este ano, outros fatores se somam à tradição: o preço atraente frente ao custo elevado da proteína bovina, a busca por alimentos mais saudáveis e o fácil preparo até para quarenteners sem muita prática na churrasqueira ou na cozinha.
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Bom pra saúde, melhor para o bolso
“O consumo regular de peixe melhora a memória, previne doenças cardiovasculares e fortalece ossos e dentes, devido à composição nutricional rica em ômega-3, gorduras boas, proteínas, vitaminas, além das propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias”, explica Graziella Creazzo, nutricionista da Premium Essential Kitchen, que serve 50 mil refeições por dia em 120 restaurantes.
Nesse período, a empresa de alimentação coletiva, que atende funcionários de empresas como Mercado Livre e Gol, conseguiu, inclusive, economizar R$23 mil (8% do valor total de gasto com perecível) por mês com a troca da carne vermelha pelo peixe no cardápio.
A maré está para peixe
E a maré fica cada dia mais favorável. Motivados pelas novas práticas em torno da pesca sustentável no Brasil, profissionais da gastronomia vêm se dedicando a harmonizações, muitas vezes, inusitadas.
É o caso do projeto de pesca artesanal A.MAR, que dá suporte a uma comunidade histórica de pescadores da praia do Bonete, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. São inúmeras opções de conservação de peixe sem energia elétrica: da charcutaria, como o salame de atum, aos fermentados, dos defumados ao dry aged (maturação a seco). Destaque para a barra de 80g de chocolate com bottarga (ovas de tainha), em parceria com a cholatier Luisa Abram (que utiliza cacau da Amazônia), vendida a R$40 no Instagram dela.
Peixe na brasa: tradição nacional
Ideias não faltam para incrementar o preparo de peixes na brasa, tradição nacional resgatada pelos chefs Saulo Jennings e Paulo Anijar no Pará.
De Santarém, região do Rio Tapajós, Saulo difunde a piracaia, ritual indígena de pesca de exemplares regionais, limpeza do peixe à beira do rio e preparo com sal e limão na brasa por cerca de 30 minutos sobre folha de bananeira. No cardápio das duas unidades da Casa do Saulo, o Tucunaré assado na brasa com banana da terra, arroz de chicória, farofa, farinha, vinagrete e feijão sai a partir de R$129 no delivery.
No Santa Chicória, Paulo serve o Santo Jambu, excelente opção para além da Páscoa: Filhote grelhado na brasa, arroz com pesto de jambu, farofa de castanha e manteiga de urucum sai a R$72, disponível também para entrega.