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CEO do Airbnb vê novos e variados destinos após pandemia

Após perder US$ 1 bilhão no início da pandemia com cancelamento de reservas, empresa segue para o final do verão no hemisfério norte com retorno improvável

Empresa chegou a perder US$ 1 bilhão com cancelamento de reservas (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Empresa chegou a perder US$ 1 bilhão com cancelamento de reservas (Budrul Chukrut/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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Daniel Salles

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 10h53.

No primeiro mês da pandemia, o Airbnb enfrentou uma perda de US$ 1 bilhão devido ao cancelamento de reservas, o que levou o CEO Brian Chesky a declarar: “Viajar como conhecíamos acabou.”

Entrar em um avião, disse ele, não seria algo que os consumidores estariam dispostos a fazer por muito tempo, deixando os planos de viagem mais orientados por medidas de segurança do que por vontade. Após alguns meses, sua perspectiva não mudou fundamentalmente. Mas o que antes parecia uma previsão cataclísmica do fim do mundo deu lugar a uma visão mais baseada em como as viagens estão evoluindo - não morrendo.

“Algumas coisas vão voltar e outras não”, diz Chesky, prevendo como devem ser as viagens após a pandemia. “Um dia será mais forte do que nunca. Mas quando voltar, com força total, será diferente.” Entre as coisas que serão diferentes, destaca o turismo excessivo, viagens de negócios e, em menor medida, programas de fidelidade.

Chesky também vê o surgimento de novos e mais variados destinos para visitar, incluindo cidades mais resilientes.

Os comentários chegam em um momento crítico para Chesky e sua empresa. O Airbnb segue para o final do verão no hemisfério norte com uma história de retorno improvável, tendo saído de uma queda de 90% nas reservas e relatando US$ 400 milhões em perdas ajustadas no segundo trimestre para um aumento de 22% nos gastos do consumidor em relação ao ano anterior em julho, além do pedido para a tão esperada oferta pública inicial.

O CEO Brian Chesky, que chegou a dizer: “Viajar como conhecíamos acabou” (Michael Short/Bloomberg)

Isso não significa que o Airbnb está fora de perigo. Dados fornecidos pela empresa mostram que, embora os viajantes tenham reservado quase o dobro de estadias em relação ao ano passado, os aluguéis de casas nos mercados urbanos ainda estão em dificuldade.

Outras estatísticas divulgadas pela empresa como parte de um relatório de tendências para a próxima estação indicam que os aluguéis de longa duração ainda estão em demanda e que as estadias espontâneas, planejadas apenas alguns dias antes da partida, estão aumentando - nenhuma surpresa, dada a imprevisibilidade das restrições de viagens em todo o mundo.

Mas Chesky tem muito a dizer sobre o futuro das viagens que não pode ser capturado por números absolutos. O que estamos vendo, diz ele, “é uma revolução massiva” que “muda a cara das viagens para sempre.

O CEO do Airbnb vê histórias distintas para a indústria de viagens, definidas menos por restrições de fronteiras do que pelo potencial para turismo doméstico. Veja os EUA, França e Reino Unido, “eles são tão vastos, mas também são destinos populares”, explica ele. “Portanto, embora tenham perdido o tráfego transfronteiriço, estão vendo um boom nas viagens domésticas.

Em contraste, Chesky aponta para partes do Sudeste Asiático e do Caribe. Esses destinos, diz ele, “dependem de pessoas que voem até lá. Você não tem uma grande demanda de pessoas que moram nas Bahamas e também querem ficar em um resort nas Bahamas. ”

Previsão apocalíptica deu lugar a esperança para companhia de hospedagens (Cyril Marcilhacy/Bloomberg/Getty Images)

A Alemanha é outro exemplo: “Eles têm uma economia muito forte, mas os alemães costumam deixar a Alemanha quando viajam, então não estão tão bem quanto a França, onde há muito mais destinos que os locais têm interesse em reservar. Pelo menos é o que os dados explicam.”

Tudo isso sugere que os destinos aéreos que dependem do turismo precisarão diversificar suas economias no curto prazo para enfrentar uma seca prolongada nas visitas, enquanto os pontos negligenciados próximos às grandes cidades continuarão a ter sucesso. Mas, a longo prazo, todos têm a ganhar, argumenta Chesky. Distribuir os viajantes para mais destinos, em vez de concentrá-los em alguns locais, ele diz, “é mais sustentável do que as pessoas pensam”.

O futuro das cidades

“Antigamente, a grande maioria das pessoas viajava para apenas algumas cidades - você sabe, as grandes e icônicas capitais internacionais”, referindo-se a centros de turismo saturados como Amsterdã e Nova York.

O fenômeno bem documentado de overturismo, diz ele, finalmente encontrou seu ponto de inflexão. Não apenas esses destinos lotados são inacessíveis aos viajantes transfronteiriços, mas eles vão contra o que as pessoas agora desejam: natureza e espaço para respirar.

“O gênio saiu da garrafa”, diz Chesky. “As pessoas agora estão descobrindo pequenas cidades, pequenas comunidades. Eles estão descobrindo parques nacionais, se apaixonando pelo ar livre e percebendo que podem ir a outros lugares. Esta é uma tendência irreversível.”

Então, como ficam as cidades?

“Definitivamente, esta não é a morte das cidades”, afirma Chesky. Mas o curto prazo envolve uma subida íngreme. “O que vai acontecer: as pessoas irão migrar para longe nos próximos anos, e então os preços vão cair. Então, uma nova geração descobrirá que as cidades são mais habitáveis e acessíveis e isso provavelmente levará a um renascimento”. Quanto tempo isso vai levar? Chesky diz três a cinco anos - ou mais. “Quanto maior a cidade, mais tempo eu acho que vai demorar para se recuperar.”

No longo prazo, Chesky vê problemas para um setor em particular: viagens de negócios. Isso tem um custo para o Airbnb que não é pequeno.

“Mesmo quando o mundo conseguir controlar a pandemia, as viagens de negócios não voltarão da mesma maneira”, afirma ele, acrescentando que as pessoas simplesmente terão menos motivos para embarcar em um avião quando o trabalho remoto facilitou tanta colaboração de longe. Isso é um problema para a indústria: as viagens de negócios normalmente representam a maior parte dos lucros para companhias aéreas e hotéis. Também é para o Airbnb, embora em menor grau. Se as empresas não estiverem pagando por viagens, os consumidores não acumularão pontos como antes, diz Chesky - “então todo esse jogo [de fidelidade] está meio que mudando, também.”

Chesky acredita que continuará a ser relevante em um mundo pós-pandêmico, mesmo aquele em que o distanciamento social persista. “Quando a crise chegou e perdemos 80% dos nossos negócios em oito semanas, foi realmente muito importante termos clareza sobre em que concentraríamos nossa energia. E o que decidimos fazer foi voltar às nossas raízes, voltar ao básico, voltar à conexão humana.”

“Os tipos de conexões que estamos vendo são pessoas usando o Airbnb para se reconectar com aqueles que já conhecem e amam”, explica ele, apontando para viagens em família e reuniões com amigos em torno de uma grande mesa de cozinha.

“Estamos - possivelmente - no momento mais solitário da história da humanidade”, declara Chesky. Pode não haver muito o que se possa fazer sobre isso agora ou no futuro próximo. Eventualmente, diz ele, “haverá um desejo de conhecer novas pessoas, e quando for seguro fazê-lo, estaremos prontos”.

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