Xuxa em evento da EspaçoLaser (Divulgação/Divulgação)
Matheus Doliveira
Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 12h20.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2021 às 15h43.
Quando o empresário José Carlos Semenzato convidou Xuxa Meneghel para assumir junto a ele uma fração minoritária da Espaçolaser, nem ele nem os fundadores da franquia de depilação, Ygor Moura, Paulo Morais e Tito Pinto, tinham os cerca de 5 milhões para pagar o cachê da apresentadora à época.
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Naquele 2015, ela já era sócia do chamado “tubarão das franquias” no espaço de festas Casa X e, com o sucesso da parceria, sabia que o negócio poderia decolar se aceitasse arriscar. Aceitou, mas antes, Semenzato conta, “pediu para passar dois meses testando em casa a máquina” que levaria na última sexta-feira (29) os cinco sócios e o fundo L Catterton a comemorar um IPO de 2,64 bilhões de reais.
"Meu lado empresária não é muito forte. Sou artista e é raro ver uma que saiba mexer bem com números e leis, mas aprendi um pouco com a vivência. Já fui muito enganada e roubada até chegar nesse momento onde digo que não quero mais certas coisas para mim”, revela Xuxa à EXAME.
No caso da sociedade com a Espaçolaser o que ela não queria, segundo o sócio mais próximo, era sentir dor, “porque ela teve o cuidado, que muitas celebridades não têm, de se associar a uma empresa que realmente fizesse sentido para ela”.
Ao mesmo tempo, Xuxa acredita, “o mundo dos negócios hoje precisa de influenciadores”, porque teriam “opinião, carisma e a experiência de quem chega rápido ao coração do público”. “Isso não se aprende em nenhuma faculdade de marketing ou de negócios”, afirma.
Mas assim como ocorre no mercado de capitais, o risco, ela sabe, às vezes cobra caro, e por isso insiste na ideia de que para qualquer associação, o segredo é a confiança. “O abuso dela está tatuado em mim. Esse é o maior risco que você pode tomar, acreditar em quem não merece seu crédito.”
Para a eterna rainha dos baixinhos, a oferta pública do negócio para o qual entregou sua imagem e dia a dia numa rede que, só no Instagram, soma 11,6 milhões de seguidores, acontece num momento em que deixará a TV para se dedicar à vida.
“A televisão não é mais a mesma, minhas necessidades também não são mais as mesmas. A pandemia me fez ver que eu posso ter todos trabalhando para mim de casa. Vi que não preciso de ninguém me representando. Posso e devo falar diretamente com as pessoas que querem trabalhar comigo. Já foi a época de ‘telefone sem fio’”, afirma.
Os próximos passos ainda não estão completamente definidos, mas tanto ela quanto Semenzato devem continuar a parceria na SMZTO Participações. Eles procuram negócios na área de pets e marcas com perfil sustentável, voltadas ao veganismo, “mas sem pressa, só se aparecer algo que possamos acelerar, e não construir do zero”, segundo o empresário.
Para ela, a busca tem a ver com o que acredita. “Lidar com imagem e bem-estar sempre foi meu ‘negócio’, e, com a idade, eu ganhei mais credibilidade, as pessoas sabem que eu não colocaria meu nome em algo que não conheço ou acredito”, explica Xuxa.
Engana-se, porém, quem acredita que ela se afastará do público infantil. Ainda que as 23 unidades da franquia Casa X enfrentem períodos difíceis devido à impossibilidade de fazer festas trazida pela pandemia, o negócio é um dos seus xodós.
“Até hoje, em quase todos os aniversários, cantam o meu parabéns. Vi muita gente reclamando de casas de festas que pareciam apenas um galpão esperando a decoração. Era quase que uma falta de respeito com as crianças”, relembra, não sem um senso de responsabilidade afetiva e empresarial.
“Espero que melhore logo, porque é um projeto lindo e os franqueados não merecem sofrer com isso. E nem as crianças.”