Tocha passará pelas mãos de 490 portadores que percorrerão 2,9 mil quilômetros do território grego (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2012 às 21h25.
Atenas - Em um momento em que se tentará deixar de lado a crise, a instabilidade social e a incerteza política da Grécia, os raios do sol serão concentrados sobre um espelho parabólico para acender o fogo olímpico em Atenas para depois levá-lo a Londres, sede dos Jogos deste ano.
A atriz Ino Menegaki, no papel de Grande Sacerdotisa de Olímpia, escoltada por outras dez mulheres em representação das Virgens Vestais, fará a entrega do fogo sagrado ao campeão olímpico de natação Spyros Yanniotis. Começará então a longa passeata da tocha olímpica rumo à capital britânica.
''A Chama Olímpica para os Jogos Olímpicos de Londres será acesa com toda solenidade, seguindo a maneira tradicional'', declarou em comunicado o presidente do Comitê Olímpico Grego (HOC), o ex-jogador de polo aquático Spyros Kapralos.
A cerimônia desta quinta-feira será liderada pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o belga Jacques Rogge, assim como o presidente do HOC e o do Comitê Organizador de Londres-2012, Sebastian Coe.
De elo entre os dois países servirá o segundo portador da chama olímpica, o jovem boxeador Alex Lukos, de 19 anos, cujo pai emigrou da Grécia para a Grã-Bretanha.
A tocha passará pelas mãos de 490 portadores que percorrerão 2,9 mil quilômetros do território grego, num total de 26 províncias e 40 cidades.
Finalmente, no dia 17 deste mês, a chama chegará ao antigo Estádio Panathinaiko. Lá, o fogo sagrado será entregue aos britânicos, encarregados de levar a tocha a Londres.
Em seu percurso, a tocha atravessará um país imerso na crise e no descontentamento social, algo que também afetou o esporte. Após os Jogos de Pequim, em 2008, o HOC assinou um acordo com o Governo pelo qual receberia 30 milhões de euros até este ano para ajudar os atletas a se prepararem para Londres-2012.
No entanto, em 2010, quando explodiu a crise da dívida, não restou alternativa ao Governo, pressionado pelos credores internacionais, a não ser cortar despesas. A equipe olímpica então não recebeu mais um euro sequer.
''Apesar de termos grandes dificuldades financeiras como país, não recortaremos as atividades da tocha olímpica na Grécia. Ela viajará por todo o país para lembrar nossos compatriotas da importância dos Jogos Olímpicos, que tudo começou aqui'', afirmou Kapralos recentemente. Assim, o HOC teve que recorrer exclusivamente a patrocinadores privados para financiar a cerimônia.
Embora na Grécia clássica o fogo olímpico simbolizasse o roubo do fogo dos deuses por Prometeo, que se rebelando contra as leis imortais o entregou aos homens, a cerimônia que cerca a tocha tem origens muito mais atuais.
Foi já na era moderna, nos Jogos de Amsterdã, em 1928, que a chama olímpica foi reintroduzida, graças à proposta de um empregado da companhia elétrica local.
Mas a pompa da cerimônia em Olímpia e seu percurso até a sede dos Jogos foi iniciativa dos propagandistas da Alemanha Nazista, durante a 11ª edição dos Jogos, em 1936, em Berlim.