Copa da Rússia poderá ter primeira "final de zebras"
Bélgica e Croácia, duas seleções menos tradicionais, começam a disputar nesta terça (10) vagas na final da Copa do Mundo da Rússia
Agência Brasil
Publicado em 10 de julho de 2018 às 10h47.
Última atualização em 10 de julho de 2018 às 11h01.
A Copa do Mundo reúne atualmente 32 seleções. Entre 1982 e 1994 foram 24 seleções e, antes disso, um número ainda menor de países disputava o mundial de futebol. As chamadas "zebras" - seleções menos tradicionais ou teoricamente mais fracas vencendo seleções favoritas - acontecem em todas as copas. As finais de mundiais, no entanto, não costumam abrir espaço para zebras e recebem seleções tradicionais, acostumadas às fases mais agudas da competição. A Copa de 2018 pode entrar para a história como a que levou duas zebras à final.
Bélgica e Croácia são dois bons times e chegaram às semifinais com méritos, mas não têm tradição de participar de finais de copas. Ambas igualam o maior feito já conquistado em sua história e chegam apenas pela segunda vez a esta fase da competição. Em 1986, a Bélgica chegou a uma semifinal e a Croácia atingiu o mesmo estágio em 1998.
Mesmo sendo esperado que os dois times chegassem este ano à fase eliminatória, eram poucos, antes de a competição começar, que imaginavam essas seleções na final, o que nunca ocorreu. A possibilidade não está distante.
Pelo time que tem, a Bélgica ter chegado às quartas de final não causa espanto. Mas, ainda que seja um bom time, o favoritismo era do Brasil, que vinha mostrando futebol consistente. Os belgas inverteram a lógica e superaram os pentacampeões com aplicação tática.
A Bélgica utiliza um esquema que se adapta ao adversário. O técnico Roberto Martinez soube adaptar seu time para enfrentar a seleção brasileira. O atacante Lukaku, por exemplo, tem as características de um centroavante que fica perto da área esperando bolas aéreas. Mas Martinez aproveitou o gol feito no início do jogo e o colocou na ponta direita, puxando contra-ataques em velocidade. Enquanto isso, De Bruyne mudou de posição e foi o jogador mais parecido com um centroavante, confundindo a marcação montada por Tite. Assim como se adaptou para enfrentar o Brasil, a Bélgica deverá mudar a forma de jogar na partida desta terça-feira contra a França.
Croácia e Inglaterra
Na outra partida, a Croácia pegou o caminho considerado mais fácil até as semifinais mas, curiosamente, foi a seleção que teve mais dificuldade para se manter na Copa. Apesar de ter se classificado em primeiro lugar em um grupo com a Argentina de Messi e tendo, inclusive, vencido os argentinos sem dificuldade, a Croácia só superou a Dinamarca, nas oitavas, e a Rússia, nas quartas, na disputa de pênaltis. O meio campo talentoso do técnico Zlatko Dalic vem encontrando problemas para vencer os jogos eliminatórios.
Contra uma Inglaterra que vem subindo de produção a cada jogo, uma vitória da Croácia - ainda que nos pênaltis - poderá confirmar uma zebra na final da Copa do Mundo.
O mundo viu, em copas passadas, situação parecida com a atual. Em 1994, a final poderia ter sido entre Bulgária e Suécia, mas essas seleções acabaram derrotadas pela Itália e o Brasil nas semifinais. Em 2002, a Turquia e a Coreia do Sul estiveram perto de disputar uma final, mas tiveram que se contentar em entrar em campo para a disputa do terceiro lugar.
Por outro lado, França e Inglaterra serão responsáveis por manter as tradições do torneio e fazer uma final entre seleções tradicionais no cenário mundial. Esta pode ser a primeira vez que duas seleções, com um título mundial cada, se enfrentem na briga pelo título. Ambas foram campeãs quando sediaram o torneio. A Inglaterra foi campeã em 1966 e a França em 1998.