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Cannes e Netflix confirmam sua ruptura

A razão da retirada da Netflix de todas as seleções de Cannes acontece por falta de acordos sobre as normas de difusão na França

Festival de Cannes: evento acontecerá presencialmente entre 17 a 28 de maio. (Denis Balibouse/Reuters)

Festival de Cannes: evento acontecerá presencialmente entre 17 a 28 de maio. (Denis Balibouse/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de maio de 2018 às 10h25.

A reconciliação não foi possível: um ano depois da polêmica que agitou Cannes pela inclusão de dois filmes da Netflix na competição pela Palma de Ouro, a gigante americana boicotou a nova edição do prêmio.

A razão da retirada da Netflix de todas as seleções de Cannes acontece por falta de acordos sobre as normas de difusão na França.

Mas essa decisão não muda nada: o festival se recusou a apresentar dois filmes da plataforma, um em competição e outro na seleção paralela, e a Netflix, que já conquistou grandes nomes do cinema como Martin Scorsese, já não aparece mais na famosa vitrine de Cannes.

Os organizadores não revelaram o filme que competiria pela Palma de Oro, mas divulgou que o segundo era "The other side of the wind", obra inacabada de Orson Welles, cuja pós-produção foi financiada pela Netflix. A ausência foi lamentada pela filha do diretor.

Tudo começou bem, quando Cannes incluiu no ano passado, pela primeira vez na competição, dois filmes da Netflix, "Okja", do sul-coreano Bong Joon-ho, e "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach.

Um detalhe importante criou a polêmica: a Netflix se recusou a aplicar a lei francesa, que exige que as plataformas esperem três anos entre a estreia de seu filme nas salas de cinema e a difusão para seus assinantes. E decidiu então não exibir os filmes nos cinemas franceses.

Diante da ascensão das salas de cinema, os organizadores do Festival de Cannes decidiram estabelecer uma nova regra: qualquer filme em competição deverá ser exibido na grande tela.

A Netflix, que tem 125 milhões de assinantes no mundo, se disse aberta a fazer isso, mas não garante o prazo de três anos.

"Queremos que nossos filmes estejam em pé de igualdade com os demais", disse em entrevista à revista Variety Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix, acrescentando que o festival precisa "se modernizar".

"É uma pena", lamentou o delegado geral do festival, Thierry Frémaux, convidando a Netflix a "continuar o diálogo".

Apesar disso, a Netflix abre caminho em outros festivais. Em 2015, apresentou na Mostra de Cinema de Veneza o filme "Beasts of no nation", com Idris Elba, e ganhou o Grande Prêmio no Festival de Sundance em 2017, por "Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo", com Elijah Wood.

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