Carnaval fora de época colore as ruas da zona oeste de SP
Evento havia sido cancelado pela Prefeitura por falta de patrocínio
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de julho de 2022 às 17h58.
Última atualização em 16 de julho de 2022 às 18h08.
O clima ameno contribuiu para o carnaval fora de época reunir centenas de pessoas fantasiadas pelas ruas de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, neste sábado, 16. Embora a Prefeitura tenha desistido da folia julina após não conseguir patrocinadores para o evento, parte dos blocos decidiu ir às ruas mesmo assim.
Criado há 15 anos, o Bloco Saia de Chita convocou foliões para a Praça Rio dos Campos no meio da tarde. Os termômetros, que marcavam cerca de 27ºC, contribuíram para a animação do público. Moradora do Morumbi, na zona sul paulistana, a advogada Clicia Calmon, de 44 anos, foi de carro com a cachorra, Amora, de 6 anos, para aproveitar a folia.
"Vim porque o dia está lindo. A gente lê e escuta tanta coisa ruim que é bom se dar esse momento de relaxamento", disse ela, que usava um colar de havaiano. Golden Retriever e com 55 kg, Amora usava uma saia de laços colorida e era o centro das atenções de quem passava. "Comprei uma saia de criança e deu certinho nela", contou a dona. Por vezes, alguns foliões paravam para dançar com a cadela.
No repertório tocado pela banda do bloco, estavam desde releituras de Andar com Fé, de Gilberto Gil, a músicas como Saudade D'Ocê, composta por Val Freitas e eternizada em vozes como a de Zeca Baleiro. Nas redes sociais, a organização do bloco disse que já estava ensaiando o cortejo, de nome 'Arraiá do Saia', e foi pego de surpresa com o cancelamento do carnaval pela Prefeitura.
"Não contar com esse apoio do poder público nos impacta, pois fizemos o desfile de abril (no feriado de Tiradentes, na mesma época em que houve o desfile das escolas de samba) já sem apoio" escreveu a organização do bloco em publicação nas redes.
Ainda assim, o Saia de Chita manteve a folia para este sábado. Mas, segundo a organização, com tamanho reduzido. Reforçou ainda os pedidos de doações via Pix para possibilitar o cortejo. Dezenas de vendedores ambulantes se organizaram em volta da praça. No entorno dela, a reportagem do Estadão observou dois banheiros químicos. A instalação dos equipamentos, no entanto, não foi suficiente para que o público deixasse de urinar em ruas vizinhas.
Moradora do bairro Vila Anglo, a designer Ana Luiza Vilela, de 50 anos, conta ter descoberto que haveria carnaval na praça quando foi a uma feira de frutas e legumes em uma rua próxima durante a manhã. "Eu nem sabia que ia ter nada, só vi uma movimentação. Mas achei até que seria uma festa junina", disse ela.
Ao descobrir que seria carnaval, Ana aproveitou para levar a filha, de 4 anos, durante a tarde e diz ter encontrado um público maior do que imaginava. "Acho que é o bloco mais cheio que vi desde que começou a pandemia, por isso a gente ficou mais nos cantos", conta a designer. A filha, explica, adora carnaval e escolheu a próprio punho um balão da Minnie, que estava sendo vendido por um dos vendedores ambulantes.